Arquidiocese de Braga -
24 setembro 2021
Pe. José Gabriel Vera: "Comunicação da Igreja não pode cessar, nem a externa, nem a interna"
DACS
Secretário da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal de Espanha deixou algumas sugestões aos meios de comunicação religiosos.
O Pe. José Gabriel Vera, secretário da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal de Espanha, afirmou ontem durante as Jornadas Nacionais da Comunicação Social que a comunicação da Igreja nunca pode cessar.
Falando de como foi vivida a pandemia pela Igreja espanhola, o responsável disse que, apesar de ter sido um tempo muito difícil, foi também um tempo de muitos ensinamentos e oportunidades.
“Com o confinamento, subsistia a ideia de que a Igreja ao fechar as suas portas estava parada. As pessoas toleravam que o comércio, o ensino e outros locais fechassem, mas as portas da Igreja fechadas eram quase como um insulto, uma ofensa. Nós tentamos mostrar que as coisas não eram como se pensava, que a Igreja continuava a trabalhar”, explicou.
O Pe. Vera falou de longas jornadas de trabalho, às vezes de mais de 12 horas, e de várias iniciativas que foram levadas a cabo pela Conferência Episcopal Espanhola e que permitiram uma maior visibilidade da acção da Igreja durante a pandemia.
Depois de algumas semanas, foi organizado um programa televisivo que contou com a participação de todos os Bispos das várias dioceses espanholas, que transmitiram pequenas mensagens de proximidade às pessoas. Para além da transmissão de eucaristias online, foi também criada uma página na internet onde foram compiladas as várias actividades solidárias e missionárias – mais de 500 – da Igreja espanhola.
O responsável sublinhou que, com esta visibilidade, a percepção das pessoas foi-se alterando, ao mesmo tempo que a Igreja conseguia acompanhar de forma mais próxima quem estava em casa. A audiência das pessoas que acompanhavam a eucaristia através da televisão mais do que duplicou, segundo o Pe. Vera.
Uma das maiores aprendizagens deste tempo, segundo o sacerdote, foi mesmo a acção de “cura e proximidade” de que a Igreja é capaz em tempos de crise.
“Alguém tem de se encarregar de manter a luz acesa quando chega a crise. A Igreja não pode fechar as portas, a comunicação da Igreja não pode cessar. Nesse tempo, a comunicação é ainda mais importante que o habitual e não falo apenas da comunicação externa, da interna também. É importante que todos comuniquem: párocos, movimentos, bispos, religiosos…”, sublinhou.
O sacerdote deu o exemplo do Gabinete de Comunicação da Conferência Episcopal espanhola que, mesmo depois do horário laboral, estava sempre contactável através de telemóvel; os membros do Gabinete revezavam-se, mas havia sempre alguém disponível para atender os telefonemas.
O Pe. Vera deixou ainda algumas sugestões para a comunicação religiosa e sugeriu a criação de podcasts, Cartas Pastorais em formato audiovisual, vídeos informativos no YouTube, análise de métricas web e maior presença nas redes sociais.
“Aqui em Espanha todos os bispos estão nas redes sociais e estamos agora a estudar uma maior presença no TikTok. As redes sociais estão a aumentar e nós temos de fazer crescer a nossa presença nelas. Temos de estar onde estão as pessoas”, frisou.
Ciente de que a “crise do papel e dos leitores de papel” é geral – e não apenas reservada aos meios religiosos –, o Secretário afirmou que, apesar da grande tentação, deixar de imprimir é um erro.
“É preciso perceber que a maior parte dos nossos leitores lêem o papel, dão-lhe valor. É bom que haja uma componente electrónica, mas deixar de imprimir seria um erro. Importante é também diversificar os conteúdos das duas componentes, de forma a que elas possam ser «portas de entrada». Como é que se faz isso? «Agarrando» as pessoas com conteúdos como passatempos, receitas, sugestões de livros e filmes… O que importa é que elas se identifiquem e que isso as faça depois ler outros conteúdos que são aqueles que gostávamos que elas consumissem”, explicou.
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