Arquidiocese de Braga -

Em momento de retiro, é pedido que façamos silêncio, um silêncio que vá contra a ditadura do ruído. Nunca é cedo de mais silenciar a alma e refletir um pouco sobre a vida e a missão, sobre a necessidade de escutar a música profunda de Deus, pois é no silêncio que Deus nos fala.

Neste sentido foi lançado o desafio de meditar sobre a misericórdia de Deus, de como somos chamados a ser misericórdia de Deus entre os homens, de que forma e como podemos ser misericordiosos como Deus é connosco. Em cada vocação que cada um de nós vive, seja consagrada, sacerdotal, matrimonial, laical, refletimos sobre em que medida nos doamos, gratuitamente e em solidariedade ao nosso próximo, ou se deveria ser sem medida, uma entrega total aos outros. Ressoa assim uma das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia", assim como assalta a alma aquelas pequenas frases que desde criança foram ficando gravadas no coração, a que chamamos Obras de Misericórdia.

Com estas duas linhas de acção fica o desafio de cada um de nós, neste tempo de advento em que nos é pedido que vigiemos e preparemos o nosso coração para deixar entrar e deixar nascer de novo Jesus, este que é o maior ícone da misericórdia de Deus, pois foi ele que nos veio convidar a ser bons samaritanos, chamando-nos a ser embaixadores/difusores/representantes da sua misericórdia nas nossas comunidades, no nosso dia a dia. Sejamos como Maria, que disse sim a Deus de coração e alma e parte ao encontro de sua prima Isabel, vamos agora de alma renovada ao encontro dos que mais precisam, tendo a capacidade de ver nos rostos de cada um Jesus Cristo e a perpetuar os seus gestos de bondade.

Artigo publicado no Jornal O Conquistador de 22 de dezembro de 2023.