Arquidiocese de Braga -
14 julho 2025
Senhoras de Fafe reencontram-se perante uma multidão emocionada

DM - Rui de Lemos
Milhares de peregrinos na Festa da Senhora de Antime
O encontro das Senhoras de Fafe na Ponte de S. José voltou, ontem, a concentrar e emocionar uma multidão de milhares de fiéis. Como anualmente acontece, o concelho voltou voltou a viver o seu momento mais alto de fé e devoção às Senhoras das Dores e da Misericórdia.
Milhares de peregrinos voltaram, ontem, muitos descalços, a fazer-se à jornada do encontro entre as senhoras das Dores e da Misericórdia, na Ponte de S. José, no lugar do Lombo, em Fafe. Entre largada de pombas, foguetes e lágrimas, as Senhoras de Fafe voltaram a reencontrar-se no momento mais emotivo da peregrinação.
«O encontro das Senhoras tem sempre um encanto muito especial, traduz muita devoção, muita emoção e muita fé de todas as pessoas que participam», ilustrou, ao “DM”, o arcipreste José António Carneiro, acrescentando que «temos sempre a sensação que a cada ano temos mais pessoas a participar na peregrinação».
Antes do encontro e da caminhada que haveria de levar a imagem da Senhora da Misericórdia de Antime ao encontro da Senhora das Dores para que, juntas, rumassem ao centro da cidade, o pároco Tiago Costa havia, na homilia da eucaristia matinal, perguntado aos peregrinos para onde caminham para dar sentido à vida, para sermos felizes?, respondendo «com o nosso próximo», porque «alcançar a vida eterna passa por alcançar a vida dos outros e começa já aqui e agora», apontou. Olhando a Senhora da Misericórdia, o sacerdote sublinhou que «todos merecemos ter alguém que nos faça acreditar na vida, na bondade, na simplicidade, na amizade e no amor», acrescentando que a Senhora de Fafe é «o abraço da ternura de Deus».
A última peregrinação do padre Tiago Costa
Antime. O pároco de Antime, Tiago Costa, realizou ontem a sua última peregrinação. Vai rumar a Braga, no próximo mês, para assumir a Pastoral Vocacional. Parte de coração cheio e emocionado porque «esta peregrinação é especial, aquela que mais provoca e convoca as pessoas, com uma adesão tremenda e a comoção também é muita». Partir «também é especial porque levo comigo o que vivi ao longo destes quase dois anos, as pessoas, as alegrias e exigências, o crescimento humano e espiritual. Parto com gratidão, emoção e com a consciência traquila de que tudo fiz pelas três comunidades que servi», disse ao “DM”.
Fafe quer ver Senhora de Antime como património cultural imaterial
A Câmara Municipal de Fafe vai submeter «até final deste mês» a candidatura da Festa em Honra de Nossa Senhora de Antime a Património Cultural Imaterial. A vereadora da Cultura e Turismo, Paula Nogueira, assegurou, ontem, que no final da festa «ficam reunidas todas as evidências de que necessitávamos para fechar e concluir o ciclo».
Os diversos estudos sobre a romaria e a festa religiosa de Antime para formalizar a candidatura a Património Cultural Imaterial começaram em 2022, mas estão agora finalmente concluídos e praticamente prontos para formalizar a respetiva submissão ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI). «Com o final das festas, ficam reunidas todas as evidências de que necessitávamos para fechar e concluir o ciclo, e depois é apenas uma operação digital», concretizou a vereadora Paula Nogueira, responsável pelo processo.
Ainda segundo a autarca, o processo tem alguns anos «porque houve necessidade de fazer a investigação e todo o levantamento etnográfico, antropológico, sociológico, historiográfico, e isto foi um trabalho demorado que o professor Jean-Yves Durand [professor auxiliar na Secção de Antropologia da Universidade do Minho] desenvolveu», suportou. Agora, «entendemos que temos todas as informações reunidas e acreditamos no sucesso», vaticinou.
A vereadora da Cultura da Câmara de Fafe revelou, ainda, que além daquele levantamento de caráter mais científico, o processo que informa e suporta a candidatura inclui largas dezenas de horas de entrevistas e testemunhos vivos, «incluindo um testemunho de mais de três horas do falecido padre Alfredo Saleiro, que era um devoto desta causa do registo no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, mas também do culto à Senhora de Antime, e só aí tivemos muitas mais horas só para processar a informação, mas a par disso temos os materiais todos recolhidos da hemeroteca, testemunhos, contributos de pessoas que foram recolhidos ao longo de todo este tempo».
Além disso, existe mais um aspecto das candidaturas que é muito importante para agregar e obter o sucesso: «tem a ver com aquilo que nós somos capazes de oferecer em termos de inovação e defesa deste património», adiantou Paula Nogueira, acrescentando que «aqui não está em causa o ritual, a devoção, o manter a tradição, ao contrário de outras, como se vê pela moldura humana, que todos os anos se renova, mas a questão está em passar esta herança de tradição para os mais novos e assegurar que o essencial deste ritual se mantém nas novas gerações». Por isso, a autarquia somou, nos últimos anos, novas expressões culturais e, ontem, momentos musicais à peregrinação em três locais da cidade.
Uma celebração genuína com cultura e o povo
O presidente da Câmara Municipal de Fafe, Antero Barbosa, sublinhou, ontem, ao “DM”, que as Festas de Fafe «são a celebração mais genuína da nossa identidade coletiva», traduzindo um efetivo «encontro entre a tradição, a cultura e o calor do nosso povo». Segundo o autarca, «este foi mais um ano em que vivemos com intensidade e emoção a expressão de fé à Senhora de Antime, padroeira que une gerações». Mas «estas festas são também um motor de dinamização económica local, com impacto direto no comércio, na restauração e no turismo.
O sucesso da programação, com concertos para todos os gostos, é fruto de uma organização de excelência dos serviços municipais. onde se destacam o envolvimento das associações, bandas filarmónicas, grupos de bombos, artistas locais e nacionais, forças de segurança e socorro, e claro, o público fafense, que sempre com entusiasmo e civismo dá alma a esta grande celebração que é de todos», valorizou Antero Barbosa.
Partilhar