Arquidiocese de Braga -

10 fevereiro 2022

Suíça: mulheres leitoras, acólitas e “muito a ser inventado”

Fotografia DR

DACS com La Croix International

A pelo menos três mulheres católicas na Suíça foram formalmente conferidas os Ministérios de Leitor e Acólito, dando-lhes “a responsabilidade de servirem a comunidade”.

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Presumia-se que Emmanuelle Bessi, virgem consagrada na Diocese Católica Suíça de Sion, receberia formalmente um dos novos Ministérios instituídos pelo Papa Francisco no ano passado às mulheres na Igreja.

O Vigário Geral da sua diocese conferiu-lhe o Ministério de Leitor durante uma cerimónia a 18 de Dezembro.

"Quando o Papa abriu os ministérios, pensei que estaria a confirmar o que já faço há anos”, disse Bessi, que lê na missa desde criança.

Além dela, a pelo menos duas outras mulheres na Suíça foram confiados os Ministérios instituídos. D. Charles Morerod OP, de Lausanne, Genebra e Friburgo, instituiu duas mulheres como leitoras e acólitas a 5 de Fevereiro. Uma particularidade é que ambas são casadas com homens que estão a preparar-se para se tornarem diáconos permanentes.

 

Tempo para discernir

Embora a oferta lhes tenha sido feita no contexto da formação dos maridos, estas duas leitoras e acólitas insistem que, embora os seus novos ministérios estejam vinculados a estes futuros diáconos, não se limitam a eles.

“É uma jornada pessoal. Levei algum tempo a discernir antes de aceitar”, disse Sandrine Minniti, uma das mulheres.

“É uma jornada que acompanha o diaconato do meu marido, mas também é outra coisa. Eu pensei muito, em oração, sobre cada um destes dois ministérios”, acrescentou a segunda mulher, Virginie Udriot.

Outras esposas de diáconos permanentes não lhes seguiram o exemplo, embora também lhes tenha sido feita a mesma proposta.

Mas, para as três que o fizeram, os ministérios instituídos não os limitam a apenas ler na Missa e/ou distribuir a comunhão.

“Tecnicamente, não muda muito. Mas, espiritualmente, é uma mudança fundamental no meu relacionamento com Deus”, reconheceu Bessi.

“É acima de tudo um serviço, mas também é um compromisso a longo prazo para viver pela palavra de Deus e pela Eucaristia”, afirmou Minniti.

 

Não é um prémio de consolação

“É um reconhecimento especial e um envio especial”, acrescentou o marido de Virginie Udriot.

“O ministério do leitor, por exemplo, não consiste em ler sistematicamente na missa, mas sim em preocupar-se com que a palavra de Deus esteja viva, mesmo fora da missa”, disse.

“Ainda é um campo inexplorado e há muito a ser inventado”, acrescentou.

A sua esposa Virginie disse que, aconteça o que acontecer, deve ser “uma responsabilidade ao serviço da comunidade”.

As duas esposas dos futuros diáconos não vêem os ministérios instituídos como prémio de consolação, considerando que o diaconato feminino não existe na Igreja Católica.

“Estes são dois ministérios importantes, o diaconato é outro”, disse Virginie Udriot.

“Não há lugar melhor, devemos fugir da lógica da comparação”, concordou o marido, Fabien.

 

Artigo de Xavier Le Normand, publicado no La Croix International a 9 de Fevereiro de 2022.