Arquidiocese de Braga -

25 novembro 2023

Arcebispo de Braga pede à sociedade que não fique indiferente às perseguições religiosas

Fotografia DM

DM - Francisco de Assis

D. José Cordeiro esteve na apresentação do Relatório 2023 – Liberdade religiosa, que decorreu em Braga

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A  Sala Emaús do Centro Pastoral da Arquidiocese de Braga, acolheu ontem  a apresentação do “Relatório 2023 – Liberdade Religiosa no Mundo”, desenvolvido pela Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS). Depois de ouvir números dramáticos, o Arcebispo Metropolita de Braga pediu à sociedade, cristãos ou não, que não fiquem indiferentes às perseguições religiosas, que são também perseguições à liberdade e à dignidade humana.  

Além de D. José Cordeiro, anfitrião, a sessão contou com a presença de Catarina Martins de Betttencourt, diretora do secretariado português da Fundação AIS; e Paulo Aido, jornalista da AIS.

Foi precisamente Paulo Aido quem início às intervenções, fazendo uma abordagem global dos dados. Este responsável sublinhou o facto de, atualmente, das 196 países em análise, em 61 há violações à liberdade religiosa, o que representa sensivelmente 4.9 mil milhões de pessoas. Ou seja, cerca de 62.5 da população mundial vive em países com violações graves ou muito graves da liberdade religiosa. Sejam elas perseguições diretas sejam por discriminações.

Os números ganham estas dimensões gigantescas sobretudo porque nos países pais populosos do mundo, como China, Índia ou Nigéria, há violações da liberdade religiosa e dos direitos humanos em geral. Isto porque são países totalitários.

Na China destaque, pela negativa, pelas 500 milhões de câmaras de vigilgância espalhados pelo país, que servem para controlar e perseguir pessoas.

A Nicarágua colocou a América no “Mapa da Vergonha”, ao perseguir e prender bispos, padres e cristãos em geral.

O relatório refere que em 34 países, os locais de culto ou propriedades religiosas são atacadas ou danificadas; em 36 países os agressores raramente são punidos pelo sistema judicial; e em 40 países, pessoas são mortas ou raptadas por causa da sua fé.

Coube à diretora do secretariado português da Fundação AIS a missão de detalhar os números do Relatório.

Tanto Catarina Martins como Paulo Aido fizeram refletir os presentes, mostrando que, numa altura em que as sociedades se mobilizam, e bem, por causas como animais, minorias ou clima, fica indiferente às perseguições e morte de cristãos no mundo.

Consciencializar cristãos e sociedade contra esta anestesia

Quanto ao Arcebispo de Braga, apesar de já conhecer muitos dos dados do relatório, mostrou-se «impressionado» e «chocado» com muitos dos dados revelados pelos responsáveis da Fundação AIS.

D. José Cordeiro falou da coincidência de a Liturgia de ontem falar mártires do Vietnam. E lembrou que, em pleno século XXI, nunca houve tantos mártires como atualmente.

Por isso, entende que este Relatório é uma «ferramenta» que deve servir para alertar as consciências dos cristãos e da sociedade em geral para esta espécie de «anestesia» que deixa as pessoas «indiferentes» a tantas mortes ou perseguições.

Tanto mais que, recorda, «atentar, violar a liberdade religiosa é também atentar e violar os direitos humanos, é reduzir a dignidade humana», sublinhou.

Oásis que se vive em Braga não deve adormecer consciências

O Arcebispo Metropolita considera que a Arquidiocese de Braga é ainda um «oásis», mesmo quando se fala de Portugal e da Europa.

A participação popular nas festas dos padroeiros, nas procissões religiosas são sinais disso mesmo.

Ainda assim, pede que, sobretudo os cristãos, não adormeçam, que participem em orações e/ou atividades ou eventos que permitam denunciar ataques à liberdade religiosa.

Durante a apresentação os responsáveis da Fundação AIS pediram ao Arcebispo faça alguma coisa no sentido de ajudar a consciencializar as pessoas. Sugeriu-se, por exemplo na Oração dos Fiéis.

De salientar que, de imediato, D. José Cordeiro telefonou aos responsáveis do Departamento da Liturgia, perguntando se há alguma reforma em curso para que, em caso afirmativo, sejam incluídas intenções sobre os cristãos perseguidos.