Arquidiocese de Braga -

21 março 2022

Francisco recusa que guerra e pandemia sejam castigo de Deus

Fotografia Vladyslav Musiienko/Reuters

DACS com Agência Ecclesia

O líder da Igreja Católica sublinhou que o ser humano é sempre “livre”, pelo que é nas suas decisões que se encontram as causas do mal, porque Deus “nunca usa a violência e, pelo contrário, sofre por nós e connosco”.

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O Papa recusou este domingo a tese de que a guerra e a pandemia representam um “castigo” divino e sublinhou que, na fé católica, Deus é “próximo, misericordioso e terno”.

A partir da janela do apartamento pontifício, e ainda antes da recitação do Ângelus, Francisco declarou que, “quando as notícias do mal nos oprimem e nos sentimos impotentes diante do mal, muitas vezes nos perguntamos” se o que está a acontecer será talvez um castigo de Deus”, se é Ele quem envia uma guerra ou uma pandemia, para nos punir pelos nossos pecados e por que não intervém o Senhor?”.

O líder da Igreja Católica sublinhou que, muitas vezes, se atribuem a Deus as “desgraças, as desventuras do mundo” e realçou que o ser humano é sempre “livre”, pelo que é nas suas decisões que se encontram as causas do mal, porque Deus nunca usa a violência e, pelo contrário, sofre por nós e connosco”.

Francisco destacou que o próprio Jesus “recusa e contesta fortemente” a ideia de atribuir os males a Deus, como se algumas pessoas fossem “vítimas de um Deus impiedoso e vingativo, que não existe”, e alertou para o risco de perder a lucidez” quando o mal nos oprime”, procurando encontrar uma resposta fácil para o que não podemos explicar”.

O Santo Padre explicou ainda que o mal nunca pode vir de Deus porque Ele não nos trata segundo os nossos pecados, mas segundo a sua misericórdia” e defendeu que, em vez de culpar Deus, cada pessoa deve “olhar para dentro”, porque é o pecado que produz a morte; é o nosso egoísmo que despedaça os relacionamentos; são as nossas escolhas erradas e violentas que desencadeiam o mal”.

O Papa Francisco apelou a uma “conversão”, que afaste as pessoas do mal e do pecado e dê abertura “à lógica do Evangelho, porque, onde reinam o amor e a fraternidade, o mal já não tem poder”.