Arquidiocese de Braga -

15 janeiro 2025

Comunicado do Conselho Permanente da CEP

Fotografia DACS

Assessoria de comunicação da CEP

Fátima, 14 de janeiro de 2025

1. O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, na sua reunião de 14 de janeiro em Fátima, apreciou muito positivamente o encontro sinodal das dioceses portuguesas realizado no dia 11 de janeiro, bem como as suas conclusões preliminares (seguem em abaixo). A sua concretização continua na vida das dioceses e comunidades ao longo deste ano jubilar que estamos a viver em toda a Igreja.

Como pedido pelos participantes, será realizado um segundo encontro sinodal nacional nos inícios de 2026.

No seguimento da última Assembleia Plenária, o Conselho propôs que as próximas Jornadas do Episcopado (16 a 18 de junho de 2025) sobre o tema da Sinodalidade sejam abertas a representantes das dioceses, dos institutos de vida consagrada, dos movimentos e dos organismos nacionais da Conferência Episcopal.

2. O Conselho manifestou agrado pela recente reprovação pela Assembleia da República dos projetos legislativos sobre o aborto e reiterou a doutrina da Igreja, expressa recentemente pelo Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz: «…faço apelo a um firme compromisso de promover o respeito pela dignidade da vida humana, desde a conceção até à morte natural, para que cada pessoa possa amar a sua vida e olhar para o futuro com esperança, desejando o desenvolvimento e a felicidade para si e para os seus filhos». Reconheceu ainda o papel das associações católicas que, de forma competente nas respetivas áreas de ação, se manifestaram contra os projetos de legislação entretanto reprovados.

3. Foram abordados outros temas, cuja análise mais detalhada e sua divulgação serão objeto da reunião de fevereiro do Conselho Permanente: montante da Campanha de Advento/Natal para a Terra Santa (espera-se ainda o envio de algumas dioceses); iniciativas concretas do Jubileu a nível da CEP; processo das compensações financeiras às vítimas de abusos sexuais; preparação da próxima Assembleia Plenária (28 de abril a 1 de maio de 2025).

 

CONCLUSÕES PRELIMINARES do I Encontro Sinodal Nacional

[Fátima, 11 de janeiro de 2025]

1. No dia 11 de janeiro de 2025 decorreu, em Fátima, no Centro Pastoral Paulo VI, o primeiro Encontro Sinodal Nacional, organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com o objetivo de refletir sobre o Documento Final do Papa Francisco e da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade e a sua aplicação prática no seio das comunidades. O encontro reuniu 300 participante das dioceses portuguesas, contando com a presença dos Bispos de Portugal, dos membros das Equipas Sinodais diocesanas e dos Conselhos Pastorais de cada diocese. Estas conclusões preliminares, aprovadas pelos participantes, serão posteriormente enriquecidas com todas as propostas que os 36 grupos “sinodais” entregaram no final do encontro.

2. Na abertura do encontro, D. José Ornelas lembrou que o Documento Final resulta de um percurso sinodal iniciado em 2021 e que o acolhimento e estudo deste Documento serve para discernir e inserir, nas Igrejas locais, a transformação sinodal proposta para toda a Igreja. Assinalando que o verdadeiro caminho sinodal começa agora, D. José Ornelas destacou a importância deste Encontro Nacional e a necessidade de que seja replicado nas dioceses, paróquias, comunidades de vida consagrada, grupos e movimentos para uma participação ativa de todos na renovação eclesial. “Este Documento pode e deve mudar as comunidades e a vida da Igreja em Portugal. Não pode ser só para estar na prateleira e fazer citações dele”, disse ainda o Presidente da CEP. 

3. A manhã de trabalhos iniciou-se com a apresentação do Documento Final feita por dois membros da Equipa Sinodal da CEP, Padre Eduardo Duque e Carmo Rodeia. O Documento Final do Sínodo sobre Sinodalidade, intitulado "Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão", sintetiza os principais frutos do processo sinodal e apresenta intuições para uma Igreja mais inclusiva e participativa com ênfase na escuta, na colaboração e na renovação missionária, mantendo a fidelidade ao Espírito Santo.

