Arquidiocese de Braga -
15 outubro 2024
Hollerich: há necessidade de uma Igreja enraizada em um lugar e em uma cultura
Vatican News - Roberto Paglialonga
O relator geral do Sínodo apresentou hoje o Módulo 4 do Instrumentum laboris dedicado à “perspectiva dos Lugares” nos quais “se encarnam as relações”.
“A Igreja não pode ser compreendida sem estar enraizada em um lugar e em uma cultura”, afirmou o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo, citando o parágrafo 80 do Instrumentum laboris na apresentação desta manhã, 15 de outubro, da seção dedicada aos “Lugares” inserida no Módulo 4 do texto. “A perspectiva dos Lugares - sublinhou o cardeal - fala da concretude dos contextos em que as relações se encarnam, com a sua variedade, pluralidade e interconexão, e com o seu enraizamento no fundamento subjacente da profissão de fé”: uma perspectiva , portanto, contra qualquer “universalismo abstrato”.
O valor da concretude
O particularismo e o relativismo são, portanto, superados pelo valor da “concretude na qual, no espaço e no tempo, ganha forma uma experiência compartilhada de adesão à manifestação de Deus que salva”, disse o cardeal. A impressão de que o módulo em questão possa parecer excessivamente técnico - garantiu -, será dissipada pelos Fóruns teológico-pastorais programados para quarta-feira à tarde.
A bem da verdade, é a convicção expressa pelo cardeal, isso irá cruzar e irá interpelar “a experiência vivida por nós que estamos aqui” ainda mais do que os módulos precedentes. Na Sala Paulo VI, recordou, "já transcorremos quase dois meses das nossas vidas", fazendo "crescer as relações entre nós, em uma rede que abraça toda a Igreja e o mundo inteiro": mas "o encontro entre irmãos e irmãs na fé não está isento de sofrimentos e dificuldades", mas por fim, "conduz ao encontro com o Senhor e deixa fluir a alegria do Evangelho".
A renovação das nossas Igrejas
A oportunidade que a riqueza da experiência vivida no Sínodo se torne acessível a todo o povo de Deus, disse ainda Hollerich às mães e padres sinodais, passa “pela renovação das nossas Igrejas”, também no repensar dos caminhos e formas organizacionais e institucionais.
O relator geral introduziu então os 4 parágrafos que constituirão a seção “Lugares”. O primeiro, intitulado “Territórios onde caminhar juntos”, é um convite “a discutir como, no nosso tempo, as pessoas vivenciam a dimensão de estar enraizadas em um contexto”. Uma exigência, esta, ainda mais atual no mundo contemporâneo, no qual dominam liquidez e velocidade nas – e das – relações.
No entanto, a necessidade de pertença existe, mas isso “encontra resposta em teias de relações com uma ancoragem territorial mais dinâmica e elástica do que no passado, até ao caso extremo do ambiente digital”. É necessário portanto perguntar-nos, foi o apelo do cardeal Hollerich, se e como tudo isto modifica “a nossa missão de anúncio do Evangelho”, e de que forma “as nossas instituições devem ser repensadas na lógica do serviço da missão”, dados os diferentes contextos em relação ao passado.
A comunhão na unidade da Igreja
Falar de “contextos locais significa também levat em consideração as relações que se estabelecem entre os lugares e as culturas”: estas, de fato, “estão sempre em relação uns com os outros”, e “o são mais ainda as Igrejas que os habitam, em razão do vínculo de comunhão que os une na unidade de toda a Igreja, da qual o Bispo de Roma é o princípio visível”. A comunhão na unidade das diversas Igrejas com a Igreja universal “preside também a vida interna de cada Igreja local”, disse por fim, destacando como o segundo e o terceiro parágrafos tratam, respectivamente, das “Igrejas locais na una e única Igreja católica” e dos "vínculos que dão forma à unidade da Igreja".
O serviço do Bispo de Roma
Sobre o “serviço à unidade do Bispo de Roma”, que diz respeito ao último parágrafo, é importante expressar-se “em um espírito de parresia”, sublinhou o cardeal ao concluir, porque o Papa “nos convocou para escutar os nossos conselhos também sobre como tornar mais eficaz hoje o seu serviço e o da Cúria Romana”. Ele, “portanto, tem o direito de conhecer aquilo que realmente pensamos a partir da vida e das necessidades do Povo de Deus”.
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