Arquidiocese de Braga -
21 abril 2022
Beneditinos “metem mãos à obra”
DACS com La Croix International
Uma aliança monástica com sede em França criou a Fundação Benedictus para apoiar projectos de desenvolvimento em todo o mundo.
Tanto quanto a oração, é a própria vida da comunidade monástica que dá origem a actividades na área e abre a interacção humana e prática.
“A nova Fundação Benedictus quer incentivar e apoiar essas obras sociais”, explica o Abade Jean-Pierre Longeat OSB, presidente da Aliança para o Monaquismo Internacional (AMI), com sede em Paris.
A Fundação Benedictus foi fundada no ano passado pela AIM e pelos Amigos dos Mosteiros em Todo o Mundo (AMTM). Está a ser patrocinada pela Cáritas de França, que trata de assuntos administrativos.
“Muitas vezes, os mosteiros desenvolvem atividades agrícolas, ou escolas e dispensários. Benedictus irá permitir-nos ajudar esses compromissos sociais dos mosteiros”, explica o antigo abade beneditino de 68 anos.
Até agora, a missão da AMI tem sido apoiar novas fundações monásticas em todo o mundo – particularmente em África, América do Sul e Ásia.
Tem ajudado na formação de monges e freiras, e no apoio aos projectos de desenvolvimento para esta ou aquela comunidade.
“A fundação (Benedictus) é, ao mesmo tempo, uma ampliação da nossa solidariedade e a confirmação do papel social dos nossos mosteiros”, confirma o Abade Jean-Pierre.
Há um impacto no local onde os mosteiros estão localizados, semelhante, de certa forma, ao que poderia ter acontecido na Europa na Idade Média.
“Trata-se realmente de levar em conta o desenvolvimento humano à volta dos mosteiros”, destaca.
A longo prazo e estável
Com cerca de 1.800 comunidades monásticas, a AMI está unida através da Fundação Benedictus para “participar na transformação da sociedade, colocando as pessoas no centro”, diz o Abade Jean-Pierre.
Geralmente modestos e silenciosos, os monges e as freiras, com a fundação, poderão partilhar a sua dinâmica social com os que os rodeiam.
A influência dos mosteiros nestes projectos de desenvolvimento é tanto mais preciosa quanto a sua presença é duradoura e estável.
A verdade é que, para levar a cabo estes programas, os mosteiros recorrem a técnicas empresariais.
“Não concordamos em tudo, não actuamos da mesma forma, mas confrontar a vida monástica com o mundo dos negócios pode ser enriquecedor”, explica o presidente da AMI.
Encontro mosteiros-empresas
Daí a ideia de realizar uma conferência para combinar as visões de um grande chefe e de um monge.
Representantes de mosteiros beneditinos reuniram-se esta semana em Paris com representantes de empresas para comparar opiniões sobre os desafios do mundo, clima, urbanização, globalização, etc.
Entre os palestrantes destacados estão o abade Longeat e Pierre-André de Chalendar, presidente do Grupo Saint-Gobain e professor da escola de negócios do Institut Catholique de Paris.
Mas como é que os mosteiros podem intervir no mundo dos negócios?
“Devemos encontrar uma alternativa à globalização comercial e económica”, insiste o abade Longeat, dizendo os fundamentos devem ser aprofundados “para o benefício de uma nova humanidade global”.
Afirma que a crise de Covid-19 ofereceu lições valiosas a este respeito. Durante os vários confinamentos, a Internet intensificou os vínculos entre comunidades e pessoas distantes. “Estamos a entrar numa nova era”, prevê o abade, “no sentido das grandes eras geológicas”.
Artigo de Christophe Henning, publicado no La Croix International a 20 de Abril de 2022.
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