A sinodalidade não é uma opção, mas uma característica essencial da Igreja do presente e do futuro, onde a escuta e a consideração mútua, o discernimento coletivo e a colaboração entre todos os batizados são a face da mesma fraternidade. Por isso, deve ser vivida em todos os níveis da Igreja, desde a base até à hierarquia, num clima de comunhão onde todos têm igual dignidade como batizados, exigindo uma conversão permanente e uma verdadeira disponibilidade para experimentar um novo modo de viver a fé em Jesus Cristo, nas realidades do dia-a-dia, mais apoiados uns nos outros, sem deixar ninguém para trás e com a participação do maior número. O documento sugere ainda que a Igreja para ser sinodal precisa de aprofundar a dimensão espiritual de todo o Povo de Deus. A escuta de Deus deve ser o ponto de partida para qualquer discernimento e a Igreja deve cultivar uma espiritualidade que leve à ação, à compaixão e à solidariedade com os outros, sem descurar a formação contínua dos seus elementos.

4. Em oração, na escuta do Espírito e uns dos outros, os 300 participantes reuniram em grupos e apontaram, ao final da manhã, alguns ecos do Documento Final do Sínodo: 

  • Sem conversão pessoal não há processo sinodal. Só assim é possível promover uma mudança de mentalidade e uma conversão das relações para uma pastoral e missionária para acolher o Sínodo que é um processo frágil e dependente do cuidado de cada um.
  • A Igreja renova-se na oração, com a escuta do Espírito e a escuta uns dos outros com empatia, humildade, respeito e acolhimento, e deve atuar de forma corresponsável, garantindo a participação de todos, em comunhão, na diversidade ministerial. Torna-se, por isso, necessário cultivar uma maior consciência de que cada batizado é protagonista da missão da Igreja e que os organismos de participação eclesial devem ser espaços de escuta para concretizar essa mesma missão.
  • A Sinodalidade é o estilo de vida do cristão e revela-se como instrumento ao serviço da missão, da abertura à sociedade e do diálogo com a cultura, nomeadamente com as periferias, em especial os migrantes. A Igreja tem de abrir as suas portas a todos e ser agente ativo na inclusão e acolhimento, procurando os que estão fora.
  • Uma formação exigente para a sinodalidade é urgente no seio das comunidades para que seja possível estimular à criatividade na missão e apelar a um maior compromisso de todos, procurando chegar aos diversos meios sociais, políticos e educativos.
  • A Igreja não deve ter receio de avaliar e ser avaliada pela sua ação, sendo esse um contributo fundamental para uma maior transparência e essencial para a sua contínua conversão.
  • É preciso vencer o medo da novidade e cultivar na Igreja uma pastoral digital, acolher os jovens, dando-lhes maior abertura e protagonismo. 

5. Em nova ronda de trabalhos de grupo, seguindo o método sinodal, os participantes responderam à pergunta “Como concretizar a Sinodalidade na vida das comunidades?”. Da partilha no plenário final, emergiram as seguintes linhas de atuação:  

  • Dinamizar os Conselhos Pastorais Paroquiais, criá-los onde ainda não existem, tornando-os representativos, inclusivos, participativos e transparentes com o Povo de Deus;
  • Melhorar o planeamento pastoral a partir da realidade concreta, criar hábitos de avaliação sistemáticos nas comunidades e cultivar uma cultura de transparência e prestação de contas em todos os setores da Igreja;
  • Formar para as práticas sinodais e lideranças partilhadas, sem medo de apostar em novas formas de agir, de forma que seja possível chegar a todas as estruturas eclesiais, aprofundando a espiritualidade batismal e potenciado a escuta e conversação no Espírito;
  • Desenvolver o ministério do acolhimento, escuta e acompanhamento, incluindo os leigos neste processo e criando espaços onde as pessoas possam ser acolhidas, ouvidas e encontrar possibilidade de curar as suas feridas;
  • Repensar os modelos de formação nos seminários, apostando nas dimensões humana e espiritual, promovendo mais vivências missionárias. 

No final deste dia de exercício prático da sinodalidade, os participantes concluíram que é urgente dar a conhecer e oferecer uma síntese prática do Documento Final a todas as comunidades e que se revela necessário realizar um novo encontro nacional, no prazo de um ano, para avaliar as boas práticas daquilo que se realizou.