Arquidiocese de Braga -
5 setembro 2022
Sínodo: segunda etapa em curso. “Ninguém deve sentir-se excluído”
DACS com Avvenire
Se na Igreja “há quem caminhe à direita e quem caminhe à esquerda, quem esteja à frente, quem esteja atrás, todos devem caminhar olhando para Cristo”
Uma Igreja “viva, necessitada de autenticidade, de cura e que anseia cada vez mais ser uma comunidade que celebra e anuncia a alegria do Evangelho, aprendendo a caminhar e a discernir juntos”. Segundo o Cardeal Mario Grech, este é o quadro que emerge da leitura das sínteses enviadas pelas Conferências Episcopais, por religiosos e religiosas e por grupos leigos de todo o mundo tendo em conta a segunda etapa do processo sinodal: a fase continental do Sínodo sobre a Sinodalidade (…).
O secretário-geral do Sínodo interveio na conferência de imprensa que fez um balanço da situação da consulta ao povo de Deus na primeira fase do processo sinodal (as sínteses referiam-se precisamente a essa escuta) e forneceu algumas informações sobre as modalidades de implementação do documento para a fase continental. “Para entender o processo sinodal – disse o cardeal – é preciso pensar numa circularidade fecunda de profecia e discernimento”.
“A certeza sobre o que o Espírito diz à Igreja – acrescentou – só acontece com o sentir juntos, ou melhor, o consentir, a convergência na fé do povo de Deus, que se realiza na escuta uns dos outros”. E, a esse propósito, respondendo a uma pergunta sobre a escuta de quem é favorável ao rito pré-conciliar, disse: “Ninguém deve sentir-se excluído”, mas “o bispo também deve ser ouvido, porque às vezes corre-se o risco de existir um monólogo”.
Assim, olha-se para a frente. “Com os resultados da consulta ao Povo de Deus e do discernimento das Conferências Episcopais – explicou Grech –, a Secretaria do Sínodo poderá elaborar um documento de síntese que poderia tornar-se no instrumentum laboris para a fase de assembleia que se irá celebrar em Roma”. Ao invés, a inclusão de um nível continental teve o propósito de garantir ainda mais o respeito da consulta. “Neste novo momento de discernimento, as assembleias continentais são chamadas a reler o documento produzido pela Secretaria sinodal, indicando se expressa efectivamente o horizonte sinodal que emergiu nas Igrejas particulares daquele continente”.
Mas, atenção. “O Sínodo não é um parlamento onde se decide pela maioria”. E se na Igreja “há quem caminhe à direita e quem caminhe à esquerda, quem esteja à frente, quem esteja atrás, todos devem caminhar olhando para Cristo”. Assim se expressou o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo e relator geral da próxima assembleia geral ordinária do Sínodo. Segundo o cardeal, o objectivo certamente não é produzir choque em relação a certas propostas vindas da base. Quanto às pessoas homossexuais, por exemplo, Hollerich também afirmou: “Na Igreja, todos são bem-vindos. É importante escutar a todos e, portanto, também escutar o sofrimento das pessoas, penso nos pais e nas pessoas envolvidas”. É necessário, portanto, “mudar não a doutrina, mas a atitude”.
De modo mais geral, pretende-se, portanto, “recolher e exprimir os frutos do processo sinodal de modo a que sejam compreensíveis mesmo para aqueles que não participaram nele, indicando como foi entendido o chamamento do Espírito Santo à Igreja no contexto local”.
O cardeal jesuíta também quis oferecer um testemunho pessoal. “A leitura dos resumos recebidos – observou – produziu em mim, como discípulo de Cristo e como bispo, uma grande consolação espiritual que se abre a uma grande esperança. Esta esperança, agora, deve transformar-se em dinamismo missionário”.
As sínteses recebidas pela Secretaria Geral do Sínodo podem ser divididas em cinco categorias: as das Conferências Episcopais, das Igrejas Orientais Católicas, da USG e UISG, e dos Dicastérios do Vaticano. Além disso, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida foi encarregado de recolher e trabalhar as sínteses das associações e movimentos eclesiais. Enquanto isso, o Dicastério para a Comunicação realizou uma actividade de escuta nas redes sociais realizada por alguns influenciadores. Neste caso, chegaram cerca de 110 mil respostas, numa estimativa de cerca de 20 milhões de pessoas envolvidas. “Estou convencido – concluiu Hollerich – de que estamos diante de um diálogo eclesial sem precedentes na história da Igreja, pela quantidade de respostas e pela qualidade da participação”.
Artigo de Mimmo Muolo, publicado em Avvenire a 27 de Agosto de 2022.
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