Arquidiocese de Braga -

O Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) anunciou planos de “novas respostas” para anunciar o Evangelho de forma criativa em ambientes difíceis e esquecidos do continente e procurar uma maior participação dos leigos e da sua influência na tomada de decisões.

“Precisamos de uma espiritualidade de olhos abertos que convide a uma contemplação de Deus que não seja estéril ou distante, mas uma sensibilidade aberta às dores e alegrias dos nossos povos”, disseram os participantes em comunicado no final da assembleia extraordinária realizada de 11 a 14 de Julho em Bogotá.

Presidentes e secretários das 22 conferências episcopais do continente participaram na assembleia do CELAM e reafirmaram o seu compromisso de servir a toda a Igreja latino-americana e caribenha.

“Visto que vivemos em tempos novos que exigem novas respostas… é um momento propício para fortalecer o nosso encontro pessoal com Jesus Cristo na realidade do continente e no coração da Igreja”, afirmam, segundo a Fides.

“Queremos ser uma Igreja que anuncie com ousadia e criatividade o Evangelho da Vida, especialmente nos ambientes mais difíceis e esquecidos do continente”, disseram os participantes. “É hora de crescer na vida fraterna e acabar com o clericalismo e todo o tipo de abuso”.

Falaram ainda do seu desejo de ouvir as vozes que os os deixam desconfortáveis e de criar espaços e estruturas que estimulem a participação, especialmente de mulheres e jovens.

“Queremos estimular a consulta e o discernimento da comunidade, abrindo-nos cada vez mais à participação dos leigos e da sua influência na tomada de decisões”, disseram os participantes.

“Repensando o nosso modo de vida”

“Que o sangue de São Oscar Romero e dos mártires latino-americanos alimentem a coragem e o compromisso pela justiça na construção de um continente fraterno que reafirme a opção preferencial pelos pobres, por denunciar tudo o que fere sua dignidade e por ser uma Igreja pobre para os pobres, repensando o nosso modo de vida, a nossa linguagem e as nossas estruturas eclesiais”, disseram.

Os participantes afirmaram querer construir “uma Igreja capaz de dialogar com todos, sem perder a identidade cristã e católica, construindo pontes para construir uma autêntica «fraternidade» entre os seres humanos”.

“Incentivamos uma cultura do encontro para que, em tempos de guerra, a nossa região seja um espaço de paz”, afirmaram.

A assembleia começou com a inauguração das novas instalações da sede do CELAM em Bogotá, à qual o Papa Francisco enviou uma mensagem.

“Enquanto os convido a agradecer a Deus pela feliz conclusão deste trabalho material, que pode ajudar na realização de projectos de evangelização e de formação pastoral no apoio às Conferências Episcopais, é oportuno recordar que «Se o Senhor não edificar a casa, os construtores trabalham em vão»”, disse o Papa.

Francisco disse como comunidade de discípulos, sentem “a necessidade perene de pedir ao Senhor ressuscitado que promova e fortaleça” a sua missão eclesial com o “poder do seu Espírito Santo” para estarem prontos para “discernir os sinais dos tempos” e convidou os participantes da assembleia a não esquecerem que “as estruturas materiais só têm sentido quando se destinam a servir sobretudo aos irmãos e irmãs que vivem nas periferias mais extremas da vida”.

O CELAM foi fundado em 1955 pelo Papa Pio XII e é reconhecido pelo seu entusiástico apoio às reformas do Concílio Vaticano II (1962-1965), especialmente a Doutrina Social da Igreja.

A organização realizou duas grandes conferências em 1968 e 1970 para procurar formas de implementar os ensinamentos do Vaticano II na América Latina.

Diz-se que a teologia da libertação, que sublinhava a justiça social e os direitos humanos, tomou forma a partir das ideias oficialmente reconhecidas do CELAM.

Desde a sua criação, promoveu a ajuda fraterna entre os bispos, criando um espaço de comunhão e prestando apoio pastoral às conferências episcopais.

Artigo do La Croix International, publicado a 15 de Julho de 2022.