Arquidiocese de Braga -

15 outubro 2021

Michael Czerny: “Ser Igreja é ser sínodo, seja a percorrer o Amazonas ou a escalar as montanhas da Suíça”

Fotografia Paul Haring

DACS com Vida Nueva Digital

Cardeal participou no XII Fórum de Friburgo da Igreja no Mundo, que teve como tema “O olhar de uma Igreja Franciscana desde o Sínodo da Amazónia”.

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“A sinodalidade refere-se à própria essência da Igreja, à sua realidade constitutiva e, portanto, está orientada para a evangelização. É uma forma de ser eclesial e uma forma profética de servir o mundo de hoje. Ser Igreja é um sínodo”. Foi o que afirmou o Cardeal Michael Czerny, Subsecretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, durante o seu discurso no  XII Fórum de Friburgo da Igreja no Mundo, que teve como tema “Contextualidade e sinodalidade – O Sínodo sobre a Amazónia e as suas consequências”.

“A Igreja existe de muitas formas diferentes, desde a família e a paróquia, passando pela diocese e todos os tipos de associações, organizações e movimentos, até às conferências episcopais e à Sede de Pedro”, afirmou o cardeal, sublinhando que todas estas manifestações “precisam de processos de escuta, cooperação e sinergia” para que possam “participar no caminho sinodal, seja percorrendo as vias fluviais ​​do Amazonas ou escalando e atravessando as montanhas da Suíça”.

Percorrendo os diversos marcos do pontificado de Francisco desde o Sínodo da Amazónia – incluindo o Documento Final do Sínodo e as encíclicas do Papa – o cardeal assinalou que, de facto, este caminho percorrido durante estes anos é um apelo às Igrejas particulares para “descobrirem as suas próprias potencialidades e fecundidade”, bem como para “iniciarem os seus próprios processos sinodais” para “descobrirem os seus próprios novos caminhos”.

 

Novos caminhos

Na verdade, os “quatro sonhos” do Papa Francisco para a Amazónia – o sonho social, cultural, ecológico e eclesial – podem “aplicar-se a todas as regiões do mundo”. Por isso, Czerny quis encorajar os presentes a questionarem se podem “experimentar, espiritual e pastoralmente, a integridade destes novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

“O que o Santo Padre sugeriu com ousadia é um maior sentido eclesial que abre horizontes”, disse o cardeal. “É surpreendente que o factor dinamizador não esteja limitado pelos nossos limites habituais: a minha diocese, o meu estado, o meu canto do mundo, mas venha de algo maior, mais diverso e de uma Amazónia vulnerável, cada vez mais vital para a saúde do mundo”, acrescentou.

Também destacou que, na “Fratelli tutti”, a “advertência” do Papa “não poderia ser mais clara”. “Ou somos irmãos e irmãs, ou tudo o resto falha e destruímo-nos uns aos outros. Irmão e irmã é a fronteira sobre a qual devemos construir, o desafio do nosso século, o desafio do nosso tempo”.

Olhando para Outubro de 2023, espera “com alegria o Sínodo sobre a Sinodalidade”. É que neste Sínodo, onde se manifestará o carácter sinodal da Igreja, “todas as dioceses foram convidadas a participar na sua preparação. Aqui está a oportunidade de reunir as etapas anteriores num processo contínuo, transformando a palavra Igreja em verbos: encontrar, reparar, funcionar, servir, rezar”.

 

Artigo de Elena Magariños, publicado em Vida Nueva Digital a 14 de Outubro de 2021.