Arquidiocese de Braga -

O Concerto de Verão da Orquestra Filarmónica de Braga (OFB) constitui mais uma prova de que a música, em particular a de excelência, pode ser o veículo perfeito para apoiar as causas sociais mais merecedoras. Assim, com o intuito de assinalar o encerramento da temporada e celebrar os seus 17 anos de existência, o Espaço Vita aliou a sua vontade à da OFB para realizar, no próximo dia 5 de julho, às 21h30, um espetáculo cuja receita de bilheteira reverterá integralmente para a Cáritas Arquidiocesana de Braga.

O diretor do Espaço Vita, padre Tiago Freitas, considera que um dos grandes objetivos deste concerto é precisamente retribuir à comunidade, devolvendo aquilo que ela mesma ofereceu ao Espaço Vita ao longo do ano de 2024, que registou uma forte afluência e uma inequívoca demonstração de confiança por parte do público.

“Por isso mesmo consideramos que era importante associar-nos a uma causa solidária, não a título esporádico, porque já o vamos fazendo ao longo do ano, mas fazendo reverter a receita integral deste concerto a favor da Cáritas”, afirmou, apelando, porém, a que este contributo não seja entendido como uma “esmola”.

Recordando que em 2023, nos 50 anos da inauguração da coleção de arte moderna e contemporânea dos Museus do Vaticano, o Papa Francisco disse que “aqueles que são os pobres ou os mais desfavorecidos também precisam da arte e da beleza”, o padre Tiago Freitas adiantou que foi, por isso, lançado à Cáritas o desafio de selecionar um conjunto de pessoas que usufruem da sua ajuda para também eles estarem presentes neste concerto, beneficiando também do acesso à cultura.

O maestro Filipe Cunha, diretor artístico da Orquestra Filarmónica de Braga, realçou a “parceria feliz com o Espaço Vita” e revelou que este espetáculo será dirigido por dez alunos portugueses, espanhóis e italianos, que vão frequentar o 1.º Curso Internacional de Direção de Orquestra Braga 2024. 

No espetáculo serão apresentadas a exigente Serenata para Cordas de Tchaikovski e a Serenata para Cordas de Dvorák, que serão trabalhadas pelos alunos, ao longo da semana, em aulas teóricas e práticas.

“Temos alunos de grau superior, que já trazem uma bagagem daquilo que aprenderam e terão a oportunidade de mostrar a sua evolução”, revelou, sustentando que “a academia já tem reconhecimento oficial na licenciatura, e vai, a partir do próximo ano, ter reconhecimento oficial em mestrado e doutoramento de direção de orquestra, constituindo uma mais valia para os alunos saírem de Braga com este diploma e com a direção da OFB no currículo”.

Espetáculo representa “culminar” do 1.º Curso Internacional de Direção de Orquestra em Braga

O diretor artístico da Orquestra Filarmónica de Braga (OFB), maestro Filipe Cunha, revelou que o Concerto de Verão é também o culminar do 1.º Curso Internacional de Direção de Orquestra Braga 2024, que terá lugar em Braga na semana de 2 a 5 de julho.   

Considerando que haverá muito mais edições, dado o grande número de jovens músicos interessados, e fazendo votos de que este primeiro curso seja um sucesso, o maestro Filipe Cunha adiantou que o curso é organizado pela OFB em colaboração com a Academia Internacional de Dirección de Orquesta “José Collado”, de Valência, Espanha. 

Os dois professores, doutorados em direção de orquestra, virão de propósito de Valência, nessa semana, para dar formação específica aos dez alunos internacionais que estarão em Braga. 

“Não seria possível nós avançarmos com a concretização deste projeto sem o apoio do Espaço Vita, pelas condições que existem neste espaço, e que permitem que os alunos aqui fiquem circunscritos, sem mais despesas de deslocação, e inteiramente concentrados no curso, dando-lhes ainda a oportunidade de conhecerem a cidade”, afirmou.

O diretor artístico reforçou que o Espaço Vita é multifacetado e “tem tudo, desde a capela, que é fantástica para ensaios de ensemble pela sua fenomenal acústica, passando pelo auditório para o concerto final e os quartos para alojamento e refeições na cooperativa”.  

