Arquidiocese de Braga -

19 junho 2016

A alegria do amor – 9

Fotografia Halfpoint

Carlos Nuno Salgado Vaz

O erotismo saudável pode humanizar os impulsos.

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O papa Francisco não deixa de abordar com naturalidade o papel da sexualidade no matrimónio. «A sexualidade não é um recurso para compensar ou entreter, mas trata-se de uma linguagem intercorporal onde o outro é tomado a sério, com o seu valor sagrado e inviolável... é aquele amor em que o homem-pessoa se torna dom».

A dimensão erótica do amor não é um mal permitido ou um peso tolerável para o bem da família. É, sim, dom de Deus que embeleza o encontro dos esposos (números 151 e 152).

Com o passar dos anos, 4, 5 ou mais décadas, talvez o cônjuge já não esteja apaixonado com um desejo sexual intenso, que o atraia para outra pessoa, «mas sente o prazer de lhe pertencer e que esta pessoa lhe pertença, de saber que não está só, de ter um 'cúmplice' que conhece tudo da sua vida e da sua história e tudo partilha. É o companheiro no caminho da vida, com quem se pode enfrentar as dificuldades e gozar das coisas lindas. Também isto gera uma satisfação, que acompanha a decisão própria do amor conjugal. Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável, comprometer-nos a amar-nos até que a morte nos separe, e viver sempre uma rica intimidade» (163).

Os filhos

No capítulo V, é de realçar o que afirma acerca dos filhos: «Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do Criador. Pensemos quanto vale o embrião, desde que é concebido! É preciso contemplá-lo com este olhar amoroso do Pai, que vê para além de toda a aparência» (168).

Os filhos são uma dádiva. Cada um é único e irrepetível.

«Um filho é amado porque é filho; não porque é bonito ou porque é deste modo ou daquele, mas porque é filho» (170). Por isso: «Toda a criança tem direito a receber o amor de uma mãe e de um pai, ambos necessários para o seu amadurecimento íntegro e harmonioso».

Um filho não pode reduzir-se a uma posse caprichosa (172).

As mães

Francisco não descura as dificuldades de as mães conciliarem vida profissional e vida familiar. «Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo».

«A mãe que ampara o filho com a sua ternura e compaixão ajuda a despertar nele a confiança, a experimentar que o mundo é um lugar bom que o acolhe... a figura do pai ajuda a perceber os limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o mundo mais amplo e rico de desafios, pelo convite a esforçar-se e lutar».

Os pais

Os carinhos paternos são tão necessários como os maternos (175).

«Não é bom que as crianças fiquem sem pais e, assim, deixem de ser crianças antes do tempo» (177). Nos casos de adoção, «o interesse prevalecente da criança deveria sempre inspirar as decisões sobre a adoção e acolhimento» (180).

As famílias

Hoje, há uma necessidade imperiosa de uma vigorosa injeção de vida familiar (183).

As famílias, com as palavras, mas sobretudo com o testemunho, falam de Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de Deus e mostram a beleza do Evangelho e do estilo de vida que nos propõe: «assim, ambos os esposos cristãos pintam o cinzento do espaço público, colorindo-o de fraternidade, sensibilidade social, defesa das pessoas frágeis, fé luminosa, esperança ativa. A sua fecundidade alarga-se, traduzindo-se em mil e uma maneiras de tornar o amor de Deus presente na sociedade» (184).

Bem entendida, a celebração da eucaristia é um apelo constante a que cada membro da família abra as portas do seu coração a uma maior comunhão com os descartados da sociedade. O sacramento do amor eucarístico faz de nós um só corpo. Por isso, «as famílias que se alimentam da Eucaristia com a disposição adequada, reforçam o seu desejo de fraternidade, o seu sentido social e o seu compromisso para com os necessitados» (186).



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