Arquidiocese de Braga -
18 fevereiro 2024
Opinião
Respostas Breves
Padre José Lima
Revemos na experiência pessoal quotidiana elementos da fé pascal, para que a lide diária possa obter mais significado em tempos agrestes e em cenários de profunda vulnerabilidade, como os de hoje. Eis algumas propostas.
Repensar/emendar permite aos temperamentos verificar se o que se faz habitualmente é o melhor e escolher talvez outros ingredientes para a comum convivência. Envolve cada um num delicado exame das suas formas de vida, para resolver continuar ou apenas para travar e mudar de trajetória. Verifica-se se a experiência tem sido congruente com os valores que apreciamos e nos quais acreditamos ou se é necessário enveredar por outros caminhos para atingir os patamares que desejamos. Devagar, sem pressas. Perante nós vão aparecendo dias que nos é dado viver, desenvolvendo atividades, construindo o presente, preparando o futuro e sendo arautos de uma idoneidade que nos confere um estilo próprio que ninguém nos pode arrancar, embora tenha a ver com todos e necessite de muitos para ser edificada.
Bonificar realmente, o que exige uma decisão pessoal, procurando o que mais convém a todos e tentando que o mundo em que habitamos não seja para poucos, mas pertença a todos, onde viver requer condições que só todos conseguimos, quando o espírito de muitos está do lado do bem. Sendo bom, o mundo fica melhor, mais tonificado.
Acreditar, sem peias, não apenas para o que mais interessa individualmente, mas numa perspetiva de totalidade. Não se pode acreditar em malefícios globais, embora apareçam em muitas curvas do caminho e tenhamos de lhes dar solução humana. Para isso vivemos também coletivamente e cedo verificamos que os outros são essenciais para prosseguir caminho.
Doar/partilhar, uma atitude que nem sempre corre espontaneamente. Muitos patenteiam necessidades que facilmente podemos colmatar. Precisamos talvez de “abrir os cordões à bolsa” e optar por resolver o que podemos sem nos lesarmos, sendo altruístas e conferindo aos bens pessoais destinatários que deles precisam. Não esperamos apenas para carpir passagens de vizinhos, mas somos destinados a apoiar a sua vida, sobretudo nos momentos de mais necessidade.
Universalizar, sendo de facto gente aberta ao mundo de todos. Não vamos fazer deste tempo um recanto apenas para os nossos, mas podemos ser mensageiros ativos de universalidade, o que se faz com uma simples assinatura numa prestação bancária que endereçamos a ONG’s que fazem de nós seres de comunhão com todos, mesmo desconhecidos. Em todo o mundo, da Europa à Oceânia há pessoas carenciadas, há crianças com fome, há seres humanos aflitos. A nossa solidariedade pode universalizar-nos.
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Estamos em Tempo de Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa. Talvez não seja displicente pensar nestas propostas que podem conferir um renovado estatuto à vida de cada um. Cinco desafios que fazem de nós seres de comunhão, unidos a toda a humanidade, solícitos e benevolentes, ativos e crentes, renovados sob o signo da Páscoa.
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