Arquidiocese de Braga -

14 outubro 2024

Milhares de escuteiros assumem o desafio da construção de um mundo de esperança

Fotografia DM

DM - Joaquim Martins Fernandes

O Pavilhão Multiusos do Município de Guimarães ficou praticamente lotado no último sábado, 12 de outubro, pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE) da Região de Braga, que escolheu a “cidade-berço” para dar início ao novo Ano Escutista. 

No concelho que tem “o maior número de escuteiros entre os 308 municípios portugueses”, como fez questão de sublinhar o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, na sessão de acolhimento, os escuteiros católicos da Arquidiocese de Braga assumiram a missão de contribuir para “construção de um mundo melhor”.

O compromisso assumido perante o Chefe Nacional, Ivo Faria, e a Chefe da Região de Braga, Catarina Miranda, foi feito com o propósito de “devolver a esperança a um mundo ameaçado por várias guerras” e que “colocou em risco a sobrevivência do próprio planeta”. Trata-se de uma tarefa que será concretizada “em rede”, através do trabalho a realizar pelos escuteiros “em cada família, em comunidade, em cada paróquia e em cada arciprestado”, especificou a Chefe Regional de Braga do Corpo Nacional de Escutas. Catarina Miranda destacou que a cerimónia do início do Ano Escutista na Região de Braga ficou já marcado pelo “contributo” dos escuteiros para “a construção de um mundo de esperança”.

“Convidamos os participantes na cerimónia de hoje [ontem] a contribuir com a doação de bens alimentares, para ajudar as famílias mais carenciadas do concelho de Guimarães. O apelo teve uma resposta acima das nossas expetativas”, sublinhou Catarina Miranda, dando conta que os alimentos oferecidos pelos próprios escuteiros sinalizam “um bom início de um novo Ano Escutista”.

A vereadora da Câmara Municipal de Guimarães com a tutela da Ação Social, Paula Oliveira, precisou que os alimentos “vão ser distribuídos por um consórcio que integra sete instituições, que os irá distribuir pelas famílias mais carenciadas do Arciprestado de Guimarães e Vizela”.       

Arquidiocese de Braga é um oásis na realidade escutista na Europa  

Um oásis no espaço europeu. Foi como o Arcebispo Metrolita de Braga, D. José Cordeiro, caraterizou ontem a dinâmica do escutismo católico na Arquidiocese. “Nós somos a região do país com maior número de escuteiros. Essa é uma realiza que cria algum impacto. E quando estamos em outras realidades e dizemos que a Arquidiocese de Braga tem 234 Agrupamentos de Escuteiros e cerca de 14 mil escuteiros, as pessoas não acreditam, porque pensam que esta dedicação já não existe”, disse D. José Cordeiro. 

O Prelado bracarense, que falava na sessão oficial de abertura do Novo Ano Escutista na Região de Braga, confidenciou que esteve, recentemente, em Santiago de Compostela, Espanha, num encontro que reuniu vários bispos europeus, e que a força do escutismo em Braga causou perplexidade. “Nesse encontro de um comité das Conferências Episcopais Europeias que tratam da Pastoral Universitária e da Pastoral Juvenil, quando falei da realidade de Braga e de Portugal nem queriam acreditar. Disse-lhes ‘vão ver’”, referiu o Arcebispo Primaz das Espanhas, sublinhando que “nós somos, então, um oásis na Europa”.

O Arcebispo de Braga destacou que a singularidade de Braga na dinâmica escutista “é também uma grande responsabilidade”. É que embora sendo muitos os escuteiros na Arquidiocese, “todos somos poucos para responder às necessidades cada vez mais exigentes” do nosso tempo, que devem ser enfrentadas com “coragem da esperança” que inspira o lema do novo Ano Escutista, mas que é também um desafio a cada um. 

“A todos os dirigentes e, em concreto, aos chefes de Núcleo da Região de Braga, líderes na evangelização, a vós que sois as mãos que constroem a esperança, recordo-vos que a vossa ação educativa terá sempre que conhecer os desafios deste tempo”, sublinhou D. José Cordeiro, e destacou que cabe também a cada escuteiro a missão de “tornar fecunda a mensagem de Jesus Cristo, a qual ilumina e dá sabor às vidas concretas das crianças e dos jovens”. 

Acolher a todos

Trata-se de uma missão que se concretiza “acolhendo a cada pessoa na sua humanidade, que é sempre uma história única, entrelaçada de feridas e conquistas, fragilidades e talentos”. Certo de que a humanidade atravessa “um tempo que é crítico”, marcado pela necessidade de “mudanças rápidas” que “por vezes, nos deixam baralhados e confundidos”, o Arcebispo apontou ao caminho da esperança.

“Jamais poderemos ceder à tentação de converter a proposta cristã em mãos de pedras doutrinárias, em moralismos e outras coisas que terminam em ismo. A missão da Igreja é acolher todos como são, procurando ajudar a que se tornem ainda mais ao jeito de Jesus”. Isto porque “é este grande sonho de levar Jesus a todos” que deve orientar quem assume tarefas de responsabilidade na Igreja, vincou D. José Cordeiro, notando que, “há, às vezes, alguns dirigentes, alguns padres, alguns assistentes, alguns agentes pastorais que têm muita dificuldade até em dizer isto ‘levar Jesus a todos’, porque ainda não está com o vencido nem interiorizou essa ideia no seu coração”.

Destacando a ideia que a celebração da abertura regional do Ano Escutista ocorreu na “icónica cidade de Guimarães”, D. José Cordeiro evocou o refrão da Jornada Mundial da Juventude ‘A cidade-berço acolhe com o coração’ testemunha a todos quantos se cruzarem com os nossos escuteiros que o Corpo Nacional de Escutas oferece um estimado contributo para a construção da fraternidade, a defesa da liberdade e da dignidade de cada ser humano”.



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