Arquidiocese de Braga -
6 março 2025
Igreja de Braga desafia fiéis a seguirem um estilo de vida “contracorrente”

DM - Jorge Oliveira
A Catedral de Braga esteve ontem repleta para a celebração da Missa e Imposição das Cinzas, momento que marca o início do tempo da Quaresma
A Arquidiocese de Braga iniciou ontem, com a Catedral repleta de fiéis, o tempo quaresmal com a celebração da Missa e Imposição das Cinzas.
Na homilia, o Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, convidou os fiéis a aproveitarem este tempo litúrgico de preparação para a Páscoa para fazerem uma verdadeira transformação interior e seguirem um estilo de vida diferente da corrente atual.
“As etapas do Ano litúrgico da quaresma-páscoa são uma oportunidade renovada para um caminho de verdadeira conversão pessoal, pastoral e missionária. Nos trilhos da conversão ao Evangelho, a oração e a vida espiritual, é tempo de ir contracorrente, porque a corrente dominante é um estilo de vida superficial, incoerente e ilusório”, sublinhou.
O Arcebispo convidou os fiéis a, durante este tempo quaresmal, fazerem jejum e a serem caridosos, através da esmola, mas de forma discreta.
“O jejum e a esmola são as duas asas da oração, como pregava santo Agostinho. O jejum leva a submeter o corpo ao espírito. Por isso, a Quaresma é um itinerário da cabeça aos pés. Tudo o que fizermos, façamo-lo com discrição e no silêncio crente, orante e confiante”, afirmou.
Parte da renúncia quaresmal para Guiné-Bissau
Este ano, a Arquidiocese vai destinar a renúncia quaresmal à aquisição de livros litúrgicos, especialmente do Missal Romano, e outros livros para oferecer às Dioceses de Bafatá e de Bissau, na Guiné-Bissau, bem como para o Fundo Arquidiocesano “Partilhar com Esperança”.
Estes “pequenos gestos”, disse D. José, são uma forma de «semear esperança nos corações» daqueles que mais precisam.
O prelado aludiu ainda para necessidade de os cristãos viverem a Quaresma numa atitude de arrependimento, conforme exorta S. Paulo no Evangelho: “Irmãos: Nós somos embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus”.
Segundo explicou, o arrependimento não deve ser encarado como “autopunição”, mas “reconhecer a dor maior, isto é, não se sentir amado por Deus. O arrependimento não provoca dor. O pecado é a recusa do Pai de Deus Pai”.
O Arcebispo recordou que os católicos podem neste Ano Santo Jubilar receber a indulgência plenária, o perdão de Deus “sem limites”, vivendo-a com fé, esperança e caridade, mas lembrou que a indulgência plenária só pode ser fruída mediante certas condições determinadas pela Igreja como “confessar-se sacramentalmente, receber a Eucaristia, de preferência durante a própria celebração eucarística; rezar segundo as intenções do Papa”.
“A concessão da indulgência plenária, uma só vez por dia, é para o próprio fiel ou pode também aplicar-se aos defuntos por modo de sufrágio, segundo o Manual das indulgências da Igreja”, acrescentou.
Os fiéis podem receber a indulgência plenária ao longo do Ano Jubilar participando nas peregrinações dos Arciprestados à Sé primaz, conforme o calendário já publicado, bem como nas seis basílicas menores da Arquidiocese - Congregados, Sameiro, S. Pedro do Toural, S. Bento da Porta Aberta, Bom Jesus do Monte e S. Torcato - e no Santuário Eucarístico de Alexandrina de Balasar.
Até ao momento realizaram-se as peregrinações jubilares dos arciprestado de Fafe, Braga e Barcelos. D. José Cordeiro aproveitou para agradecer o modo (‘criativo’) como têm vindo a acontecer estas peregrinações.
“Que o impulso simbólico desta peregrinação seja capaz de manifestar a necessidade ardente de renovar a conversão e a reconciliação pessoal, pastoral e missionária”,
Imposição de cinzas e admissão de catecúmenos
Após a homilia, decorreu o rito da imposição de cinzas aos presbíteros, diáconos, seminaristas e aos fiéis que participaram na celebração. Um momento de penitência e de compromisso com a conversão.
Momentos antes, na homilia, D. José recordou o simbolismo das cinzas usadas neste rito litúrgico, as quais resultaram da queima dos ramos benzidos no Domingo de Ramos do ano anterior e às quais foi misturada água benta para lembrar a origem pascal e batismal dos católicos.
Ainda a propósito, citou o compositor Gustav Mahler que afirmou: «a tradição não é o culto das cinzas, mas a guarda do fogo», para dizer que a Quaresma é tempo de manter viva a chama da fé.
Na Missa de Cinzas, que foi concelebrada por capitulares, o bispo auxiliar, D. Delfim Gomes, e o Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, e solenizada pelo Coro do Seminário, foram apresentados e admitidos seis catecúmenos que na noite da Vigília Pascal (19 de abril) vão receber os sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia) depois de concluído o habitual período de formação catequética.
Os católicos de todo o mundo começaram ontem a viver a Quaresma, com a celebração de Cinzas, um tempo litúrgico, de 40 dias (sem contar os domingos), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência.
Este tempo serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão que este ano acontece a 20 de abril.
A Quarta-feira de Cinzas é, juntamente com a Sexta-feira Santa, um dos únicos dias de jejum e abstinência obrigatórios.
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