Arquidiocese de Braga -

7 outubro 2024

Mensagem do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos para o Dia Mundial pelo Trabalho Digno 2024

Fotografia Fons Heijnsbroek/Unsplash

Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos

A promoção da justiça social e de uma economia para a vida com que o nosso movimento se comprometeu nos próximos 4 anos só é possível se todos os homens e mulheres tiverem acesso a um trabalho digno, isto é, emprego com uma remuneração adequada (em efetivo ou em espécie), segurança no trabalho e condições laborais saudáveis. Infelizmente, as tendências da atual situação política mundial parecem querer ignorar os pequenos contributos e os passos conquistados até agora no âmbito dos direitos e liberdades pessoais. A crescente ascensão e tentativas de chegar ao poder dos partidos da extrema direita constituem uma ameaça sem precedentes para os valores da democracia, o Estado de direito, a igualdade e a justiça.

Com vista à celebração do Dia Mundial pelo Trabalho digno a 7 de outubro de 2024, unimo-nos aos movimentos na Europa na sua declaração contra a ascensão ao poder dos partidos de extrema direita e às suas negativas consequências no âmbito dos direitos pessoais e naquilo que diz respeito ao trabalho digno.

Pela democracia e os direitos humanos

É com grande preocupação que nós, as organizações membros do MMTC, observamos o regresso das políticas populistas de direita, por vezes mesmo de extrema direita, em muitos dos nossos países. Os trabalhadores, funcionários, e frequentemente, as pessoas em situações precárias sucumbem face às estratégias nefastas dos partidos neofascistas e pós-fascistas de todo o mundo. Inclusive os membros sindicais também estabelecem certas amizades. Acreditamos firmemente que recorrer ao populismo e ao extremismo de direita é incompatível com a dignidade do ser humano no trabalho. Quase todos os partidos de extrema direita do espectro político estão empregando uma política económica e financeira extremamente liberal. Protegem as altas rendas e os mais ricos, além disso negam a obrigação social da propriedade, sobretudo aos ricos. O seu credo é o poder do mercado e a redução da responsabilidade do Estado social. 

As pessoas que, por diversas razões, só podem trabalhar parcialmente, são sistematicamente injustiçadas, no mesmo patamar que os trabalhadores imigrantes. Ao nível internacional, o nacionalismo ou a ascensão económica do próprio país, erigida como máxima suprema por estes partidos, conduzem a uma implacável competência global por custos laborais mais baixos. Quem vota por eles declara-se contra a sua própria dignidade e nega a solidariedade internacional com todos os povos a que estão chamados os cristãos.

O engano dos seres humanos para desprezar a humanidade e prejudicar-se a si mesmo corresponde à advertência de Jesus no evangelho de Mateus: «Mas, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos! São inevitáveis, decerto, os escândalos; mas ai do homem por quem vem o escândalo!» (Mt 18, 6). Sublinhamos afincadamente que, para os nossos movimentos, o respeito pela dignidade humana, a democracia e o Estado de direito são as condições fundamentais de uma sociedade justa e digna. Consideramos que uma das razões pelas quais tantas pessoas podem ser seduzidas por estas correntes políticas é porque, um grande número dos nossos concidadãos, com as suas preocupações pelo futuro e as suas angústias materiais, já não são percebidos pela política ou são deliberadamente ignorados.

O populismo e a extrema direita estão a beneficiar de um aproveitamento tóxico de frustração e protesto contra a má gestão da crise por parte de muitos governos. As chamadas «soluções simples», tais como são propagandeadas por Donald Trump, Vladimir Putin, Marine Le Pen e muitos outros populistas, parecem mais atrativas na nossa época de mudança climática exagerada, ameaça permanente à ordem mundial de paz e de profundos processos de transformação económica. Debilitam e destroem o estado de direito e a democracia, danificando permanentemente as condições essenciais para o crescimento da justiça social, que é a única forma de obter um trabalho digno.

A nossa vocação como trabalhadores cristãos é desenvolver e organizar uma sociedade em que cada pessoa possa viver e trabalhar com dignidade com todos os outros. Estamos convencidos de que uma política ao serviço da democracia e dos seus direitos fundamentais baseia-se na vontade de compromisso, capacidade de integração e vontade de superar a oposição política e as divisões culturais. Por isso, seguindo Jesus Cristo, dedicamo-nos com todas as nossas forças à proteção e desenvolvimento da democracia. Lutamos com todas as forças políticas e da sociedade civil «de boa vontade» por uma comunidade mundial democráticas que se preocupa pela dignidade do homem e seu trabalho.

 

Mensagem escrita por Stefan- B. Eirich

KAB Alemanha