Arquidiocese de Braga -

13 julho 2025

Relíquias de São Frutuoso regressam ao mausoléu em Real 900 anos depois

Fotografia DR

DM - Francisco de Assis

As relíquias de São Frutuoso, um dos Arcebispos Santos da Arquidiocese de Braga, vão regressar ao seu Mausoléu, Monumento Nacional, junto à igreja de São Francisco, em Real, no dia 18 de outubro deste ano. O anúncio foi feito, anteontem, pelo presidente da União das Freguesias de Real, Dume e Semelhe, e confirmado pelo pároco de Real, cónego Hermenegildo Faria.

A boa nova foi dada perante centenas de realenses e não só, que tinham participado ou assistido, precisamente, à recriação histórica do “Pio Latrocínio”, ou seja, do roubo das relíquias de São Frutuoso, numa noite do ano de 1102. Um roubo praticado a mando do Arcebispo de Compostela, D. Diego Gelmirez.

Apesar das diligências de São Geraldo, o então Arcebispo de Braga, não foi possível a devolução das relíquias.  No entanto, em 1967, ou seja, 865 anos depois, as relíquias de São Frutuoso foram finalmente devolvidas pelo arcebispo de São Tiago de Compostela a São Salvador de Montélios, em Real.

Segundo o cónego Hermenegildo, contudo, a «majestosa procissão» que trouxe as relíquias da Sé de Braga até à igreja paroquial de Real não as depositou no seu lugar natural, a Capela/Mausoléu de São Frutuoso, que o próprio Santo mandou construir para acolher o seu corpo, porque o lugar não estava preparado para isso. 

Assim, durante 58 anos, as relíquias foram mudando de lugar dentro da igreja paroquial no relicário construído para o efeito. Todavia, faltava dar os poucos passos necessários para que o último desejo de São Frutuoso fosse realizado.

Nos  últimos 15 anos, várias tentativas foram feitas, mas sem frutos efetivos. Este périplo vai encerrar-se no próximo dia 18 de outubro, nas primeiras Vésperas da festa de São Frutuoso. 

O pároco da paróquia de Real explica que a Divisão para a Rota das Catedrais do Património Cultural-Instituto Público, presidida por Raquel Varela,  em colaboração com a Paróquia de Real, estão a preparar a celebração da colocação das relíquias de São Frutuoso no seu lugar originário.

Arcebispos de Braga e de Compostela participam na cerimónia de transladação 

A cerimónia reveste-se de pompa e circunstância, pelo simbolismo e pelo facto de se terem passados 900 anos. Também por isso, tudo indica que o Arcebispo de Compostela participará na cerimónia simbólica do dia 18 de outubro, já enquadrada nas festas de São Frutuoso.

Assim, juntamente com este gesto simbólico, mas carregado de história, haverá ainda um conjunto de conferências científicas durante o dia e a apresentação de um livro ilustrado sobre o legado de São Frutuoso. 

O dia terminará com uma celebração presidida pelo Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, que se finalizará com colocação das relíquias no interior da Capela/Mausoléu. 

De acordo com o cónego Hermenegildo Faria, serão ainda apresentadas várias iniciativas visando a valorização do património e do legado frutuosiano.

Recorde-se o mausoléu  é uma capela de pequenas dimensões, em estilo pré-românico, com traça suevo-visigótica, aparentemente inspirada nos mausoléus bizantinos. O seu interior é considerado exemplar único da Arquitetura da alta Idade Média Galaica.

 

Real inaugurou monumento que evoca os 500 anos e homenageia os artesãos

A inauguração aconteceu no âmbito da Feira Quinhentista de Real, que começou no dia 11 e termina hoje.

A cerimónia inaugural contou com a presença do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, e  mais três vereadores, o executivo da União de Freguesias, liderado por Francisco Silva e com muitos realenses, confirmando-se, assim, o empenho e envolvimento do povo nestas comemorações, como se viu na recriação histórica do Pio Latrocínio – roubo das relíquias de S. Frutuoso.

Para além do monumento, com duas faces, Real ganhou um novo espaço requalificado, precisamente para acomodar aquela reminiscência. Trata-se de uma escultura feita por dois escultores de Esposende, João Sá e Alexandre Sá, pai e filho.

Na sessão, que antecedeu a abertura da Feira Quinhentista, o presidente da União de Freguesias lembrou que este era um compromisso público que tinha feito para assinalar os 500 anos da freguesia e que agora ficou concretizado.

E mostrou-se muito contente com o resultado. «Este monumento marca os 500 anos da freguesia de Real. Além de marcar os 500 anos, quisemos também homenagear algo que marca a freguesia, que são os artistas e os artesãos», disse Francisco Silva.

O autarca explicou que o monumento tem uma face em que estão os 500 anos da freguesia bem demarcados e tem outra face que tem os instrumentos que os artesãos utilizavam  nas suas diversas áreas artísticas. «Curiosamente, estes desenhos também faziam parte da primeira versão do brasão da freguesia. E passei isto ao escultor. E o escultor, a partir daí, desenvolveu uma maqueta, desenvolveu um desenho e o produto está aqui. Acho que está um produto muito bonito e que representa exatamente o que quisemos fazer».

O autarca referiu-se ainda à requalificação do espaço que estava abandonado e completamente subvalorizado. «Acho que ficou bom, está muito bonito e valorizou esta zona», considera, acreditando que marca esta edição da feira. Francisco Silva quer  chamar ao jardim, “Jardim Quinhentista”.

Por seu turno, o presidente da Câmara de Braga associou-se ao momento celebrativo dos realenses, e elogiou tanto o monumento de homenagem aos artistas e artesãos de Braga, como o próprio espaço que o acolheu.

Ricardo Rio salientou que muitas vezes não é a dimensão ou o custo da obra que contam, mas sim o que representa. E, no seu entender, este monumento «muito bem feito» representa muito para a paróquia, para a freguesia e para os realenses, de um modo especial os artistas e artesãos.

Sendo um dos últimos atos públicos que faz como presidente da Câmara, na companhia do autarca de Real, Ricardo Rio aproveitou para assinalar o relacionamento de «grande proximidade» entre ambos, apesar de serem de cores políticas diferentes. Tudo porque os dois puseram o interesse público acima qualquer questão partidária. E deu o exemplo do Convento de São Francisco, inaugurado no início deste ano, que fica como um dos marcos do mandato dos dois.

Em relação à Feira, o destaque de hoje é a Caminhada Cultural, às 9h30, com inauguração do Trilho Suevo-Visigótico, iniciativa para a qual todos estão convidados.

De resto, durante o dia há comes e bebes, que servem para angariar verbas para as associações locais.