Arquidiocese de Braga -
18 julho 2024
Arquidiocese de Braga vai passar a contar com a dedicação de quatro novos padres
DM - Joaquim Martins Fernandes
O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, vai ordenar no domingo, 21 de julho, na Cripta da Basílica do Sameiro, quatro novos padres. Servir é o desafio assumido por João Conde, Sérgio Araújo, Tiago Nogueira e Pedro Fraga, que elegeram como lema da ordenação presbiteral o tema central do V Congresso Eucarístico Nacional “Reconheceran-nO ao partir do pão”.
“Nós aproveitamos toda a envolvência que estava em curso para o congresso como marca para o início deste nosso ministério. Sabendo que a centralidade da eucaristia ainda vai alimentar as comunidades, entendemos que devemos regressar a esta dimensão espiritual eucarística, porque deverá ser esta a forma de renovação da igreja. O que quisemos foi regressar às fontes e procurar na espiritualidade que está na eucaristia e fazer disso um marco para o nosso ministério, para a nossa ordenação”, disse Pedro Fraga, em entrevista conjunta ao Departamento Arquidiocesano para a Comunicação Social (DACS) e ao Diário do Minho.
Na mesma linha vai Tiago Nogueira, que vê na Eucaristia o centro da vida da Igreja. Sérgio Araújo acrescenta que a escolha do tema do congresso para lema da ordenação sacerdotal traduz também “a ideia de querer continuar o trabalho” desenvolvido pelo V Congresso Eucarístico Nacional. João Conde nota que a opção pelo lema “Reconheceram-nO ao partir do pão” é um sinal de que os quatro diáconos que vão ser ordenados sacerdotes querem integrar na sua vida sacerdotal “a centralidade da Eucaristia, sem a qual a Igreja não vive”. “É fundamental que na nossa vida sacerdotal consigamos reconhecer o Senhor Jesus ao partir do pão, na Eucaristia. É esta experiência que também permite alimentar a vida dos outros, em comunidade”, salienta João Conde.
Estágio mostrou como é a realidade
Sobre a experiência de um ano de diácono, Sérgio Araújo afirma que o serviço ao Povo de Deus “está a confirmar muito as muitas expetativas” que estiveram na base da ordenação. O diácono, que está a trabalhar no Arciprestado de Celorico de Basto, acrescenta que o serviço à igreja “está a correr muito bem”. Mas também a forma como foi acolhido pela comunidade “tem sido muito gratificante”, acrescenta, para precisar que “sempre” foi acolhido “com um sorriso, com o apoio, o incentivo e um carinho muito grande”, quer pelos fiéis em geral, quer pelo pároco orientador, “que sempre mostra o seu apoio e a inteira disponibilidade para caminhar junto comigo”, destaca Sérgio.
Tiago Nogueira, que tem feito o seu estágio na Unidade Pastoral de Brufe e Santo Adrião, no Arciprestado de Famalicão, afirma que “está a ser um desafio muito bom”. A passagem “da teoria para a prática” tem confirmado que o trabalho no terreno nem sempre coincide com o que aprendeu na teoria. “A prática é humana e isso é que é o belo deste tempo da testagem: olharmos para a humanidade das pessoas e perceber que Cristo está presente em algumas humanidades feridas e naquelas humanidades belas. É uma realidade muito diferente daquilo que é a teoria e é um desafio que me permite aprender muito”, destaca, sublinhando “a aprendizagem” que ao longo do estágio lhe tem sido garantida pelo sacerdote orientador, “sobretudo naquilo que é a humildade e a escuta”.
Já o diácono Pedro Fraga não esconde as boas surpresas que vai encontrando nos nove meses do estágio que realizou na paróquia do Senhor dos Navegantes, no Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
“É costume dizer-se que cada povo tem o seu Deus. E isso é interessante, porque quando nos aproximamos de uma comunidade, aproximamo-nos de novas tradições, novos costumes e novas formas de estar e de ser Igreja. Isto permite-nos aprender com o povo, que é o ‘sensus fidei’ e que nos dá o ânimo e o alento necessário para caminharmos», refere, vincando que o estágio também despertou “o sentido de uma memória agradecida por ter sido muito bem recebido pelo pároco orientador”, que também tinha sido o seu prefeito no seminário.