Filipe Cunha perspetiva “uma semana inesquecível para todos, onde vamos realizar um grande trabalho e assinalar o arranque de um projeto de futuro”.

“Estes alunos levarão daqui a ideia de um património cultural, paisagístico e gastronómico, à boa maneira de receber do Minho e de Braga”, resumiu.

Espaço Vita recebeu cerca de 80 mil pessoas

O Auditório Vita assinala, este ano, 17 anos de existência de um projeto que inicialmente se encontrava ao serviço da Arquidiocese de Braga e respetivas instituições e domínios de formação, mas que, nos últimos anos, se abriu cada vez mais à comunidade e a quem procura o seu apoio, colaborando ativamente nas mais diversas vertentes da cultura.

“Só este ano, em contas muito por alto, passaram por cá cerca de 80 mil pessoas e foram organizados mais de 150 eventos, o que é bem demonstrativo da atividade desta casa”, adiantou o diretor do Espaço Vita, padre Tiago Freitas.

Referindo-se ao Concerto de Verão da Orquestra Filarmónica de Braga como «uma alavanca para o encerramento da temporada do Espaço Vita (que funciona de setembro a julho, encerrando no mês de agosto) e o momento ideal para fazer um balanço da atividade deste espaço cultural, o padre Tiago Freitas apontou como outro motivo de orgulho, além da forte afluência, o facto de, este ano, terem sido apresentados no Vita vários projetos de cariz inovador. 

“Tivemos cá o Festival Literário Utopia, e a nível de música, o 12.º European Blues Challenge, e continuamos a ‘Mapear’. Mas também fizemos uma aposta forte num setor artístico, que é o humor, sem descurar a dança e a formação, incluindo a formação teológica, vários géneros de conferência”, explicou o padre Tiago Freitas, salientando as  muitas causas solidárias às quais o Espaço Vita se associou este ano, e desde o seu nascimento, já que “faz parte do seu ADN colaborar com escolas, instituições de ensino ligadas à arte, porque acredita que também pela cultura é possível educar pela cidadania”.

Cáritas vai avançar com  alojamento definitivo destinado às vítimas de violência doméstica 

O presidente da Cáritas Arquidiocesana de Braga, João Nogueira, revelou, ontem, que o valor angariado neste evento solidário será aplicado no apoio às vítimas de violência doméstica, área que também tem sido objeto do trabalho da Cáritas nos últimos anos.

“A Cáritas tem desenvolvido, no essencial, três respostas: uma de alojamento de emergência, numas instalações temporárias. Depois, no âmbito do ‘Espaço Igual-Estrutura de Apoio à Vítima’ fazemos acompanhamento exterior a pessoas vítimas e também disponibilizamos apoio psicológico a crianças vítimas de violência em contexto doméstico”, esclareceu João Nogueira.

Segundo o presidente da Cáritas de Braga a verba angariada com este espetáculo será destinada a instalações de acolhimento de emergência definitivas, uma vez que a Cáritas está atualmente a consolidar um projeto que irá permitir a construção ou reconstrução de um espaço para esta resposta de emergência.

“O projeto está em fase de especialidade e acreditamos que com esta iniciativa poderemos alavancá-lo para que tenha corpo ainda este ano para que ainda em 2025 possamos ter em Braga uma resposta definitiva de acolhimento de emergência”, disse, acrescentando que «todas as receitas serão canalizadas para este espaço que se pretende que venha a dignificar as condições das mulheres.

O projeto, que implica um investimento total na ordem dos 800 mil euros, contará com financiamento público a 85%. 

Para João Nogueira o espetáculo da OFB constitui «um presente» que assinala da melhor forma os 75 anos da Cáritas.

“Sentimo-nos orgulhosos por termos sido considerados e acreditamos que este evento será um sucesso, ainda mais  porque tem como propósito trazer à arte e a este espaço aqueles que são socialmente excluídos ou vulneráveis. Se não fosse por mais, este seria já um propósito nobre”, afirmou.