Arquidiocese de Braga -

24 março 2025

Capela de Guadalupe celebra 300 anos com reforço do sentido de comunidade

Fotografia DM

DM - Carla Esteves

A capela de Guadalupe celebrou, ontem, 300 anos de existência, assinalando a data com uma cerimónia cheia de emoções, marcada pelo reforço do sentido de comunidade e pela esperança num futuro promissor para este belíssimo templo, que “não é apenas um edificado de pedras, mas um edificado de fé”. 

A eucaristia comemorativa deste tricentenário de vida foi celebrada pelo Bispo Auxiliar de Braga, D. Delfim Gomes, tendo a cerimónia ficado também marcada pelas presenças do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, do presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, e do presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva.

Foi tempo de agradecer e celebrar uma “História rica”, uma vez que foi precisamente a 23 de março de 1725 que o então Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, benzeu este templo no coração da cidade.

A juiz presidente da Irmandade de Nossa Senhora de Guadalupe, Flávia Silva, considerou a vasta moldura humana que esteve na cerimónia “um selo de garantia, de esperança e de continuidade da vida para esta comunidade, em cuja base está um sem-número de pessoas boas que se entregaram sem esperar nada em troca”.

Segundo Flávia Silva, nesta ocasião foram homenageados “aqueles de que não temos memória e aqueles de que temos, fazendo memórias para outros, daqui a 100, 200 ou 300 anos”. 

“Esta capela não é apenas um edificado de pedra, é, acima de tudo, um edificado de pessoas e de fé. Contamos convosco, com a Arquidiocese de Braga, com a paróquia de S. Victor, como sempre, ao longo destes anos, para nos auxiliar neste caminho”, disse a juiz presidente da Irmandade, deixando, assim, um apelo para que seja destinado um sacerdote à capela de Guadalupe, “alguém que ajude a caminhar” esta comunidade, depois do recente falecimento do cónego Manuel Azevedo Tinoco, no final do mês de fevereiro.  

O Bispo Auxiliar de Braga, D. Delfim Gomes, sublinhou a alegria e a importância de celebrar este dia em que, há 300 anos, foi benzida a capela de Guadalupe, um dos espaços patrimoniais mais surpreendentes do património bracarense, que “guarda” um magnífico retábulo-mor, uma das últimas obras de André Soares.

Recordando que o culto neste templo se mantém vivo até hoje, D. Delfim Gomes debruçou-se depois sobre a leitura de domingo, para salientar “a paciência de Deus para connosco”, reforçando que “o Deus Criador é também o Deus Libertador, que aparece na nossa vida e nos cumula com a Sua bênção, bondade e misericórdia”.

O prelado apontou ainda o Tempo da Quaresma como “tempo de oportunidade para descobrir o princípio da fé e eliminar os obstáculos, para nos aproximarmos de Deus”.

Neste caminho até à Páscoa e no dia em que a capela de Guadalupe celebrou 300 anos, o Bispo Auxiliar de Braga lembrou que “o caminho até à Páscoa é de conversão e deve inspirar uma mudança de coração”.

Terminou com um desafio do Papa Francisco, recordando os presentes que “nunca é tarde, mas vamos começar agora, já hoje, no hoje da nossa existência”.

Placa comemorativa renova proteção de Nossa Senhora de Guadalupe à cidade 

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, descerrou, ontem, a placa comemorativa dos 300 anos da Capela de Guadalupe, gravada para renovar a promessa inscrita a latim, na fachada do templo,  onde pode ler-se: “Protegerei esta cidade”.

Coube ao presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva, explicar a simbologia da placa, sublinhando que “uma capela que celebra 300 anos no alto da cidade merece, de facto, continuar bem erguida e continuar a pedir proteção para toda a cidade”.

“Por isso, esta placa  foi colocada no pilar da capela, de modo simbólico, para continuar a dar sustento, para estar na base da capela e da comunidade e, acima de tudo, para que Nossa Senhora continue a proteger a nossa cidade”.

Coube depois ao edil, Ricardo Rio, descerrar a referida placa comemorativa, que reafirma esta promessa, declarando que na celebração dos 300 anos da capela, a Irmandade de Nossa Senhora de Guadalupe, juntamente com a Arquidiocese de Braga, a Câmara Municipal de Braga, a Paróquia de S. Victor, a Junta de Freguesia de S. Victor e o Grupo Coral de Guadalupe renovaram a dedicação deste templo, bem como a proteção para a cidade de Braga».

As cerimónias contaram ainda com um segundo momento formal, em que o presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Manuel Tibo, descerrou, no Parque da Capela de Guadalupe, uma placa de homenagem ao padre Martins Capela, professor e eminente arqueólogo, nascido em Terras de Bouro.

Tendo sido uma “grata surpresa” descobrir que também o padre Martins Capela passou pela comunidade de Guadalupe, tendo celebrado no templo a sua missa nova, em 1866, e que durante muitos anos, enquanto habitante do antigo Seminário de S. Pedro, ali passou muitas das suas tardes, a Irmandade quis prestar-lhe homenagem.

Celebrando-se este ano o centenário da morte do padre Martins Capela, o presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, não quis deixar de se deslocar à capela de Guadalupe, em Braga, para prestar homenagem a este ilustre terrabourense.

No final das celebrações tempo houve ainda para um momento de convívio, com toda a comunidade reunida para cantar os parabéns à capela de Guadalupe.