Arquidiocese de Braga -
12 dezembro 2023
II DOMINGO DO ADVENTO
Francisco Marcelino Monteiro Esteves
II Domingo do Advento_Ano B_Boletim de Padim da Graça nº 480_2023-12-10
SEGUNDO DOMINGO DE ADVENTO, ANO B
Uma voz grita no deserto, desperta a nossa atenção, sacode a indiferença, desafia-nos a levar a sério este tempo de Advento. É o anúncio da vinda do Messias, o Filho de Deus. Estamos dispostos a acolhê-lo com todo o nosso ser?
“Preparai o caminho”
Um novo grito ecoa no Segundo Domingo de Advento (Ano B): «Preparai o caminho do Senhor». Ao alerta inicial para estarmos preparados e vigilantes (que escutamos no primeiro domingo), junta-se a dupla voz profética de Isaías e de João Batista, figuras indispensáveis em qualquer Advento, ontem como hoje. Os profetas denunciam e anunciam: denunciam os comportamentos pecaminosos que nos afastam de Deus; anunciam que há sempre uma nova oportunidade de conversão, porque não é para nos entristecer, nem para nos encher de medo, a fé existe para nos consolar e para nos levantar, para despertar o desejo de Deus e nos animar a viver com esperança.
O anúncio jubiloso do profeta Isaías e a expectativa calorosa da Primeira Carta de Pedro encontram confirmação e resposta nos versículos do evangelho. Estamos no «princípio do evangelho de Jesus, Cristo, Filho de Deus», segundo a perspetiva de Marcos, provavelmente a mais antiga das quatro versões canónicas sobre a vida terrena de Jesus, reconhecido como Cristo e Filho de Deus.
«Preparai o caminho» para que Aquele que nos visita não encontre impedimentos. Uma coisa tem de ser clara: é Deus que vem para se encontrar connosco. O convite a preparar o caminho, antes de tudo, é um ato de confiança no amor que nos visita e sempre nos precede. Deus vem. «Mesmo que tu não o vejas, Ele vem; mesmo que não te apercebas, Ele percorre os teus caminhos. E é maravilhoso pensar num mundo cheio de pegadas de Deus, e os seus passos na esquina de cada rua» (Ermes Ronchi).
O meu presépio
A tradição de construir o presépio pode ser um contributo proveitoso, na reflexão sobre a importância de preparar o caminho interior, «a colocar-nos espiritualmente a caminho», como pediu o Papa Francisco, na Carta Apostólica sobre o significado e o valor do Presépio.
Ao escolher o local, ao colocar o musgo e a cabana, ao assinalar os caminhos e os riachos, ao pousar as ovelhas e os pastores, «uma grande emoção se deveria apoderar de nós […]. Assim lembramos, como preanunciaram os profetas, que toda a criação participa na festa da vinda do Messias».
Esta ‘série’, que intitulamos «O meu presépio, sinal admirável», quer contribuir para manter ou reavivar a tradição e motivar-nos a aproveitar a construção do presépio, além da simples decoração exterior, a iniciar um novo caminho de renovação espiritual.
Preparar o caminho interior, ao mesmo tempo que construo o presépio, é fazer também o presépio no meu coração. Ajuda-nos «a imaginar as várias cenas, estimula os afetos, convida a sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais». Aquele que veio à nossa carne é capaz de transfigurar a nossa vida e a toda a história.
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