Arquidiocese de Braga -
6 setembro 2021
Bispo do Sudão do Sul: Parar o discurso de ódio nas redes sociais para acabar com a violência
DACS com La Croix International
“Vivemos num clima de insegurança que levou a grandes perdas de vidas humanas inocentes, destruição de propriedades, deslocamentos, agitação, fome e sofrimento”, disse o prelado católico.
“Há muitas mensagens de ódio nas redes sociais”, disse D. Eduardo Hiiboro Kussala, de Tombura-Yambio, em comunicado à Fides.
“Vivemos num clima de insegurança que levou a grandes perdas de vidas humanas inocentes, destruição de bens, deslocamentos, agitação, fome e sofrimento de todo o género. Não conseguimos suportar mais esta situação, temos que fazer algo para acabar com a violência”, afirmou.
D. Kussala disse que o fim do discurso de ódio que circula constantemente nas redes sociais é o primeiro passo para acabar com a violência num dos países mais pobres do mundo.
A reorganização do poder tem sido sobretudo cosmética e o verdadeiro poder permanece concentrado em torno da presidência e de alguns estabelecimentos militares e de segurança.
A incerteza e a violência dispararam no país da África Oriental com 13,78 milhões de habitantes. Só neste mês, pelo menos 32 pessoas foram mortas nos confrontos.
Os ataques vingativos e as guerras por procuração que ocorrem actualmente no Sudão do Sul estão ligados a facções políticas e militares, forças sociais que estão a lutar pelo controlo com as forças governamentais do presidente Salva Kiir no país rico em petróleo.
“Nas plataformas sociais, lemos muitas mensagens de ódio nas quais os sudaneses do sul se insultam uns aos outros e o mundo nos vê como um grupo de inimigos. Essa mentalidade mina a unidade e a coexistência. Segurança inadequada, pobreza e falta de uma cultura de paz são factores que incentivam a violência ”, disse o bispo, exortando todos os líderes religiosos a encorajarem comportamentos que acabem com a violência.
O Bispo Kussala vê sinais de esperança no “encorajador diálogo promovido pelo Vaticano entre o governo de unidade nacional e os grupos de oposição, bem como no desejo de repatriar refugiados. O governo precisa do nosso apreço e apoio no difícil processo de implementação do acordo de paz”, afirmou.
Em Julho, a comunidade romana de Sant'Egidio acolheu as conversações de paz entre o actual governo de transição da unidade nacional no Sudão do Sul e os movimentos que não assinaram os acordos anteriores.
O Papa Francisco, o Arcebispo de Canterbury e o Moderador da Igreja da Escócia, numa declaração conjunta que marca os dez anos desde a independência do Sudão do Sul, apelaram aos líderes políticos para fazerem mais pelo bem do povo.
“A vossa nação é abençoada com um potencial imenso e nós encorajamo-vos a fazerem esforços ainda maiores para permitirem que o povo desfrute de todos os frutos da independência”, afirmaram num comunicado emitido pelo Gabinete de Imprensa da Santa Sé.
O Sudão do Sul tornou-se formalmente independente do Sudão a 9 de Julho de 2011, após uma prolongada guerra de independência.
O Sudão do Sul desfrutou de dois anos de paz, mas a rivalidade política logo explodiu em conflito aberto em 2013, quando o presidente Kiir, um Dinka, demitiu Machar, do grupo étnico Nuer, da vice-presidência. Desde então, a violência política e étnica matou centenas de milhares de pessoas e provocou a fuga de mais de 2 milhões de pessoas do país.
Artigo original do La Croix International, publicado a 30 de Agosto de 2021.
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