Arquidiocese de Braga -

16 outubro 2024

Fundação AIS quer angariar 1 milhão de euros para ajudar a Igreja a enfrentar a situação de crise no Líbano

Fotografia AIS - DR

Paulo Aido e Filipe D’Avillez - AIS

Face à situação de crise profunda em que se encontra o Líbano, a Fundação AIS anunciou uma campanha de emergência a nível internacional com o objectivo de se angariar pelo menos 1 milhão de euros. O objectivo é ajudar a Igreja face aos enormes desafios humanitários causados pela guerra, nomeadamente pelos ataques aéreos e terrestres israelitas. Em Portugal está já em marcha uma campanha lançada pela AIS e que se intitula “SOS Líbano”.

Desde o primeiro dia de Outubro, com a entrada de tropas de Israel no Líbano, que este país enfrenta uma grave crise no plano humanitário com a Igreja a procurar ajudar todos os que tiveram de fugir das suas casas para regiões mais seguras. Os ataques das forças de Israel, que têm por objectivo eliminar a ameaça do Hezbollah ao norte de Israel, provocaram já uma vaga de mais de um milhão de deslocados internos em várias partes do país, sendo as regiões de Beirute, do Monte Líbano e do norte do Líbano as que mais sofrem com as dificuldades causadas por tantas pessoas em fuga.

Em todos estes locais, a Igreja abriu as suas instalações, incluindo salões paroquiais e casas de retiro a todos os que fogem das zonas mais perigosas. Estas instalações estão disponíveis para todos, independentemente da sua filiação religiosa ou étnica, uma vez que a Igreja cumpre o seu mandato bíblico de ajudar os necessitados. A Fundação AIS já contactou as sete dioceses e as cinco congregações religiosas que estão mais directamente envolvidas neste socorro humanitário, e procura agora angariar o dinheiro necessário para fazer face às necessidades mais urgentes, que na maioria dos casos incluem alimentos, produtos sanitários, colchões e cobertores, medicamentos e outros bens essenciais.

Milhares em fuga

Embora a crise esteja a afectar todo o país, as zonas mais atingidas pelas consequências directas da guerra são as regiões fronteiriças entre Israel e o Líbano. Os cristãos constituem uma parte significativa da população desta zona e estão a ser directamente afectados, apesar de não terem desempenhado qualquer papel nos ataques terroristas contra Israel. Milhares de cristãos foram obrigados a fugir de suas casas, o que na maioria dos casos tem levado à separação das famílias, pois se a mãe e os filhos procuram abrigo em instalações da Igreja ou em casas de parentes em áreas mais seguras, o pai normalmente permanece na casa da família para evitar o roubo de bens, apesar dos enormes riscos que essa situação possa acarretar. 

“Nas últimas décadas, o Líbano tem passado de crise em crise, sofrendo de instabilidade política, desde um afluxo de refugiados das guerras regionais, ao colapso económico, à explosão do porto de Beirute, que arrasou grande parte da cidade, e agora estes ataques de Israel”, afirmou Regina Lynch, presidente executiva da Fundação AIS. “Apesar de tudo isto, a Igreja continuou a servir as pessoas, prestando apoio material e espiritual em todas as ocasiões. A AIS tem estado ao lado dos nossos parceiros de projectos no Líbano e não os abandonará agora que enfrentam mais uma hora de dificuldade. Estamos confiantes que os nossos amigos e benfeitores compreenderão a urgência de se apoiar a Igreja no Líbano para que esta possa levar a cabo a obra de Deus ”, acrescentou.

Campanha de emergência

Procurando ir ao encontro de todos os pedidos de ajuda que chegam deste país, a Fundação AIS tem vindo a mobilizar os seus benfeitores e amigos um pouco por todo o mundo para uma resposta solidária. Portugal foi mesmo dos primeiros secretariados da instituição pontifícia a lançar uma campanha para ajuda de emergência, a que se deu o nome de “SOS Líbano”. Logo no início do mês de Outubro, a directora da AIS no nosso país, Catarina Martins de Bettencourt enviou uma carta para casa de milhares de portugueses com um apelo concreto para a ajuda à comunidade cristã libanesa que enfrenta por estes dias um dos momentos mais difíceis da sua história. “O país já atravessava uma profunda crise económica, com uma inflação galopante que conduziu as famílias para a miséria. Mas, agora, tudo está ainda pior”, lembra Catarina Bettencourt. Nos últimos dias, face ao evoluir da situação, com o agravamento das condições de sobrevivência das pessoas, especialmente nas zonas mais atingidas pela violência dos bombardeamentos, as palavras de Catarina Bettencourt ganharam ainda mais relevância.

Solidariedade na afiliação

E tal como a responsável máxima da fundação pontifícia, também Catarina Bettencourt apela à solidariedade de todos para com esta Igreja que sofre no Líbano. “Nesta situação tão grave, todos somos chamados a ajudar a Igreja do Líbano, todos somos chamados a dar apoio aos padres e às irmãs que estão lá, no terreno, junto das populações em sofrimento. É nos momentos de angústia que se vê a nossa solidariedade. E é isso que peço, uma vez mais, a todos os benfeitores e amigos da Fundação AIS”, afirma Catarina Bettencourt na mensagem enviada para casa de milhares de portugueses. “Nesta hora de aflição em que o Líbano volta a ser um campo de batalha, é preciso ir em socorro dos que mais sofrem é preciso ajudar as famílias cristãs que estão assustadas e de mãos completamente vazias. A vossa ajuda é essencial, tal como as vossas orações. Muito obrigada, uma vez mais, por todos os gestos de carinho e solidariedade que os portugueses têm dado à Igreja que sofre no mundo”, conclui a responsável do secretariado português da fundação pontifícia.