Arquidiocese de Braga -

Largas dezenas de fiéis participaram, ontem, na primeira Via-Sacra quaresmal de 2024 nos Escadórios do Santuário do Bom Jesus do Monte.

Dinamizada pelas paróquias de Este São Pedro e de Tenões, esta primeira caminhada penitencial, integrada num ciclo de cinco Vias-Sacras, foi presidida pelo cónego João Paulo Coelho Alves, reitor da Basílica do Bom Jesus do Monte.

Nas meditações ao longo do percurso, tendo como cenário as estações representada nas capelas, foram recordados alguns dos flagelos e dramas da humanidade, como as guerras e os conflitos, e pediu-se paz para os povos nomeadamente da Ucrânia e da Palestina.

“Se acreditamos nos novos céus e na nova terra em que o bem vence o mal ainda estamos muito aquém, e a humanidade terá que se dar as mãos, sentir e não descurar a realidade que nos envolve e orar e, mais que orar, ser instrumento de paz”, disse o cónego João Paulo Alves.

A corrupção, os extremismos políticos nocivos para a sociedade, os populismos que enfocam as diferenças no sentido negativo foram outras das “chagas” mencionadas nesta Via-Sacra, desde o Pórtico até à Basílica dos Bom Jesus. Temas da atualidade que não devem passar despercebidos aos cristãos, antes pelo contrário, exigem uma atitude proativa, como alertou o pregador.

“Esta decadência da harmonia da humanidade provocada pelos populismos políticos e sociais carece de ser meditada, carece de ser denunciada publicamente e carece de chamada de atenção. Nós, como Igreja, como cristãos sabemos que a diferença do próximo enriquece-nos e a diferença de nós para o próximo também enriquece o próximo”, disse o cónego João Paulo Alves. 

Alertando para “tradições obscuras” que começaram a chegar à nossa sociedade, o pregador exortou os cristãos a ter “a coragem de enfrentar a realidade e deixar cair por terra estes clichés que nos afastam uns dos outros por causa de nacionalidade, por causa de preconceitos, por causa de religião”.  

A crise financeira, que afeta as famílias mais desfavorecidas, a degradação das condições de vida, o consumo desenfreado, a necessidade do cuidar da natureza (como pede o Papa Francisco) foram outros temas que estiveram presentes nesta primeira Via-Sacra. 

O ciclo, sob o lema “Juntos no Caminho da Páscoa: Levar Jesus a todos e todos a Jesus”, em sintonia com a mensagem do Arcebispo de Braga para a Quaresma/Páscoa, compreende cinco caminhadas penitenciais nos Domingos da Quaresma – quatro a partir dos Escadórios do Bom Jesus (18 e 25 de fevereiro e 3 e 10 de março) e a última, a 17 de março, desde a igreja de Santa Cruz, na cidade de Braga.

“É uma tradição longínqua e imemorial no tempo que começa no primeiro Domingo da Quaresma. Esta subida é sempre gratificante porque tem um significado espiritual. Subimos do mundo para a harmonia do alto com Jesus Cristo na Basílica, e percorrendo os passos da Via-Sacra meditamos os passos da Paixão de Jesus no sentido de que como Deus elegeu Seu Filho como parte dos nossos sofrimentos, nós, seguindo os passos de Jesus, também participamos no Seu sofrimento com toda a humanidade”, contextualizou o cónego João Paulo Alves.

No próximo domingo, 25 de fevereiro, dinamiza a Via-Sacra pelos Escadórios do Bom Jesus a paróquia de Gualtar. A caminhada penitencial no primeiro domingo de março, dia 3, é orientada pelas paróquias de Este São Mamede, cabendo à paróquia de Nogueiró a animação da Via-Sacra do dia 10.

As paróquias animam os cânticos e participam nas Leituras e nas meditações, tendo por cenário cada capela dos Escadórios, começando no Pórtico, às 15h, até à Basílica, onde finda a Via-Sacra com o cenário da Paixão de Jesus e a Eucaristia, o símbolo da Ressurreição de Cristo.