Arquidiocese de Braga -

25 maio 2022

Cristina Inogés: “A liderança sinodal é colocar a pessoa no centro”

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

A teóloga e Maria Luisa Berzosa forneceram chaves para a gestão das congregações durante o segundo dia da Assembleia Geral da Conferência Espanhola de Religiosos (CONFER).

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O segundo dia da Assembleia Geral da CONFER dirigiu-se, pelas mãos de Cristina Inogés e Maria Luisa Berzosa, à liderança sinodal. Em formato participativo, destacaram a importância da pessoa, “acima da instituição” e a figura dos votos como “uma janela aberta para a liberdade”.

Foi Inogés que começou, recorrendo a São João e aos três mosqueteiros para explicar o conceito de liderança sinodal.

Assim, este tipo de mandato “começa no Evangelho de São João, onde os apóstolos desaparecem, mas somos todos discípulos”. Acabou a recorrer aos heróis de Dumas para concretizá-lo: “Todos por um e um por todos. Este lema reflecte a ideia de liderança sinodal. Atos, Aramis e Portos são três pessoas totalmente diferentes que, no entanto, actuam em conjunto, como uma só. E eles fazem isto porque têm uma missão”.

“Se eles são capazes de agir assim, nós, que temos uma missão muito mais importante, temos que ser capazes de fazê-lo. Podemos criar uma liderança sinodal”, insistiu a teóloga.

Nesse sentido, explicou que “é preciso colocar a pessoa no centro. A instituição não pode estar acima da pessoa. Por exemplo, durante as visitas, há que perguntar «como estás» não para que respondam «bem» ou «a minha perna dói», mas sim perguntar se estão felizes, se as funções que desempenha são as que podem comportar, se se sentem acolhidas, ou sozinhas...”.

 

“Todos por um e um por todos”

Algo fundamental para que este tipo de liderança funcione “é a comunicação”. Nesse sentido, Inogés destacou a importância de “estabelecer canais de comunicação válidos, de acordo com as realidades e necessidades de cada congregação. Então, é essencial ter uma pessoa formada responsável à frente da comunicação de cada congregação”.

Neste aspecto, Berzosa alerta: “é preciso ter cuidado com a forma como as coisas são ditas. E muito cuidado com o secretismo. Acima de tudo, porque no fim sabe-se tudo e cria-se um clima mau, que quebra o sentimento de pertença ao grupo. Somos uma família, e devemos saber tudo, o bom e o mau. Devemos escolher bem os canais”.

 

Poder vs Autoridade

Questionada pelos presentes, Inogés explicou que a diferença entre “poder e autoridade é que o poder vence, mas a autoridade convence”. Nesse sentido, referiu-se ao exemplo da Virgem. “Muitas vezes vendem-nos uma imagem de Maria como aquela que obedece, e essa obediência confunde-se com submissão. Ela dialoga com o enviado do Senhor, que é como fazê-lo com o Senhor. E é preciso ver o contexto da época... Por outro lado, pouco se fala do sim de José, e ele é visto de outra perspectiva”. Em qualquer caso, “obediência sim, submissão não”.

Berzosa também fez referência às votações. Explicou que, para ela, longe de ser uma prisão, “são uma janela aberta para a liberdade”.

Artigo de Israel Duro, publicado em Vida Nueva Digital a 25 de Maio de 2022.