Arquidiocese de Braga -

29 março 2021

Jovem católico é padrinho da família: a história de várias conversões

Fotografia Cindy Schultz

Emily Benson / Crux

Marco Pantoja converteu-se ao catolicismo e a sua decisão inspirou os pais e as três irmãs. Serão baptizados na Vigília Pascal... e Marco é o padrinho.

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Marco Pantoja tem um quarto muito parecido com o de qualquer outro jovem de 18 anos: uma bandeira azul do seu clube preferido, vários prémios acumulados ao longo dos anos por jogar futebol e uma pequena placa verde da Siena College em Loudonville, Nova Iorque, onde irá ingressar no Outono.

O que é único é o seu quadro com lembretes, alinhado lado a lado com cartas de uma viagem missionária à cidade de Nova Iorque com os seus colegas de turma no Instituto La Salle em Troy. No topo do quadro está uma cruz dourada e castanha, um sinal da sua fé católica recém-descoberta.

Marco Pantoja tornou-se católico em 2019, uma mudança que afectou não apenas a sua vida, mas também a da sua família.

Inspirados pela paixão pela sua fé, os pais de Pantoja, Blair e Marco, e as suas três irmãs mais novas, Sofia, 16, Elena, 13, e Paulina, 12, também se vão juntar à Igreja Católica.

Parece uma história incrível, certo? Mas ainda fica melhor: no baptismo da sua família nesta Páscoa, Pantoja será o padrinho de todos.

“Eu simplesmente não sabia que tinha a capacidade de ajudar as pessoas, mas pude ver o impacto que tive em todos ao meu redor”, explicou Marco.

Pantoja já começou o seu novo papel como padrinho no Rito da Eleição deste ano, a 21 de Fevereiro, na Catedral da Imaculada Conceição, em Albany. Serviu como padrinho da sua família enquanto registavam os nomes no Livro dos Eleitos, a última etapa antes do baptismo a 3 de Abril, na Vigília Pascal.

Inicialmente, Pantoja não tinha a certeza se poderia ser o padrinho da sua família, não sabia se tinha permissão.

Joyce Solimini, directora associada do Gabinete do Ministério Leigo e Formação de Fé Paroquial da Diocese de Albany, disse que “provavelmente é raro” um jovem como Pantoja desempenhar este papel, “mas atende aos critérios”.

“O critério para o padrinho baptismal é ter pelo menos 16 anos e ser totalmente iniciado na igreja, o que Marco é. É incomum que o filho também seja o padrinho, mas ele cumpre todos os critérios. Outra coisa que é incomum é que alguém recém-baptizado assuma o cargo, mas, neste caso, por ter uma fé e influência tão fortes sobre a conversão da sua família, parecia-lhes muito adequada esta escolha”, acrescentou Solimini.

Enquanto crescia, Pantoja e as suas irmãs nunca foram fortemente influenciados por uma determinada fé. A mãe e o pai nunca tiveram um bom relacionamento com a religião e nenhum dos dois queria passar essa mesma experiência para os próprios filhos.

“Eu cresci numa família protestante muito rígida e o meu marido era Testemunha de Jeová. Deixamos os nossos filhos perceberem o que queriam porque estávamos um pouco traumatizados”, afirmou a mãe.

Ainda assim, houve pequenas sementes plantadas: a avó de Blair foi criada como católica e, embora mais tarde tivesse deixado a fé, continuou a oferecer orientação aos netos. Além disso, tanto Marco como as suas irmãs frequentaram a Escola Bíblica de Férias, um acampamento de Verão organizado por uma paróquia próxima, St. John the Baptist em Valatie, Nova Iorque.

As coisas mudaram realmente quando Marco se matriculou no La Salle, no seu primeiro ano. “Eu sempre tive curiosidade sobre (Deus), mas foi só quando fui para La Salle... que comecei a pensar realmente sobre isso”, admitiu.

O seu professor de Escrituras, Ted Deeb, foi um grande incentivador à sua fé e colocou o adolescente em contacto com Ruth Ellen Berninger, directora da formação de fé em St. John the Baptist, quando o seu aluno disse que queria começar a participar na eucaristia.

Ao longo do seu primeiro e segundo ano, Pantoja ia à missa todos os fins-de-semana com a sua mãe.

“Ele era muito jovem para simplesmente deixá-lo lá”, explicou a mãe que, depois de ter começado a acompanhá-lo, se sentiu irresistivelmente atraída para a eucaristia.

“Ele estava tão entusiasmado com aquilo, não havia como não me querer juntar. Eles foram tão receptivos, nunca me senti julgada ou desconfortável... Quando entrei, senti a presença de Deus imediatamente”, acrescenta.

Durante a Páscoa de 2019, Pantoja, agora no final do segundo ano, foi baptizado.

Depois do seu baptismo, toda a família Pantoja começou a frequentar a Igreja em conjunto. Também foi uma pausa na agenda lotada de todos. Entre o trabalho, a escola e os desportos, o tempo para a família esgotou-se.

“Essa foi a primeira vez em bastante tempo que estivemos consistentemente juntos no mesmo horário todas as semanas”, disse Pantoja. “Foi muito bom. Tomávamos o pequeno-almoço  depois e passávamos a primeira metade do dia juntos.”

No início de 2020, Blair procurou Berninger mais uma vez, só que desta vez para falar sobre a sua conversão, bem como a das filhas. 

“Afirmo que foi obra do Espírito Santo. Trabalhei com as meninas e Blair até à Covid-19 chegar e parámos um pouco”, disse Berninger. Por fim, no Verão, Blair e as meninas começaram a encontrar-se com Berninger novamente.

Não foi até ao final do ano que o pai de Pantoja aceitaria a fé, precisamente quando mais estava a precisar. Lutava com demónios pessoais há anos, o que ameaçava acabar com o seu casamento.

“Falei com Deus e senti esse calor. Disse-Lhe que, se me desse forças, faria o que fosse preciso”, explicou.

Juntamente com a sua fé, o pai de Marco começou a fazer terapia, mas voltar-se para Deus ajudou-o tremendamente.

“Agora acordo de manhã e sou grato por estar vivo. Sou grato pelas mais pequenas coisas”, afirmou.

Agora, aos Domingos, quando não há jogos e o trabalho está um pouco mais calmo, todos tentam arranjar um pouco de tempo para participarem na eucaristia juntos, como família.

“Estou muito orgulhoso da minha família. Se me dissessem há um ano que isto iria acontecer, eu não teria acreditado”, confessou o jovem.

 

Artigo original de Emily Benson, publicado em Crux, a 28 de Março de 2021.