Arquidiocese de Braga -

7 abril 2021

Aos 105 anos vence a Covid-19 com imensa fé... e um pouco de gin!

Fotografia CNS / Trenton Monitor

DACS com CNS e Crux

Lucia já teve direito a duas bênçãos papais. Reza "todos os dias, 24 horas por dia, por todo o mundo".

\n

Lucia DeClerck sobreviveu à pandemia de gripe de 1918, duas guerras mundiais, à perda de três maridos, um filho e muitos dos seus médicos. Recentemente adicionou à lista a COVID-19, à qual testou testou positivo no seu 105º aniversário.

“Passou pelo isolamento de duas semanas como uma campeã, sem quaisquer sintomas”, afirmou a sua neta, Shawn Laws O’Neil.

A história desencadeou uma série de artigos recentes. As notícias sobre a sua saúde de ferro espalharam-se de tal forma que deram origem a múltiplas felicitações vindas de todo o mundo até ao Mystic Meadows Rehab and Nursing Center, em Little Egg Harbor, New Jersey, onde se encontra a viver.

Ali, aconchegada numa sala adornada com imagens de santos e uma cruz de oliveira da Terra Santa, Lucia partilhou o seu conselho para uma vida longa: orar sem cessar; amar sem restrições; preocupação permanente com os outros; uma porta aberta; nada de fast food; e, por último, nove passas amarelas embebidas em gin, todos os dias, como um tónico.

“Encontrei a receita numa catedral em Honolulu há vários anos e tenho-a feito desde então. É suposto curar qualquer coisa que esteja errada”, disse, rindo.

Lucia nasceu a 25 de Janeiro de 1916, em Maui, no Hawai, e aos dois anos de idade sobreviveu à gripe espanhola. Quando a sua mãe deixou o Hawai durante tempos economicamente difíceis para trabalhar no Wyoming, Lucia ficou aos cuidados do seu avô, que a enviou para a escola de um convento, onde a menina desenvolveu uma fé inabalável e um amor duradouro pela oração.

“Cresci como católica e sempre acreditei muito”, afirmou ao The Monitor, o jornal diocesano de Trenton, acrescentando que não reza por nada em particular. “Apenas rezo 24 horas por dia, sete dias por semana pelo mundo inteiro”, sublinhou.

A sua forte crença e o poder da oração guiaram-na através das décadas, do Wyoming à Califórnia e de volta ao Hawai. Durante esse tempo, tornou-se mãe de três filhos. Mais tarde, mudou-se para Nova Jersey, no final dos anos 70, para ficar mais perto do filho mais velho, Henry Laws III, e da sua esposa, Lillie Jean. Decidiu mudar-se aos 90 anos para Stafford on the Bay Apartments em Manahawkin, uma residência para idosos com actividades e a companhia que ambicionava.

Durante a sua estadia lá, ajudou a estabelecer uma missa semanal para os residentes. O padre Nestor Chavenia, vigário paroquial na paróquia de St. Mary, em Barnegat, encontrou Lucia pela primeira vez quando era lá paroquiana.

O sacerdote lembra-se de a ter conhecido quando Lucia se apresentou em 2012, dizendo: “Eu sou a pessoa mais velha daqui. Pode considerar-me sua avó”.

Trocaram o primeiro de incontáveis ​​abraços e foram muito unidos durante os anos em que Lucia permaneceu lá.

“É uma senhora muito amável e bonita”, de grande fé, disse o Padre Chavenia, que trabalhou com paroquianos e amigos para conseguir uma bênção papal para o 100º aniversário de Lucia.

A primeira bênção, lembrou, foi entregue durante uma grande festa organizada por familiares, na qual também participaram paroquianos e amigos. Uma bênção papal é geralmente escrita à mão em pergaminho.

O sacerdote também providenciou uma bênção para o 105º aniversário de Lucia, mas ainda não conseguiu entregá-la pessoalmente por causa das restrições sanitárias levantadas pela Covid-19.

Há cerca de quatro anos, Lucia foi transferida da residência principal para Mystic Meadows, de forma a fazer reabilitação após sofrer uma queda, explicou o seu filho Henry. Acabou por gostar tanto que decidiu por lá ficar.

Henry disse que a mãe – que tem cinco netos, 12 bisnetos e 11 trinetos – tem “todo o amor das pessoas do local, tanto que lhe permitiram um espaço na sala de reuniões para ser organizado como uma capela”.

O administrador Michael Neiman afirmou que o carinho é mútuo. “O que é incrível é ela ser tão positiva na sua fé. A sua presença age como um íman para os outros. Quando ainda permitíamos visitantes, todos paravam no quarto dela para a visitar”, afirmou sobre Lucia, que diz ter “sempre um rosário nas mãos”.

Neiman disse ainda que Lucia dá força aos funcionários e residentes. “Ela traz bênçãos a todos e reza com todos os que precisam. Sente-se a bondade extrema nela”, observou, acrescentando que reza com Lucia pelo menos uma vez por dia. Se estiver mais em baixo, reza duas.

 

Artigo de Lois Rogers, publicado em Catholic News Service e Crux, a 6 de Abril de 2021