Arquidiocese de Braga -
25 novembro 2021
É necessário renovar urgentemente a Igreja de formas inovadoras, diz o confidente do Papa Francisco
DACS com La Croix International
Eduquem os fiéis sobre a sinodalidade, apesar de alguns preferirem manter as coisas como estão, pediu o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga à Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.
O coordenador do conselho de cardeais que aconselha o Papa Francisco sobre a reforma do governo central da Igreja Católica falou aos participantes da Igreja na América Latina e no Caribe reunidos no México sobre a urgência de renovar a Igreja de formas inovadoras, com ideias que reformam e revitalizam.
O cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga, de Tegucigalpa, conversou com os participantes – sacerdotes, religiosos, pessoas consagradas e leigos (homens e mulheres) – da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada de 21 a 28 de Novembro na Cidade do México, através de videochamada.
Maradiaga disse que estava feliz por ver que o encontro não era apenas “um diálogo de intelectuais ou da aristocracia religiosa”.
Os participantes da assembleia são compostos por 20% de bispos, 20% de religiosos, 20% de clérigos e 40% de homens e mulheres.
A representação de 40% dos leigos, disse o cardeal, “corresponde ao que se pode chamar de periferias, portanto, dentro da assembleia, serão as vozes dos migrantes, refugiados, vítimas de tráfico, como discípulos missionários, para reivindicarem o seu papel dentro da Igreja”.
O Cardeal Rodríguez Maradiaga disse que a assembleia pretende responder a uma pergunta básica: “quais são os novos desafios para a Igreja na América Latina e no Caribe?”.
O processo da assembleia tem como objectivo “revitalizar a Igreja de uma nova forma, oferecendo ideias que reformam e reanimam", ser um acontecimento eclesial sinodal, envolvendo todas as funções na Igreja e com uma metodologia representativa, inclusiva e participativa, disse o cardeal Rodríguez Maradiaga.
Acrescentou que o objectivo também é permitir uma renovada apreciação das ideias discutidas na reunião dos bispos de Aparecida, em 2007, a fim de fazer planos para o futuro com vista ao progresso realizado no passado e temas que são sempre relevantes hoje.
A assembleia faz parte da tradição da Igreja latino-americana de reunir aproximadamente a cada 15 anos para definir as principais orientações pastorais para a região. Em 2007, em Aparecida, os participantes foram apenas bispos latino-americanos.
O Cardeal Rodríguez Maradiaga expressou o desejo de que esta Assembleia seja um sinal que pode ser partilhado com outros continentes e que pode ajudar a produzir resultados frutíferos.Disse ainda que, apesar da pandemia, os preparativos para a assembleia começaram com uma comissão que examinou o conteúdo e que trabalhou de Junho a Setembro do ano passado com a metodologia de ver, julgar e agir como uma forma central para alcançar uma maior sinodalidade “em todas as áreas da Igreja”.
O Cardeal Rodríguez Maradiaga assinalou que os 70.000 participantes nos fóruns pessoais, comunitários, grupais e temáticos recomendados não consistiram apenas na recolha de dados e estatísticas, mas marcaram um encontro compassivo de diálogo e contemplação com as pessoas e as comunidades.
A assembleia reúne representantes eleitos de cada conferência episcopal e inclui os que participam pessoalmente e online.
“Já se realizaram duas pré-assembleias e o final deste processo deu lugar à publicação do Documento para o Discernimento há dez dias. Foi elaborado a partir das múltiplas contribuições do Povo de Deus que participa no processo de escuta”, disse o Cardeal Rodríguez Maradiaga.
A participação activa de tantas pessoas “foi uma graça, uma forte experiência de sinodalidade”, disse, como afirma o documento: “Caminhemos juntos como peregrinos, apaixonados pelo Evangelho, abertos às surpresas do Espírito!”.
[Aproveite para rever aqui a entrevista do Igreja Viva ao Cardeal Maradiaga]
Artigo original publicado no La Croix International a 25 de Novembro de 2021.
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