Arquidiocese de Braga -

23 fevereiro 2024

“Somos orgulhosamente uma instituição de mãos estendidas” para ajudar quem precisa

Fotografia DACS

DM - José Carlos Ferreira

Cáritas Arquidiocesana de Braga celebra 75 anos de história e ação

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O presidente da Cáritas Arquidiocesana de Braga, João Nogueira, agradeceu ontem a todos aqueles que têm ajudado a ajudar os mais necessitados ao longo de 75 anos. 

“Somos, orgulhosamente uma instituição de mãos estendidas. Estendidas para pedir ajuda em nome dos que mais precisam; estendidas para partilhar o que somos e temos com os mais desfavorecidos das nossas comunidades; estendidas para acolher e cuidar de todos os que depositam na nossa ajuda a esperança de dias mais risonhos; estendidas para prestar contas com transparência e construir caminhos em rede e comunidade”, disse João Nogueira. O presidente garantiu que, olhando para o passado, a Cáritas de Braga encontra conforto para encarar o futuro.

Ausente por razões de agenda, o Arcebispo Metropolita, não só se fez representar pelo Cónego Avelino Amorim, como também enviou uma mensagem em vídeo. Para D. José Cordeiro, a Cáritas Arquidiocesana de Braga “é um rosto decisivo da caridade nesta Arquidiocese”. “Que possa continuar a ser essa escuta ativa e construtiva para o maior bem de todos, de um modo especial dos que mais precisam, dos mais pobres, dos migrantes, daqueles que ninguém liga”, desejou o prelado. 

Para o Cónego Avelino Amorim a Cáritas “é muito mais que uma instituição, é o motor da caridade”. “A Cáritas tem este significado de ser o coração da nossa missão solidária, da nossa vida da caridade, é uma marca distintiva da nossa fé cristã”, acrescentou o sacerdote, que considerou ainda que 75 anos são sinal de maturidade.

A presidente da Cáritas Portuguesa sustentou, por sua vez, que Braga é um “belíssimo exemplo” das coisas que esta instituição nacional concretiza. A responsável nacional destacou a importância da Cáritas “de estar onde não existe quem faça”. “Encontramos sempre soluções diferentes para coisas diferentes”, frisou Rita Valadas.

A vice-presidente da Câmara de Braga, Sameiro Araújo disse estar presente para, em nome do município, dizer “obrigado”. A autarca reconheceu o trabalho e manifestou disponibilidade para continuar a colaboração. 

O diretor do Centro Regional de Braga da Segurança Social reconheceu ontem publicamente o trabalho que a Cáritas Arquidiocesana de Braga realiza em prol dos mais necessitados e desfavorecidos nas suas mais variadas áreas e projetos.

“É com muita satisfação que me associo a vossas excelências na comemoração dos 75 anos da Cáritas de Braga, homenageando uma história que merece ser distinguida por ser a partir dela que muitas outras histórias de pessoas de todas as idades foram possíveis de garantir”, disse João Ferreira.

“No passado, ao longo destes 75 anos, no presente, por todos os dias responder às necessidades de muitos dos nossos concidadãos”, salientou.

Cáritas de Braga realizou em 2023 mais de nove mil atendimentos

A Cáritas Arquidiocesana de Braga realizou em 2023 o atendimento a mais de nove mil pessoas nas suas diferentes respostas sociais.

“Só para se perceber melhor, no último ano o serviço de atendimento social recebeu 3394 pessoas, foram acolhidas 63 pessoas na Estrutura de Acolhimento Temporário para migrantes, 311 pessoas no Centro de Acolhimento de Emergência para Vítimas de violência doméstica (CAE) e integradas 11 pessoas em apartamentos partilhados”, salienta fonte da Cáritas de Braga. A mesma fonte adianta ainda que no Espaço Igual, para apoio à vítima, 61 pessoas foram atendidas e 53 crianças e jovens vítimas acompanhadas. Foram apoiadas 148 pessoas com programas de empregabilidade. Através do programa Proinfância, chegou, ainda, a 14 agregados familiares e 22 crianças e jovens em situação de pobreza ou exclusão social e a 275 pessoas de minorias étnicas através do B!Equal, entre outras iniciativas.

Faltam recursos para atender pedidos da população migrante vulnerável

A presidente da Cáritas Portuguesa disse ontem que, neste momento, a sua organização não tem recursos para atender todos os pedidos da população migrante vulnerável.

Falando à margem da cerimónia de celebração dos 75 anos da Cáritas Arquidiocesana de Braga, que aconteceu no Museu Pio XII, Rita Valadas disse que o problema já não se confina apenas às grandes cidades do país, mas a todo o território e a Cáritas não tem recursos para tal. 

“A situação mais crítica que realmente temos é a chegada de muitos estrangeiros, muito vulneráveis, que têm o problema da língua, que têm dificuldade de encontrar respostas. E, estão a chegar de tal forma que não conseguimos preparar-nos, nem sabemos o que é o futuro”, alertou.

Segundo garantiu, a situação está a preocupar a Rede Cáritas que, na última reunião do conselho geral deixou um pedido à Cáritas Portugal “para fosse visto o estado da situação, e que preparássemos alguma informação sobre isto, para alertar os decisores, os promotores e as pessoas em geral para esta situação que é claramente crítica, porque as pessoas estão a ficar em situações degradadas, o que não digno e, sobretudo, não há tradição de qual é o procedimento”, disse.

Para a presidente da Cáritas Portuguesa, é preciso agir em uníssono para se conseguir encontrar soluções mínimas e adequadas para ajudar estas pessoas. Questionada sobre se as respostas terão de ser diferenciadas conforme as cidades, Rita Valadas sustenta que não existe um padrão. “Nós fomos todos surpreendidos e, enquanto que a Cáritas em Portugal está habituada a dar a volta com muita criatividade nestas situações de surpresa, sobretudo as últimas emergências têm provocado na Cáritas respostas adequadas, neste momento não há recursos para isso. Portanto, a situação é crítica e não há procedimentos definidos. Eu chamo a atenção que o setor do Estado que toma conta disto também está em reorganização. Portanto, vivemos entre todos grandes fragilidades e grandes dificuldades. O nossa alerta é: estas pessoas não podem ficar na indignidade do nosso olhar. Nós queremos estar para agir com eles. Mas, nós estamos a  viver constantemente em situação de emergência sem conseguir dar o passo seguinte para a inclusão”, salientou.

Em Braga, a Cáritas Arquidiocesana tem um Centro de atendimento temporário para migrantes protocolado com a Segurança Social. Segundo o presidente da Cáritas Arquidiocesana de Braga, esta estrutura acolhe 25 pessoas. “Estamos a trabalhar com eles todo o processo que tem que ver com a parte da legalização, inserção cultural e profissional. Através do projeto INCORPORA estamos a apelar a muitas empresas para que a oportunidade a estas pessoas seja dada. Estamos a trabalhar mecanismos de transição em termos de habitação”, explicou João Nogueira.