Arquidiocese de Braga -

22 fevereiro 2017

As Se7e Últimas Palavras de Cristo na Cruz

Fotografia António Pereira

O actor António Durães, o Quarteto Verazin e o Pe. Manuel Morujão sj, vão ajudar-nos a meditar as 7 Últimas Palavras de Cristo na Cruz.

\n

9 de Abril, Domingo de Ramos, às 21h30, na Basílica dos Congregados, o actor António Durães, o Quarteto Verazin e o Pe. Manuel Morujão sj, vão ajudar-nos a meditar as 7 Últimas Palavras de Cristo na Cruz.

As 7 Últimas Palavras de Cristo na Cruz / Joseph Haydn

Breve introdução

As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz de Joseph Haydn é uma das obras musicais mais representativas do ‘Século das Luzes’. Mais de duzentos anos separam-nos desta época e, apesar disso, a sua mensagem espiritual e o seu potencial expressivo mantêm toda a sua vigência e todo o seu poder sugestivo. A maravilhosa luz que emana de cada uma destas páginas manteve-se intacta graças ao génio criativo, à riqueza interior e à capacidade para o simbolismo poético-musical do mestre de Esterházy.

Quando recebeu esta encomenda especial do cónego José Sáenz de Santamaría, nos começos de 1786, Haydn era já um compositor famoso, conhecido em todo o mundo da música; porém, sentiu-se rapidamente fascinado pela dificuldade especial do projecto. [A propósito do qual escreveria mais tarde:] … «Um cónego de Cádis pediu-me para compor uma música instrumental sobre as Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz. Na altura era habitual, na Catedral de Cádis, tocar todos os anos, durante a Quaresma, uma oratória cujo efeito ficava notavelmente reforçado pelo facto de as paredes, as janelas e os pilares da igreja ficarem cobertos de preto; só uma grande lâmpada pendurada no centro quebrava esta santa escuridão. Ao meio-dia eram fechadas todas as portas e a música começava. Após um prelúdio apropriado, o bispo subia para a cátedra, pronunciava uma das sete Palavras e comentava-a. A seguir, descia da cátedra e situava-se à frente dela. Este intervalo de tempo era preenchido pela música. O bispo subia para a cátedra e voltava a descer dela uma segunda, uma terceira vez, etc., e cada vez a orquestra tocava ao terminar o sermão. Na minha obra, tive de ter em conta esta situação. A tarefa consistia numa sequência, sem perder a atenção do público, de sete Adagios que deviam durar, cada um, à volta de dez minutos, e não foi nada fácil.»

Resta acrescentar que esta obra acabou por ser executada pela primeira vez na sua versão original para orquestra na Igreja de Santa Cueva de Cádis na Sexta-feira Santa de 1787, a 6 de Abril.

 

I

(Introdução / instrumental)

II

E tomaram Jesus, e o levaram. E levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, onde o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. E dizia Jesus:

PAI, PERDOA-LHES, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM.

III

E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemavam dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus:

EM VERDADE TE DIGO QUE HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO.

IV

E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena. Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe:

MULHER, EIS AÍ O TEU FILHO.

V

E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona. E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactáni; isto é:

MEU DEUS, MEU DEUS, POR QUE ME ABANDONASTE?

VI

Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse:

TENHO SEDE.

VII

Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse:

ESTÁ CONSUMADO.

VIII

… houve trevas em toda a terra… escurecendo-se o sol; e rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande voz, disse:

PAI, NAS TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO.

IX

(O Terramoto / instrumental)


Quarteto Verazin

O Quarteto Verazin, agrupamento de cordas residente do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV), apresentou-se oficialmente pela primeira vez em Julho de 2007. Participou em diversas masterclasses, nomeadamente com os quartetos de cordas Prazak, Fine Arts, Pavel Haas, Ardeo e Ebène, inseridas no FIMPV (edições de 2007, 2010, 2012, 2013 e 2014).

