Arquidiocese de Braga -

8 setembro 2022

Sínodo: na Polónia, a síntese expressa uma reprovação dos leigos em relação à hierarquia

Fotografia JAKUB KACZMARCZYK/EPA

DACS com La Croix

A Conferência Episcopal Polonesa publicou, quinta-feira, 25 de Agosto, a síntese nacional das contribuições recolhidas no âmbito do “Sínodo sobre a Sinodalidade”, que se refere ao futuro da Igreja. Os leigos poloneses expressaram fortes críticas à hierarq

\n

Depois da Alemanha, Suíça ou Irlanda, a Conferência Episcopal Polonesa, por sua vez, partilhou, quinta-feira, 25 de Agosto, uma síntese nacional das contribuições recolhidas no âmbito do “Sínodo sobre a Sinodalidade”, lançado pelo Papa Francisco no Outono de 2021 para reflectir sobre o futuro da Igreja.

O documento de trinta páginas resume os testemunhos de cerca de 50.000 católicos, recolhidos pelas dioceses, ou electronicamente.

Sem se tratar de “questionar o papel desempenhado pelo Papa, pelos bispos e pelo clero dentro da Igreja”, a hierarquia eclesial parece estar no centro das críticas, neste país de forte tradição católica.

Os bispos são às vezes descritos como “funcionários com pouco interesse em assuntos paroquiais”. Os leigos poloneses que participaram nas consultas esperam “uma voz concreta dos bispos” e “uma posição episcopal coerente”.

 

A “escassez espiritual” dos sacerdotes

O relatório também vilipendia o “papel dominante” dos padres: “Agora aceita-se que a paróquia pertence ao padre e que ele decide tudo”. Os fiéis censuram os sacerdotes por “falta de fé e piedade genuína, materialismo, violação dos princípios morais, falta de sensibilidade às necessidades das pessoas”.

Uma “escassez espiritual” que acabaria por levar a uma “escassez física” de sacerdotes. Depois surge um “desejo de sacerdotes carismáticos” entre os leigos, para responder a este contexto e continuar a atrair os fiéis.

“As consultas sinodais revelaram um clericalismo arraigado e generalizado”, explica o documento. O clero usará uma linguagem “hermética, egocêntrica e desvinculada da realidade”. Um fiel usa o exemplo das cartas pastorais, cheias de “demasiada instrução e teoria e pouca partilha da fé”.

O relatório também menciona dificuldades no diálogo entre sacerdotes e leigos, cujos erros serão partilhados.

 

Nenhuma questão sobre as mulheres

“Falamos muito sobre as feridas da Igreja”, continua a Conferência Episcopal. Mas, ao contrário de outros países, o contexto de abuso sexual não favorece particularmente a expressão de exigências como o fim do celibato obrigatório para os padres ou a ordenação de mulheres. Não há menção ao lugar das mulheres na Igreja. Acima de tudo, o relatório indica no preâmbulo que os leigos poloneses expressam “desconfiança” em relação ao “caminho alemão” e à sua “proposta de mudanças doutrinais”.

Os jovens católicos entrevistados fazem uma declaração clara: “A Igreja é triste”. Como os mais velhos, denunciam a falta de “autenticidade por parte dos sacerdotes”. “Porque deveria eu confiar em alguém que também peca?”, pergunta um deles.

Artigo de Félicien Rondel, publicado no La Croix a 30 de Agosto de 2022.