Arquidiocese de Braga -

27 abril 2021

Inglaterra e País de Gales: Bispos católicos usam destilaria de gin para uma energia mais verde

Fotografia John Fryer / Alamy

DACS com The Tablet

Igrejas, salões de igrejas e presbitérios estão agora a usar energia verde no âmbito de um projecto interdiocesano, com mais de três quartos de gás derivados de uma destilaria de gin escocesa.

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A Igreja Católica é agora a maior compradora de energia verde na Inglaterra e no País de Gales, revelaram os bispos. Igrejas, salões de igrejas e presbitérios estão agora a usar energia verde no âmbito de um projecto interdiocesano, com mais de três quartos de gás derivados de uma destilaria de gin escocesa.

E no que diz respeito a vitórias, para os bispos é uma dupla. Notícias sobre o sucesso da iniciativa de energia verde surgiram enquanto os bispos falavam do seu crescente compromisso de ajuda ao combate das mudanças climáticas. Estão a preparar uma declaração conjunta com os bispos escoceses sobre a situação do planeta a ser publicada no Domingo de Pentecostes (23 de Maio), com o encontro do G7 a acontecer apenas duas semanas depois e a COP26 marcada para Novembro, em Glasgow.

Em conferência de imprensa, após a reunião plenária dos bispos nesta semana, também revelaram que estão em conversações para discutir as políticas de investimento no futuro. Conferencistas da BP e de outras empresas falaram aos bispos sobre combustíveis fósseis e formas mais verdes de energia.

“Há uma compreensão muito mais clara dos níveis de envolvimento que a igreja pode ter. Precisamos de ser uma voz para os políticos sobre as nossas políticas. Precisamos de ser uma voz para a indústria sobre um fornecimento de energia mais verde”, afirmou D. John Arnold, bispo de Salford e responsável pelo departamento para o meio ambiente.

O Bispo de Salford disse que a Igreja tem conversado com as empresas sobre os planos que poderão ter para tornar os seus empreendimentos mais verdes.

“Tornar a energia mais verde é prioridade e, quanto mais rápido isto puder ser feito, melhor. Temos que ser sábios na maneira como escolhemos investir o nosso dinheiro. Temos que responsabilizar essas empresas, é uma conversa contínua. Ao envolvermo-nos com elas, temos uma melhor oportunidade de garantir que têm alguma coisa para apresentar”, sublinhou.

D. Arnold explicou que a Igreja deveria orgulhar-se do trabalho que tem vindo a realizar para se tornar a maior compradora de energia verde naquele país, algo que deveria manter.

A Igreja está a adquirir a sua energia através de uma organização chamada “Interdiocesan Fuel Management” (IFM), uma organização com 20 anos administrada pela Diocese de Shrewsbury, com 78% do seu gás originado pela destilaria de gin “Hendricks”, na Escócia, enquanto os outros 22% derivam de projectos de compensação de carbono.

A IFM também ajuda a financiar projectos de produção de água em países em desenvolvimento, enquanto toda a electricidade da Igreja deriva de energia verde. O cónego Christopher Thomas, secretário-geral da Conferência dos Bispos da Inglaterra e País de Gales, disse que também está em curso o trabalho com as escolas para adaptá-las à energia verde.

Malcolm McMahon, Arcebispo de Liverpool, disse que o foco não residia tanto nas empresas verdes já existentes, mas antes naquelas que poderão estar a fazer um esforço para serem mais ecológicas.

“Temos que ver em que direcção estão as agências de viagens e se é possível apoiá-las. Todas as dioceses têm comités de investimento e estão muito atentas aos padrões éticos. Mas é incrivelmente complexo, não é tão simples como quando eu era jovem, quando protestámos contra um banco na África do Sul ou minas de ouro e diamantes”, explicou.

A declaração dos bispos sobre o meio ambiente no Domingo de Pentecostes será publicada não apenas para informar a Igreja e influenciar aqueles que formulam políticas, mas também para comemorar o sexto aniversário da publicação da encíclica ambiental do Papa Francisco, Laudato Si'. Os bispos também responderam à Laudato Si’ com a declaração “Guardiões da Criação de Deus”, publicada em 2019, na qual se comprometeram a enfrentar a crise ecológica e ajudar a combatê-la.

A Diocese de Salford tem trabalhado desde então num projecto para perceber como é que se pode tornar neutra em carbono e está também a trabalhar para ajudar outras dioceses a fazer medições precisas da pegada de carbono.

 

Artigo de Catherine Pepinster, publicado no The Tablet, a 23 de Abril de 20021.