Arquidiocese de Braga -

7 novembro 2024

Da Casa do Pão, alimento para os peregrinos de esperança

Fotografia DACS

Mensagem dos bispos para o tempo de Advento-Natal

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

1. A Igreja, da qual todos fazemos parte, está a viver um tempo belo de redescoberta de si mesma: somos irmãos que caminhamos em conjunto! Este processo, desabrochado pelo Papa Francisco e acolhido com grande entusiasmo por todos – leigos, pessoas consagradas, diáconos, presbíteros e bispos –, é irreversível e inacabado, pelo que não ficará refém dos anos em que estivemos a refletir mais diretamente sobre a sinodalidade (2021-2024), mas certamente trará novos horizontes de esperança para a vida da Igreja, para o modo de vivermos como batizados, para o estilo de serviço nas comunidades cristãs. 

Por isso mesmo, na nossa Arquidiocese quisemos também entrar todos “Juntos no Caminho de Páscoa”, fazendo um percurso que nos leva até à comemoração do segundo milénio da Ressurreição de Jesus, com um sentido renovado de ser Igreja, através de estratégias que potenciem uma participação ativa e criativa, a avaliação sobre a missão, um serviço e acolhimento a todos, a conversão ao Evangelho, a oração e a vida espiritual, bem como o alargamento dos horizontes da missão. Desta forma, queremos assumir que o nosso objetivo continua a ser o de sempre na missão da Igreja, que é “levar Jesus a todos e todos a Jesus”.

2. A missão da Igreja, na qual estamos plenamente alinhados, não pode ser descurada da oração, porque é na abertura ao sopro do Espírito Santo, na relação vital com Deus de todos os dias e no discernimento do caminho a seguir, que a missão se sustenta, que encontra a sua força e que nos faz sentir entusiasmados. Talvez por isso mesmo o Santo Padre tenha proposto um Ano de Oração em 2024, para nos fazer redescobrir a beleza da relação pessoal e comunitária com Deus, que O louva e adora por aquilo que Ele é; que Lhe agradece pelas maravilhas que Ele opera na nossa vida; e que suplica pelas necessidades e fragilidades próprias da nossa humanidade e de todos os que mais sofrem. 

Afinal, sem oração não há missão. Na oração sustentamos a vida, no seu sentido mais poliédrico, mas também crescemos, cultivando virtudes: a fé sólida e inabalável; a caridade fraterna e comprometida; a esperança alegre e pacificadora. Só assim entendemos que o Jubileu 2025 tenha assumido como tema “Peregrinos de Esperança”, que se abrirá na nossa Igreja Particular no dia 29 de dezembro, domingo e festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, com uma peregrinação simbólica de todos os Arciprestados à Catedral. É para trilharmos juntos este caminho, como o próprio hino do Jubileu exprime – “Toda a língua, povo e nação / tua luz encontra na Palavra. / Os teus filhos, frágeis e dispersos / se reúnem no teu Filho amado” – que convocamos todos os cristãos da Arquidiocese de Braga: crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, doentes, presos, institucionalizados, famílias, agentes de pastoral, associações, grupos e movimentos de apostolado, políticos, governantes, pessoas de boa vontade, consagrados, diáconos, presbíteros... Com todos, queremos ser “Peregrinos de Esperança”!

3. Um reinício, um novo tempo, a abertura de um novo ciclo criacional ajudam a relançar o caminho que queremos trilhar como peregrinos. Mas para não desfalecermos, para não nos faltarem as forças, precisamos de ser fortalecidos pelo alimento essencial, o pão que dá vida. O Pão da Eucaristia, que é Cristo, na Sua Palavra e no Seu Corpo e Sangue, é o verdadeiro e único alimento dos cristãos. Ao relançar este trilho, somos convidados a olhar para Belém, a Casa do Pão, de onde partimos com Jesus para permanecermos firmes, sem ilusões, bem nutridos e dando passos seguros. É assim que o hino jubilar canta: “Ergue os olhos, move-te com o vento, / não te atrases: chega Deus, no tempo. / Jesus Cristo por ti se fez Homem: / aos milhares seguem o Caminho”.

Assim, o novo Ano Litúrgico e Pastoral, que se abre com o ciclo de Advento-Natal, sugere-nos também o cultivo da virtude da esperança, com passos simples e concretos. Por isso sugerimos que em todas as comunidades se adote a dinâmica “Passos de Esperança”.

Neste tempo de Advento, somos convidados a dar passos firmes de esperança, preparando o nosso coração para a chegada do Salvador. Este é um tempo especial, um período de renovação espiritual e pastoral, em que cada gesto, cada oração e cada momento de reflexão se tornam passos concretos no caminho para um Natal mais autêntico. 

4. A Esperança é a luz que nos guia neste percurso. Em cada semana do tempo de Advento e Natal, somos chamados a olhar para além de nós mesmos, a caminhar juntos como comunidade, a construir pontes de solidariedade e a acender a chama da confiança num futuro melhor. Esta é uma espera ativa, que nos desafia a sermos sinais vivos de esperança para quem nos rodeia. É assim que queremos continuar a fazer brilhar o projeto da Cáritas “10 milhões de estrelas – um gesto pela paz”.

Vamos, então, caminhar juntos, preparando o caminho do Senhor, com o olhar fixo na promessa de um Natal que renova o mundo. Que cada um de nós possa ser, neste Advento e Natal, um portador da esperança que vem de Cristo, do Pão que se faz Casa, onde se iluminam todas as sombras e trevas, para gerar esperança em todos os corações. 

Confiamos a nossa peregrinação jubilar de esperança a Santa Maria de Braga que «com o seu amor de Mãe, cuida dos irmãos do seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz» (Lumen Gentium 62).


 

Abençoado Advento e Santo Natal para todos!


 

D. José Cordeiro, Arcebispo Metropolita

D. Delfim Gomes, Bispo Auxiliar