Arquidiocese de Braga -

28 julho 2022

“O Sínodo é um processo contínuo”

Fotografia DR

DACS com La Croix International

Adaptar a forma sinodal às realidades locais não é suficiente.

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“O sínodo é um processo contínuo”, destacou com razão a Irmã Léocadie-Aurélie Billy, superiora geral das Irmãs da Providência de Saint-Paul, na Diocese de Kara, no Togo.

Fez o comentário no fim de Junho à margem da publicação da síntese nacional das consultas sinodais neste país da África Ocidental.

Na sua própria síntese nacional do sínodo, a Igreja na Costa do Marfim coloca uma série de questões, incluindo algumas relativas à exclusão – etnocentrismo, tribalismo e racismo.

Não podemos deixar de nos alegrar com a excelente iniciativa do Papa Francisco de mobilizar todas as energias da Igreja para reflectir e construir juntos o futuro.

Mas parece relevante fazer perguntas relacionadas com a abordagem adoptada em determinadas áreas para estimular a escuta de todos.

Na maioria dos países africanos, a maioria das pessoas nas áreas rurais não foi ensinada a ler e escrever. Muitas vezes ainda estão na primeira etapa da evangelização – a de anunciar a Boa Nova.

Nesse contexto, não basta adaptar a forma sinodal às realidades locais. Isto também deve ser acompanhado de uma pedagogia da liberdade de expressão.

Isso requer passar da comunicação de cima para baixo (ou vertical) — o que muitas vezes acontece na formação catequética — para discussões livres, de vai-e-vem (ou horizontais), inerentes à cultura do debate desejada no âmbito das consultas sinodais.

Por outro lado, alguns leigos que participaram nas consultas sinodais estão cépticos sobre se as sínteses reflectem realmente as preocupações dos católicos no continente africano.

De qualquer forma, a abordagem sintética adoptada significa que há escolhas que devem ser feitas na preparação dos documentos finais.

Portanto, certas questões são necessariamente deixadas de lado para dar prioridade a outras.

Mas isso não deve pôr em causa o grande passo que as comunidades católicas deram em termos de viver (e caminhar) em conjunto com este “processo contínuo” que começou há apenas alguns meses.

Artigo de Lucie Sarr, publicado no La Croix International a 27 de Julho de 2022.