Arquidiocese de Braga -
28 julho 2016
Dia em cheio para o Papa e jovens na JMJ: misericórdia, simplicidade e alegria
DACS | Fotografias: PAP SA 2016
O Papa Francisco começou a manhã de quinta-feira com uma visita inesperada ao Cardeal Franciszek Macharski, gravemente doente e hospitalizado desde Junho. Franciszek foi Arcebispo de Cracóvia entre 1979 e 2005 e amigo chegado de São João Paulo II. Com a Misericórdia como pano de fundo, Bergoglio rezou a seu lado, constituindo mais um vivo exemplo para os jovens no tratamento aos doentes e idosos.
Antes de se dirigir ao Santuário de Jasna Gora, em Czestochowa o Papa ainda visitou as religiosas da Congregação das Irmãs da Apresentação da Bem-Aventurada Virgem Maria.
Em Jasna Gora, Francisco celebrou eucaristia pelos 1050 anos de Baptismo da Polónia perante as autoridades políticas e civis, vários religiosos e milhares de fiéis. Depois de incensar o ícone mariano no altar, o Santo Padre acabou por sofrer uma aparatosa queda: prontamente auxiliado por outros clérigos, prosseguiu a celebração de imediato. Na homilia – simultaneamente traduzida em polaco – Francisco voltou a falar da importância da história e do modo como se deu a entrada de Deus nela: “nascido de uma mulher”, sem qualquer entrada triunfal ou “manifestação imponente do Todo-Poderoso”.
“Assim – ao contrário do que esperaríamos e talvez quiséssemos – o Reino de Deus, hoje como então, não vem de maneira ostensiva, mas na pequenez, na humildade. O Evangelho de hoje retoma este fio divino que atravessa delicadamente a história: da plenitude do tempo passamos ao terceiro dia do ministério de Jesus e ao anúncio da hora da salvação. O tempo restringe-se, e a manifestação de Deus acontece sempre na pequenez”, sublinhou o Pontífice, dando como exemplo o primeiro milagre levado a cabo por Jesus na Galileia, quando transformou em vinho a água de um matrimónio celebrado numa família como tantas outras.
“E contudo a água transformada em vinho na festa de núpcias é um grande sinal, porque revela o rosto esponsal de Deus, de um Deus que Se põe à mesa connosco, que sonha e realiza a comunhão connosco. Diz-nos que o Senhor não Se mantém à distância, mas é vizinho e concreto, está no nosso meio e cuida de nós, sem decidir em nosso lugar nem Se ocupar de questões de poder”, explicou.
Dirigindo as palavras a situações concretas, voltou a tecer elogios à Polónia e à figura materna de Maria, levando os presentes a rejubilar com uma grande salva de palmas. “Também a vossa história, permeada de Evangelho, Cruz e fidelidade à Igreja, regista o contágio positivo duma fé genuína, transmitida de família para família, de pai para filho e, sobretudo, pelas mães e as avós, a quem muito devemos agradecer. De modo particular, pudestes palpar a ternura concreta e providente da mãe de todos, que vim aqui venerar como peregrino e que saudamos, no Salmo, como a honra do nosso povo”, afirmou Francisco.
O Santo Padre terminou a homilia apelando à simplicidade, ao serviço a Deus e a uma sensibilidade à imagem da Virgem. “Pela sua intercessão, que se renove, também para nós, a plenitude do tempo. De pouco serve a passagem do antes ao depois de Cristo, se permanece uma data nos anais da história. Possa realizar-se, para todos e cada um, uma passagem interior, uma Páscoa do coração para o estilo divino encarnado por Maria: agir na pequenez e acompanhar de perto, com coração simples e aberto”, concluiu.
Papa Francisco: "A misericórdia tem sempre o rosto jovem"
Milhares de jovens aguardavam, esta tarde, a cerimónia de acolhimento pelo Papa Francisco, no Parque de Blonia, em Cracóvia. Clara Nogueira, uma voluntária portuguesa nas JMJ, não foi excepção. Na sala das redes sociais, situada num edifício no centro da cidade, esperava o momento em que o Santo Padre se dirigiria a ela e a tantos outros jovens. A poucos quilómetros de distância, a emoção era igualmente muita.
Chegado o momento, e depois de várias actuações musicais, Bergoglio, dirigindo-se aos jovens expectantes, fez questão de sublinhar: “A misericórdia tem sempre o rosto jovem”. O Santo Padre contou que ao longo dos seus anos de bispo aprendeu que “não há nada mais belo” do que contemplar a forma como os jovens abraçam a vida, com “paixão e energia”. “Quando Jesus toca o coração de um jovem”, prosseguiu, este é capaz de “acções verdadeiramente grandiosas”.
Francisco referiu-se ao coração dos jovens como “misericordioso” e capaz de “ir ao encontro dos outros” e de “abraçar todos”. Bergoglio convidou a plateia a pedir ao Senhor, junto com ele, para os lançar na “aventura da misericórdia”.
“Lançai-nos na aventura de construir pontes e derrubar muros (cercas e arame farpado), lançai-nos na aventura de socorrer o pobre, quem se sente sozinho e abandonado, quem já não encontra sentido para a sua vida”, clamou o Santo Padre.
O Sumo Pontífice confessou que o entristece “encontrar jovens que parecem «aposentados» antes do tempo”, que se “rendem”, que “caminham com a cara triste”, não dando valor à vida. Lembrando os jovens que seguem por “vias obscuras” na procura de “emoções fortes mas vazias”, o Santo Padre alertou para o facto de estas opções poderem “pagar-se caro”.
Mediante esta exposição, o Papa Francisco interroga os jovens se preferem enveredar por uma vida de risco ou sentir a “força da graça”. Para o Santo Padre, a chave de uma vida plenificada é evidente: “Não é uma coisa, não é um objecto, é uma pessoa e está viva, chama-se Jesus Cristo”. Jesus Cristo é, explicou, aquele que é capaz de “dar verdadeira paixão à vida”.
Dirigindo-se a todos os jovens que têm “inúmeras ocupações” e que por vezes se distraem na correria do dia-a-dia, Bergoglio lançou um apelo para que entre todas as tarefas que desempenharem tenham coragem de se confiar “a Ele”.
Francisco destacou que “quem acolhe Jesus, aprende a amar como Jesus”. E essa forma de amar, afirmou, implica compaixão pelo outro. “A felicidade germina e desabrocha na misericórdia”, rematou.
O Sumo Pontífice deixou ainda um agradecimento especial a São João Paulo II, aquele que “sonhou e deu impulso a estes encontros”.
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