Arquidiocese de Braga -
1 setembro 2022
Relatórios sinodais de todo o mundo levantam questões como o clericalismo e as mulheres
DACS com National Catholic Reporter
Os dois maiores problemas que aparecem uma, e outra, e mais uma vez nas Sínteses Sinodais: o clericalismo e o lugar das mulheres na Igreja.
Os meios de comunicação publicam frequentemente relatórios de novas investigações, mostrando como os Católicos estão insatisfeitos com as suas homilias. Os índices de aprovação são sempre significativamente mais baixos do que os dos Protestantes.
Os principais culpados por esta situação são os pregadores católicos, e com razão. Os suspeitos do costume são apontados como as causas do seu mau desempenho: formação inadequada no seminário, tempo de preparação insuficiente, pregadores fora de contacto com o “mundo real” e incapazes de abordar as perspectivas das mulheres. Estes são problemas reais que precisam de ser resolvidos.
Mas, à medida que estas questões são discutidas na sequência de cada nova investigação, por favor permitam-me uma perspectiva distinta: parte da culpa pela má pregação nas igrejas Católicas pertence às pessoas nos bancos. Porquê? Porque como qualquer outra forma de comunicação, a pregação é uma via de dois sentidos. A forma como uma congregação responde à pregação afecta como essa homilia é recebida; as atitudes ou abertura de uma congregação também afetam o quão pronta ela pode estar para ouvir e receber qualquer coisa boa na mensagem oferecida.
Com isso em mente, aqui estão medidas concretas que pode empregar para ajudar a melhorar a experiência da sua homilia local, não importa quem esteja a pregar.
1. Olhe para o pregador. Mesmo em grandes igrejas, a pessoa que prega examina os rostos da congregação. Encontro encorajamento imediato nas faces viradas para mim.
Manter os olhos no pregador também o ajuda a ler melhor a sala, por assim dizer. Alguns grupos são mais responsivos do que outros. Às vezes, as diferenças podem ser sentidas mesmo entre as multidões nos vários horários da eucaristia na mesma paróquia. As expectativas dos pregadores sobre como serão recebidos variam mesmo que não estejam explicitamente cientes delas, e muitas vezes ajustam-se de acordo. Por exemplo, se uma multidão numa determinada Missa tende a não estar inclinada a rir, isso pode contribuir para que o seu pregador raramente tente inserir um pouco de humor nas homilias.
2. Não leia durante a homilia. É difícil não ver isso como uma forma de gritar silenciosamente ao pregador: “Não quero nada disto!” Por que outra razão haveria o boletim ou o hinário de se tornarem tão interessantes de repente? Talvez realmente queira dizer: “Não quero nada disto”. Nesse caso, é melhor marcar um encontro e explicar a sua perspectiva directamente ao padre ou diácono. Na medida do possível, alterei a forma de pregar em resposta a comentários negativos. E a regra de ouro na vida de qualquer paróquia é que os comentários negativos devem ser dirigidos à pessoa que lhes pode responder.
Nem precisaria de ser ser notado, mas pegar no telemóvel enquanto a outra pessoa está a falar é sempre rude. Dentro e fora da igreja. Ponto final, parágrafo.
3. Sente-se quieto durante a homilia. Há muitas razões perfeitamente compreensíveis pelas quais pode precisar de se movimentar durante a homilia. Mas tente imaginar como é falar com alguém que se levanta para sair quando começa. Novamente, talvez esta seja a mensagem que deseja enviar, mas faça isso de uma maneira gentil e mais pessoal.
Mesmo que seja óbvia a razão pela qual se está a movimentar – uma criança está no seu braço, ou caminha em direcção à casa de banho – perdoe o pregador se ele precisar de um momento para se ajustar à multidão de olhos que o vão seguir para fora e para dentro do espaço de culto. Já alguma vez tentou falar com olhos que oscilam?
4. Comente a homilia. Independentemente do que disser ser positivo ou negativo, ajuda o pregador a saber o que está a ser comunicado. Não precisa de fazer uma crítica completa. Basta dizer: “Bom ponto ao lembrar aqueles que estão sozinhos”. “Não tenho a certeza se colocaria as coisas como o fez”. “É bom falar sobre as viúvas”. “Será que algum dia poderia falar sobre imigração?”.
Tendo dado aulas universitárias e prego há décadas, e ainda me surpreendo quando aquilo que considero um ponto menor de uma homilia ou palestra se torna numa grande aprendizagem para outra pessoa: boa ou má. Mas ouvir o que outra pessoa pensa do que eu disse pode alterar profundamente as minhas apresentações futuras.
5. Leia as Escrituras antes da Missa. A Instrução Geral sobre o Missal Romano diz que a homilia “é necessária para o cultivo da vida cristã”. Instrui o pregador que a homilia deve ser uma explicação de algum aspecto das leituras da Sagrada Escritura ou de outro texto do Ordinário ou próprio da Missa do dia e deve levar em conta tanto o mistério que se celebra, como as necessidades particulares dos ouvintes.
Ao preparar as homilias, os pregadores Católicos são ensinados a começar com as Escrituras do dia, ou o significado da festa que está a ser celebrada. Se o leitor, enquanto ouve dos bancos, não encontra nenhum desses elementos temáticos na homilia, deve dizê-lo.
Os homiletas não devem fazer exegese das leituras, e seria tolice tentar abordar cada aspecto significativo delas numa homilia. Mas se leu as leituras antes da missa, ou lhes prestou atenção enquanto são proclamadas, é mais provável que reconheça e siga o seu homileta até onde ele está a tentar ir. Tente isto: procure uma frase da homilia que seja significativa para si. Então deixe o resto ir e escolha meditar na parte que funcionou para si.
6. Todos os homiletas têm gatilhosque desviam os seus pensamentos. Tente manter isso em mente. Lembro-me de um pastor que perdeu a concentração ao ver um homem usar um boné de baseball na igreja. A minha linha de pensamento pode descarrilar ao ver alguém a mastigar chiclete na missa. Num fim-de-semana, substituí um colega numa paróquia com tantas mandíbulas em movimento, que comecei a pensar que eu era São Francisco de Assis, a pregar para o gado ruminante. Para alguns, pode ser uma criança a chorar. (Embora a maioria dos pregadores esteja feliz por ter crianças a chorar nos seus bancos – diz que a igreja está viva.) Talvez sejam conversas paralelas entre membros da família nos bancos. Seja o que for, se o seu homileta mencionar um gatilho, lembre-se disso.
A homilia deve fazer parte de uma relação activa entre o pregador e a paróquia. Nenhum de nós, a falar ou a ouvir, deve parar de tentar melhorar a experiência. A revelação não é revelação a menos que seja recebida. Todos nós podemos ajudar os nossos pregadores a sentir que estão a falar com pessoas que estão a ouvir. E aqueles que ouvem podem conseguir obter um pouco mais da escuta.
Artigo do Pe. Terrance Klein, publicado em America a 8 de Agosto de 2022.
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