Arquidiocese de Braga -
29 junho 2022
Celebrando a festa de São Pedro e São Paulo na Turquia
DACS com La Croix International
Dia de festa em homenagem aos dois Apóstolos é uma oportunidade para cristãos de diferentes denominações caminharem juntos com fé renovada.
O centro das celebrações partilhadas nos dias 28 e 29 de Junho será mais uma vez a “Gruta de Pedro”, a antiga igreja de pedra agora chamada Igreja de São Pedro, esculpida na encosta do Monte Silpius e que reabriu em 2015 após muitos anos de restauração.
A festa em homenagem a São Pedro e São Paulo é celebrada todos os anos a 29 de Junho. O padre capuchinho Domenico Bertogli, pároco católico de Antakya, disse à Fides que a celebração é uma oportunidade para os cristãos de diferentes confissões caminharem juntos, com fé renovada, seguindo o exemplo dos dois Apóstolos.
As celebrações começaram no dia 28 de Junho com a Eucaristia agendada na igreja ortodoxa de Antakya. No dia 29 de Junho, no jardim da Gruta de São Pedro, começam as celebrações ecuménicas deste ano na presença de D. Marek Solczyński, Núncio Apostólico na Turquia, D. Paolo Bizzeti, Vigário Apostólico da Anatólia, e D. Kostantin, enviado de Yohanna X Patriarca Ortodoxo Grego de Antioquia.
As celebrações incluem leituras em turco e árabe de trechos dos Evangelhos e Actos dos Apóstolos, juntamente com breves reflexões de D. Solczyński, D. Bizzeti e do bispo ortodoxo D. Kostantin, e com orações e hinos das várias comunidades.
A celebração também inclui a oração comum do Pai Nosso e da Avé Maria em turco, a recitação de uma oração pela paz e uma bênção pelos bispos presentes.
Depois dessa cerimónia, católicos e ortodoxos costumam almoçar num restaurante. À tarde, a comunidade católica reúne-se no pátio da Igreja Católica de Antioquia para a missa.
Uma das igrejas mais antigas do cristianismo
Segundo a história, os primeiros cristãos realizavam os seus cultos secretamente nesta caverna de 13 metros de profundidade, hoje a Igreja de São Pedro.
A água que escoa das rochas vizinhas foi recolhida no interior para ser usada no baptismo, segundo a tradição de que São Pedro foi escolhido como o primeiro bispo da igreja aqui.
São Barnabé e São Paulo vieram para Antakya e ficaram um ano para difundir a sua nova fé. Foi aqui que o termo “cristão” foi usado pela primeira vez para descrever os adeptos da nova religião, que foram evangelizados tanto da grande diáspora judaica, como da comunidade “gentia” local.
Os cruzados capturaram a igreja em 1098 a caminho da Terra Santa e construíram a parede de de pedra em frente à caverna alongando a igreja em alguns metros e ligando-a com dois arcos à fachada, que construíram.
O adro da igreja e algumas partes do interior serviram por vezes para enterrar pessoas como Tancredo, Príncipe da Galileia, líder ítalo-normanda da Primeira Cruzada, bem como é um dos três locais de descanso final dos restos mortais do Sacro Imperador Romano Frederico Barbarossa, que morreu na Terceira Cruzada.
Os bizantinos já tinham transformado o local onde os primeiros baptizados se reuniam durante os períodos de perseguição numa capela, o túnel que se abria para a encosta da montanha para os cristãos fugirem em caso de incursões e ataques súbitos.
Os restos à esquerda da entrada pertencem a colunatas que anteriormente ficavam em frente à fachada actual. Alguns pedaços de mosaicos do chão e vestígios de afrescos do lado direito do altar ainda podem ser vistos.
No topo do altar de pedra no meio da igreja há uma plataforma de pedra colocada em memória de São Pedro, marcada a cada 21 de Fevereiro em Antakya. Uma estátua de mármore de São Pedro foi colocada acima do altar em 1932.
Em 1863, o Papa Pio IX pediu aos frades capuchinhos que a restaurassem. O imperador francês Napoleão III também contribuiu para a restauração.
Hoje, a igreja é um museu, visitado por cerca de 250.000 peregrinos a cada ano e os serviços religiosos podem ser realizados dentro da igreja com permissão do Gabinete do Governador Provincial ou da Direcção de Museus.
Enquanto isso no Vaticano...
Em notícias relacionadas, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos do Vaticano divulgou um comunicado na segunda-feira, 27 de Junho, para anunciar a visita de uma delegação oficial do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla a Roma de 28 a 30 de Junho.
A visita faz parte do “tradicional intercâmbio de delegações para as respectivas festas dos Santos Padroeiros: 29 de Junho em Roma para a celebração dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e 30 de Novembro em Istambul para a celebração de Santo André, o Apóstolo”.
A delegação ortodoxa é liderada pelo Arcebispo Job de Telmissos, acompanhado pelo Bispo Adrianos de Halicarnasso e pelo Diácono Patriarcal Barnabas Grigoriadis, que é co-presidente da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa.
A delegação celebra a missa presidida pelo Papa Francisco no dia 29 de Junho e reúne com o Papa no dia seguinte.
Durante os três dias em Roma, a delegação também irá reunir com o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Artigo do La Croix International, publicado a 28 de Junho de 2022.
Partilhar