Arquidiocese de Braga -

22 abril 2022

Páscoa dos pobres a transpirar amor e esperança de ressurreição

Fotografia Salama

O Conquistador

Pe. Manuel Faria, Equipa Missionária Salama!

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Na paróquia de Ocua, Diocese de Pemba, a vida paroquial pascal acontece entre muitas visitas às pequenas comunidades ministeriais, para celebrações de batismos e casamentos de catecúmenos, formações cristãs, num trabalho missionário feito sempre em equipa com as “Irmãs” da missão (Mana Fátima Castro e Mana Andreia Araújo).

Hoje deixo notícias da Páscoa celebrada debaixo de muito calor, com ameaças de chuvas tropicais, que podiam estragar as nossas celebrações, que nestes dias são sempre realizadas ao ar livre.

Os cristãos desta missão viveram a semana da Páscoa com euforia, alegria e muita devoção. Não faltaram as danças, os batuques, as belas capulanas à cintura e outras capulanas a ornamentar a cabeça da mulher moçambicana.

Depois de dois anos impedidos de fazer a Páscoa todos juntos, a missão de Ocua ficou pequena para receber todos aqueles que queriam viver o momento, por isso celebramos debaixo de mangueiras e cajueiros, que existem em abundância no terreno Paroquial.

Iniciamos as festas pascais com o tríduo pascal em Quinta-feira Santa, com celebração da Ceia do Senhor, gesto do lava-pés a mulheres e homens da comunidade, e com muito calor humano numa comunidade a transpirar, de calor e amor ao Senhor!

No dia seguinte, participaram na longa Cerimónia da Paixão do Senhor, uma das celebrações mais participadas pelos cristãos em Moçambique. Só a Adoração da Cruz durou quase duas horas!

Depois vivemos uma longuíssima Vigília Pascal, na Comunidade de Samilala, Zona de Ocua-Posto, com 4 horas de celebração, muitos baptismos (89), 9 casamentos…tudo terminado em festa com uma ‘xima de caril’, o prato de farinha de milho cozida e com molho de peixe.

Para a Missa do dia da Ressurreição, acordamos na sede da missão, com a chegada pelas 7 horas da manhã dos cerca de 81 baptizados e 7 casamentos. Tudo aconteceu ao ar livre, aproveitando bem a sombra de enormes cajueiros. A criatividade do ‘folhado de frango’ com uma “matapa de legumes” foi o manjar da festa pascal na casa missionária de Mahipa.

Isto apenas para dizer que não comi pão-de-ló nem amêndoas, não houve vinho do Porto, mas foi uma Páscoa em grande, com fé e esperança, num futuro melhor para este povo sofrido do norte de Moçambique, que apesar da dor da pobreza e doenças, faz com amor e esperança a festa da Ressurreição do Senhor.

Como dizia em dia de Páscoa o nosso Arcebispo Primaz, Dom José Cordeiro: “Não é fácil aceitar a novidade perene da Páscoa! Não é fácil aceitar as surpresas da vida”! Mas, diante da grande manifestação pública da fé, deste pobre povo de Moçambique, voltamos a acreditar na força revolucionária da Ressurreição.

Artigo publicado no Jornal O Conquistador de 22 de abril de 2022.


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