Arquidiocese de Braga -
9 novembro 2021
Aquelas longas e enfadonhas homilias
DACS
Padres católicos e o povo da capital de Burkina Faso, Ouagadougou, dão a sua opinião sobre a duração ou das homilias.
Mas em Ouagadougou, a capital do país sem litoral da África Ocidental, Burkina Faso, alguns dos fiéis cochilam durante a liturgia, especialmente quando o padre ou diácono começa a pregar. Muitos fiéis dizem que é por o pregador se prolongar muito.
"Uma homilia longa cansa-nos e muitas vezes temos a impressão de que o pregador está a fazer o seu espectáculo a solo”, disse Serge Vanié, um membro da Paróquia Nossa Senhora dos Apóstolos no lado sudeste de Ouagadougou.
Mas Benjamin Bamogo discorda. Diz que “não se cansa de uma homilia”.
“Gosto de longas homilias”, insistiu Bamago, membro da paróquia de Saint Jean Marie Vianney em Tampuy, no lado noroeste da cidade.
Hyacinthe Sam, que é membro do Conselho Nacional de Leigos em Burkina Faso, diz que não há necessidade de homilias longas.
“É tudo uma questão de preparação. Podes fazer uma boa homilia em menos de dez minutos e que pode render frutos com os fiéis”, afirmou.
“Frequentemente, muitos padres precisam de ser formados em teorias modernas de análise de texto moderna, fora da homilética, especialmente em técnicas de comunicação", observou Sam.
Mais do que um comentário sobre o texto
Os padres em Burkina Faso também estão divididos sobre o que constitui uma homilia eficaz. “As homilias são mais do que um comentário sobre um texto”, disse o padre Donatien Koumontega, professor de filosofia num seminário local.
“Devemos meditar sobre o texto e a sua aplicação à vida concreta”, notou. Koumontega explicou que se trata de descobrir o que o Espírito Santo diz através do texto, inspirado nas histórias de todos os irmãos e irmãs.
“Mesmo que a homilia seja interessante, não é importante que dure muito, de outra forma já não é uma homilia”, argumentou.
“O padre é um homem de palavras, ele deve treinar, praticar para transmitir a sua mensagem”, disse.
O padre Guy Mukusa Sanon, reitor do Seminário Maior dos Santos Pedro e Paulo em Ouagadougou, disse que a duração das suas próprias homilias está relacionada com a inspiração.
“A homilia é o alimento que o Senhor nos dá para dar ao seu povo. Não estabeleço um limite de tempo para mim próprio”, confessou.
O reitor acredita que o padre que está diante do povo de Deus deve captar a sua atenção e tocar os corações, não entediá-los.
“Como padre, muitas vezes fiquei entediado pelas homilias dos meus confrades, tenho visto os confrades lerem homilias retiradas da internet”, disse o padre Sanon.
“Os padres devem ser humildes para ouvirem as críticas dos fiéis, mas do espírito na preparação das homilias”, acrescentou.
Adaptação às circunstâncias
O Pe. Guy Edmond Kafando, professor da Universidade Católica de Santo Tomás de Aquino em Ouagadougou, acredita que o pregador se deve adaptar ao público.
“Se for uma missa infantil, faço perguntas para que se interessem pela mensagem. Se for durante um evento, como um casamento, uma perda, tenho em consideração as pessoas e transmito a mensagem através do humor, com delicadeza”, disse.
“Não se trata de dar palestras, mas de usar pequenas histórias e anedotas para passar a mensagem”, continuou Kafando.
“Ouço muito as reacções dos fiéis, o que me permite melhorar. As minhas homilias não duram mais de 15 minutos”, acrescentou o sacerdote.
Isso é apenas cinco minutos a mais do que a duração sugerida pelo Papa Francisco.
Artigo de Kamboissoa Samboé, publicado no La Croix International a 8 de Novembro de 2021.
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