Alegria e responsabilidade na caminhada para o sacerdócio
Com a ordenação sacerdotal cada vez mais próxima – domingo, dia 21 de julho –, os quatro diáconos que vão ser ordenados sacerdotes – João Conde, Sérgio Araújo, Tiago Nogueira e Pedro Fraga – não escondem a expetativa que vão vivendo. “É um sentimento misto de várias coisas. O habitual nervosismo, porque vamos passar a estar no altar de uma outra forma”, confessa Sérgio Araújo, destacando “a grande alegria” que também estão a sentir. “Temos a grande certeza que teremos sempre ao nosso lado Jesus Cristo, que não nos vai largar nunca”, afirma.
Pedro Fraga coloca o sentimento de inquietação entre os que mais se evidenciam, por causa “da grande responsabilidade” que o sacramento da Ordem confere. Mas acrescenta que “depois surge a alegria própria da vocação”. Também Tiago Nogueira não esconde “o nervosismo e a ansiedade” próprios do dia de ordenação sacerdotal, que é fortemente marcada “pela confiança”. Assume que “o sentido de responsabilidade de ser presbítero” é uma realidade incontornável, mas “a certeza de que Jesus chamou-nos e não nos deixa sós e que estará sempre ao nosso lado para nos apoiar é uma garantia” que “faz prevalecer a confiança”.
João Conde antecipa que a ordenação seja “um momento de grande intensidade”. A concretização da “vocação sacerdotal, que se faz de homens que são humanos, que têm carne e osso e que também erram”, é também apontada para uma incursão “à crise das vocações em geral e não apenas à crise de sacerdotes”.
“Um sacerdote é alguém que escolheu servir os outros com alegria. E se essa alegria conseguir contagiar outros para o serviço ainda é melhor”, destaca Conde. Tiago Nogueira destaca o contributo dos exemplos de vida que levaram à opção pelo sacerdócio. “Nós os quatro, ao escolher este caminho, fizemo-lo porque também encontrámos sacerdotes que foram exemplares para nós. O seu estilo de vida fez-nos querer ser como eles e transmitir aos outros a alegria e o amor que vimos neles”, afirma o ainda diácono, sem esquecer que na vida de um padre “com certeza que há as feridas, mas o amor à vocação e à missão falam muito mais forte”. Reconhecendo que “a dimensão da alegria e do amor não é tão visível nem tão falada como a das feridas, porque não é notícia”, Tiago Nogueira assume que «mostrar aos outros» a realidade sacerdotal completa “é também um desafio” que pode ajudar a despertar novas vocações. “Mostrar que vale a pena escolher Jesus neste estado de vida é um desafio”, acentua Tiago, assumindo que “é mesmo um desafio belo”. Na mesma linha de Tiago Nogueira vai Pedro Fraga, que vê na vocação sacerdotal um diálogo do homem com o silêncio de Deus. “Quando me pedem para falar sobre a vocação, lembro sempre desta fase: ‘Deus é o silêncio do universo e o homem é que dá sentido a esse silêncio’. E penso que é isso, ou seja, é no deixar-se interrogar por este silêncio, porque qualquer forma de estar na Igreja tem sempre a particularidade de procurar estar com Jesus”, vincou, para deixar claro que “esse procurar, em especial na vocação sacerdotal, é deixar-se interrogar, deixar-se mover pelo desejo que nos faz ser, crer e fazer”.
Com a ordenação sacerdotal no horizonte, os quatro diáconos criaram nas redes sociais um grupo que sintetiza a forma como vêem o sacerdócio. “Temos um grupo que se chama servidores. E aquilo que a Igreja de Braga pode esperar de nós é que sejamos servidores. O diaconado não termina com a ordenação presbiteral, continua, seremos sempre diáconos”, assumem.
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