Arquidiocese de Braga -
19 fevereiro 2025
Formação permanente do presbitério é crucial para “melhor servir”
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DM - Jorge Oliveira
Arcebispo de Braga presidiu à Recoleção do Clero no Espaço Vita
O Arcebispo Metropolita de Braga sublinhou ontem a importância da formação permanente do presbitério em ordem a um discernimento pessoal e comunitário para «melhor servir» a Igreja e a sociedade.
D. José Cordeiro falava à margem da Recoleção do Clero de 2025, no Espaço Vita, em Braga, uma jornada de formação que contou com uma reflexão do teólogo galego Julio Martinez, s.j. sobre o significado e o valor da consciência moral e a sua relação com o discernimento.
Em declarações ao Diário do Minho, o Arcebispo enfatizou que é fundamental os sacerdotes terem, além de momentos festivos, celebrativos, de recoleção e retiro, formação dita intelectual que aborde as dimensões humana, espiritual, pastoral e também a sinodal que acontece nos arciprestados uma vez por mês e na Arquidiocese em vários momentos ao longo do ano pastoral.
A Arquidiocese de Braga propõe anualmente ao presbitério um dia inteiro dedicado ao estudo e reflexão de uma temática ou de uma componente da vida do ministério sacerdotal.
A jornada deste ano centrou-se na parte moral relacionada com a pastoral da vida do quotidiano no anuncio do Evangelho.
Segundo D. José Cordeiro, a formação permanente é crucial para os sacerdotes, bispos, diáconos e seminaristas manterem acesa e renovar a “chama do amor de Deus”, conforme inspira o lema de São Bartolomeu dos Mártires (antigo Arcebispo de Braga), “Arder e Iluminar”.
O prelado vincou ainda que estes momentos de formação, preparados pela equipa permanente de formação da Arquidiocese, são sempre uma “oportunidade renovada de encontro e de renovação no peregrinar”, mas não dispensam os membros do clero de procurarem por si próprios aprofundarem os seus conhecimentos teológicos e a razão da sua fé.
Neste contexto, D. José destacou a necessidade de estar sempre atento aos sinais dos tempos e preparado para por-se a caminho, na certeza de que “só um coração ardente é que faz caminhar os pés, é que faz caminhar também a vida das comunidades”.
“Num tempo tão desafiante como o atual, em que a crise domina todos os setores da vida, a Igreja não é indiferente. No entanto, a crise, no seu sentido mais profundo, oferece também uma oportunidade para reflexão, avaliação e discernimento, permitindo tomar decisões que conduzam a melhores caminhos”, vincou.
Na conferência que abriu esta jornada de formação, proferida após uma oração, o teólogo Julio Martínez, professor de Teologia Moral na Universidade Pontifícia Comillas (Madrid), refletiu sobre a consciência moral, o discernimento e o momento sinodal que a Igreja está a viver.
Falando da importância da moral na Igreja e para o mundo, o sacerdote afirmou que atualmente «a situação moral do mundo é muito complicada» relacionado isso aos populismos dominantes em vários países.
Assumindo uma posição crítica a alguns chefes de Estado, nos continentes americanos, europeus e asiáticos, disse que Igreja pode dar muito ao mundo com os seus valores morais cristãos, sempre numa base de diálogo e não polarizando os assuntos.
Lembrando que a Igreja assume uma atenção especial pelos pobres e os excluídos, o sacerdote procurou incentivar os colegas da Arquidiocese de Braga a que façam todos os possíveis no dia a dia para que a doutrina social da Igreja chegue a todos e seja de todos, porque «ninguém é inútil».
“Todos somos chamados a responder com ações ao que o Papa tanto nos pede: escutar o mundo, ir ao encontro dos outros, dialogar com todos, dar voz aos que não têm voz, curar as feridas”, disse.
Neste movimento de saída, acrescentou, o Cristianismos não deve ser apresentado “como um moralismo”, mas como um “dom concedido por Deus”.
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