Arquidiocese de Braga -

1 setembro 2025

"Os sapatos de Deus" é o título da nova obra do Pe. José Miguel Cardoso

Fotografia DR

​​​​​​​Pe. José Miguel Cardoso

Apresentação do livro decorre esta sexta-feira em Guimarães

Na próxima sexta-feira, 5 de setembro, decorre na igreja de Nossa Senhora da Oliveira (centro histórico de Guimarães), a apresentação do novo livro do Pe. José Miguel Cardoso, intitulado Os sapatos de Deus. O evento tem início marcado para as 21h.

Após o ano transato publicar a obra Anatomia da Fé, sendo uma espécie de “introdução ao cristianismo”, a nova obra, por sua vez, explora agora dez temas centrais do mesmo cristianismo, a saber: ressurreição, fé, caridade, esperança, família, Igreja, ecologia, silêncio, humor e Maria (mulher).

O fio condutor deste puzzle teológico é um elemento transversal ao quotidiano de todos nós: os sapatos.  Como refere logo nas primeiras linhas, «a presença ou ausência de sapatos revela muito da humanidade». Desde os primórdios até aos nossos dias, o calçado deixou de ser um mero acessório para se tornar num objeto com um forte potencial simbólico, estando associado a uma caraterística inegável do humano: a mobilidade. Pela mesma razão, os sapatos são também um elemento fundamental para o próprio cristianismo, como já advertia São Paulo (Ef 6,15). Tecendo a teologia com a gramática dos sapatos, a obra pretende, assim, tocar as questões centrais não só do cristianismo, como também da própria humanidade. E com isto evidenciar a força cultural do próprio cristianismo, como expressa a pintura dos sapatos trinitários de Vincent van Gogh que dá textura à capa do livro.

Com prefácio do Cardeal José Tolentino de Mendonça, a obra foi publicada pela Editora Paulus e a apresentação estará a cargo do Pe. Doutor João Paulo Costa, investigador na Faculdade de Letras – Universidade de Coimbra (CECH-FLUC) e membro do International Network in Philosophy of Religion. O mesmo livro foi também publicado este mês em Roma, em língua italiana, com o título: Le scarpe di Dio.

rante os desafios da cultura pós-moderna em que vivemos, o cristianismo é desafiado a repensar a sua tática evangélica, passando de um teor apologético para um teor mais explicativo (Mt 11,25), a fim de saber narrar aos outros a razão da nossa esperança (1Pe 3,15). Se é certo que o cristianismo se resume a um único nome, Jesus Cristo (Fil 2,9), este nome precisa de ser explicado por outras palavras cruciais, as quais o tornam mais compreensível aos ouvidos do contemporâneo.

Neste sentido, o livro propõe reler 10 palavras centrais (decálogo) do vocabulário cristão: ressurreição, fé, caridade, esperança, família, Igreja, ecologia, silêncio, humor e Maria. Estas palavras permitem-nos, assim, recentrar e evidenciar uma outra identidade do cristianismo, não como se fosse um castelo, mas como um caminho... pois o Verbo (Palavra) encarnado (Jo 1,14), afinal, é também «o caminho» (Jo 14,6). Por esta razão, o fio condutor deste decálogo foca-se na metáfora dos sapatos, um elemento necessário a ter em conta nesse mesmo caminho (Mc 6,9).

Na verdade, desde os primórdios da humanidade até aos nossos dias, o calçado deixou de ser um mero acessório para se tornar num objeto com um forte potencial epistemológico e simbólico. Ele está associado a uma caraterística inegável do humano: a mobilidade. O calçado é o principal ponto de contacto do nosso corpo com o espaço, sendo uma espécie de “extensão corpórea”.

Mas além desta sua função prática, o calçado revela ainda muito sobre cada um de nós, quer seja o nosso estilo, o nosso estado emocional, o nosso estatuto social, a nossa personalidade… e até a nossa relação com Deus: eis o centro nevrálgico desta obra. De facto, se a humanidade se deve orgulhar do facto de “um homem ter pisado a lua”, talvez deva também maravilhar-se por conhecer “um Deus que pisou a terra” (Gl 4,4).

José Miguel Fraga Cardoso, natural de São Torcato (Guimarães), nasceu em 1986 e é presbítero da Arquidiocese de Braga (ordenado em 2011).

No seu percurso pastoral, foi responsável pelo Gabinete do Arcebispo Primaz de Braga, coordenador do Departamento Arquidiocesano para as Comunicações Sociais e formador no Seminário Menor (2011-2014), e pároco no arciprestado de Fafe, sendo responsável pelo Lar de Idosos de S. Romão de Arões e do Lar da Criança de Revelhe, instituição que acolhe crianças e jovens em risco (2014-2018). Entre 2018-2023, foi enviado pela Arquidiocese de Braga a aprofundar os estudos eclesiásticos na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma (2018-2023) e, desde 2023, trabalha no Dicastério para a Cultura e Educação da Cúria Romana (Vaticano).

É mestre em Teologia (2010), licenciado em Teologia Pastoral (2014) e Teologia Dogmática (2020), especialista em pastoral familiar (2022) e doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (2023).

Das suas publicações: Onde está o teu filho? Para uma pedagogia quotidiana diante da crise familiar (Editora Paulus, 2022); Escatologia Sapiencial. A herança escatológica de Karl Rahner e Johann Baptist Metz (Editora Livraria Diário do Minho, 2023); Anatomia da Fé. Introdução pós-moderna ao cristianismo (Editora Paulus, 2024); Os sapatos de Deus. Para um decálogo do cristianismo (Editora Paulus, 2025).

 


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