Trabalhou com Vladimir Mendelssohn e Jacek Klimkiewicz, na Folkwang Hochschule de Essen. Tem sido orientado pelos Professores Ryszard Wóycicki, Ana Bela Chaves, Radu Ungureanu e Pavel Gomziakov. O agrupamento dedica-se à divulgação do extenso repertório que muitos dos mais reputados compositores escreveram para quarteto de cordas (já interpretou em público obras de Joseph Haydn, Beethoven, Schubert,  Felix Mendelssohn, Antonín Dvorák, Claude Debussy, Maurice Ravel, Dmitri Shostakovich, Johannes Brahms, Borodin, Golijov, Grieg, Pärt, Hugo Wolf e Sergei Prokofiev).

Em estreia mundial, apresentou em Julho de 2008 o Quarteto nº 2 – “Movimentos do Subsolo”, de António Pinho Vargas, obra encomendada pelo FIMPV e gravada posteriormente em Outubro do mesmo ano (o respectivo CD foi lançado em 2009). Também em estreia mundial, apresentou em Julho de 2009 a obra “Verazin nº 1” expressamente encomendada pela 31ª edição do FIMPV ao compositor Carlos Azevedo. A formação insere-se regularmente na programação do FIMPV, desde 2007.

Participou nos “Dias da Música” de 2013 (Centro Cultural de Belém) e nas Semanas da Música 2013 (39º Festival Internacional de Música do Estoril).

É regularmente convidado a colaborar nas mais diversas actividades sócio-culturais no concelho da Póvoa de Varzim, além de outros palcos portugueses.


António Durães
actor

Profissional de teatro desde 1984, fez a sua formação na Escola de Formação Teatral do Centro Cultural de Évora. Trabalhou em várias estruturas teatrais do país, como os Teatros Nacionais S. João (Porto) e D. Maria II (Lisboa), o Centro Cultural de Belém, a Companhia de Teatro de Braga, a EGEAC (Teatros Municipais S. Luiz e Maria Matos), entre outras.

Na televisão, entre outras participações, integrou os elencos das séries Conta-me Como Foi, Noite Sangrenta, Pai à Força, e Os Boys. Durante quatro temporadas apresentou o magazine cientifico República do Saber, na RTP2.

Destacam-se nos últimos anos, enquanto actor, a participação nos espectáculos A Castro, de António Ferreira, O Mercador de Veneza, de Shakespeare, Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente, Antigona de Sófocles, O Doente Imaginário, de Moliere, e À Espera de Godot, de Becket e, muito recentemente, Os Últimos Dias da Humanidade, de Karl Krauss, recém-apresentado nos teatros nacionais S. João, no Porto, e D. Maria II, em Lisboa.

Integrou a equipa de actores que, a propósito do Ano Paulino, no Auditorio Vita, deu a ouvir as epístolas de S. Paulo, na íntegra.

Com o Teatro Ensaio, integrou o elenco que releu, primeiro no Convento S. Bento da Vitória, no Porto e, depois, também no Auditório Vita (entre outros locais), o poema O Cântico dos Cânticos.

Na igreja de São Paulo, a convite da autarquia de Braga, e no âmbito do projecto Braga Barroca, apresentou o Sermão do Bom Ladrão, do Padre António Vieira, inicialmente preparado e apresentado na Sé de Bragança e do Porto, no âmbito do projecto Rota das Catedrais.

É professor de interpretação (nos cursos de teatro e canto/música) da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE) desde 2001.

Integra o colectivo do Sindicato de Poesia, em Braga, desde a sua fundação.


Manuel Morujão sj

sacerdote

Manuel Morujão é sacerdote da Companhia de Jesus. Foi Superior Provincial dos Jesuítas emPortugal, de 1987 a 1993; Conselheiro Geral e Assistente para a Europa Meridional no governo central da Companhia de Jesus em Roma, de 2004 a 2008; Secretário Geral e Portavoz da Conferência Episcopal Portuguesa, de 2008 a 2014. É autor de vários livros de espiritualidade e pastoral, entre os quais: Viver com qualidade – Virtudes humanas e cristãs, Receitas de humanização, Celebrar e praticar a misericórdia, Oferecer o dia – Entregar a noite.

Tem orientado exercícios espirituais e retiros em Portugal e noutros países. Atualmente é superior da comunidade dos jesuítas ligados à Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e ao Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, em Braga; na arquidiocese de Braga é também Vigário Episcopal para a Vida Consagrada.