Arquidiocese de Braga -

11 março 2022

Egipto: Presidente exige construções obrigatórias de igrejas nos novos planos urbanos

Fotografia

DACS com La Croix International

Onde há uma mesquita, deve haver também uma igreja em novas cidades egípcias, mesmo que esse local de culto Cristão seja frequentado por poucas pessoas.

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O presidente egípcio determinou que todas as cidades recém-construídas no Egipto de maioria muçulmana incluam a construção de uma igreja, mesmo que esse local de culto Cristão seja frequentado e usado por um pequeno número de pessoas.

O Presidente Abdel-Fattah el-Sissi fez estas revelações enquanto conversava recentemente com membros do governo responsáveis ​​pelas questões relacionadas com os planos de urbanização em massa implementados pela liderança política egípcia.

“Onde há uma mesquita deve haver também uma igreja. E se a igreja a ser construída for frequentado por apenas 100 pessoas, deve ser construída na mesma. Assim, ninguém terá que se reunir num apartamento e apresentar essa casa particular como uma igreja”, disse el-Sissi, resumindo os critérios que devem inspirar as decisões operacionais, conforme reportado pela Fides.

Anteriormente, uma lei sobre a construção de templos Cristãos proibia, entre outras coisas, a construção de novas igrejas perto de escolas, canais, edifícios governamentais, linhas de comboio e áreas residenciais.

Os líderes Cristãos muitas vezes sustentaram que a aplicação estrita destas regras impediu a construção de igrejas em cidades e vilas habitadas por Cristãos, especialmente nas áreas rurais do Alto Egipto.

Ao mesmo tempo, edifícios erigidos por Cristãos locais para o culto, sem estarem legadis, foram ocasionalmente usados ​​como pretexto por manifestantes para encorajar a violência sectária.

Os comentários do presidente foram amplamente apreciados pelos Cristãos, pois o Egipto testemunhou muitos casos de discriminação, violência comunitária e crimes de ódio contra a maior comunidade Cristã do mundo árabe.

Andrea Zaki, presidente da comunidade evangélica no Egipto, destacou que “a construção de locais de culto durante a era do presidente el-Sissi assumiu importância nacional e não será esquecida na história do Egipto moderno”.

Agora, no intenso programa de desenvolvimento urbano lançado no Egipto, cada novo distrito urbano construído de acordo com as directrizes estabelecidas pelas autoridades civis terá a sua própria igreja, de acordo com o plano.

O mandato presidencial irá garantir a todos os cidadãos, muçulmanos e Cristãos, a oportunidade de participar nas celebrações, ritos e actividades da própria comunidade de fé.

 

Dar a Muçulmanos e Cristãos uma parte igual para professarem a sua própria fé

Com a maior comunidade Cristã do mundo árabe, representando 10% da população maioritariamente muçulmana de 82 milhões no Egipto, os Cristãos são alvo de discriminação, violência comunitária e crimes de ódio cometidos por fundamentalistas muçulmanos como os do Estado Islâmico.

Desde 2011, centenas de Cristãos egípcios foram mortos em confrontos sectários e muitas casas, igrejas e empresas foram destruídas.

O bombardeamento de uma igreja em Alexandria no início de 2011 matou 23 Coptas que lá se encontravam em Adoração.

Tudo isto apesar de, segundo a tradição, os Cristãos estarem no Egipto já em 42 d.C., antes de São Pedro e São Paulo serem martirizados em Roma (64-67 d.C.).

Tanto a Igreja Copta Ortodoxa de Alexandria liderada pelo Papa Tawadros II, como a Igreja Copta Católica, liderada pelo Patriarca Copta Católico de Alexandria, Ibrahim Isaac Sidrak, traçam as suas origens até São Marcos, o evangelista.

No entanto, houve uma mudança notável desde que o presidente el-Sissi chegou ao poder num golpe de estado em 2013 e as condições de vida dos Cristãos começaram a melhorar.

El-Sissi geralmente participa na missa de Natal ortodoxa como uma demonstração de solidariedade com os Coptas, tomou medidas para capacitar os Cristãos, incluindo a nomeação da primeira mulher Cristã Copta como governadora provincial em 2018 e, em Fevereiro, deu posse à primeira Cristã para chefiar o mais alto tribunal do Egipto.

O presidente el-Sissi também permitiu a construção de igrejas em todo o país após décadas de restrições.

O Egipto agora apoia um projecto nacional que promove a jornada da Sagrada Família da Palestina histórica pelo Egipto.

Em 2017, o Papa Francisco declarou a viagem como uma peregrinação Cristã oficial.

Artigo publicado no La Croix International a 8 de Março de 2022.