Arquidiocese de Braga -

10 novembro 2023

Igreja de S. Vicente reinaugurada em festa pelo culto, pela cultura e pelo património

Fotografia Avelino Lima

DM - Francisco de Assis

Arcebispo de Braga agradeceu a todos aqueles que estimam o património espiritual e cultural de Braga.

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A Irmandade do Mártir São Vicente e a comunidade cristã daquela paróquia bracarense celebraram ontem, dia 9, a reinauguração da igreja, considerada um dos ex-libris do barroco da cidade de Braga e não só. Embora ainda haja um caminho a percorrer na recuperação de todo seu o esplendor, esta reabertura significa a recuperação do templo para o culto, para a arte, para a cultura e para o património, uma vez que pode ser desfrutado por todos.

A escolha do dia para a cerimónia não foi obra do acaso. É que ontem celebrou-se a festa litúrgica da Dedicação da Sede Papal, a Basílica de São João de Latrão, a partir da qual foi fundada a igreja de S. Vicente, como se pode ver pela cruz papal de três braços, no topo da fachada principal.

Na sessão festiva, além da Irmandade de São Vicente, presidida por Angelina Pinto; e do pároco, padre Rui Sousa, estiveram o Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro; o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio; o presidente da CCDR-N, António Cunha; e Daniel Pinto, presidente da Junta de Freguesia de S. Vicente.

A Irmandade mostrou-se agradecida a todas as  entidades oficiais, mas também a algumas personalidades que estiveram diretamente envolvidas no sucesso deste projeto, que vai a meio. Entre eles, o arquiteto da obra Francisco Azeredo, o deputado Firmino Marques,  e o caricaturista Adão Silva.

A sessão começou com uma “visita guiada”, aos trabalhos realizados, a cargo de Francisco Azeredo, que explicou o que foi feito, garantindo que uma das prioridades foi “acarinhar e respeitar” o imóvel, a sua história e património, como ex-libris de Braga.

Este responsável referiu que a prioridade foi estancar a degradação, intervindo na cobertura, por causa da humidade, o tratamento das fachadas laterais, a cantaria e, no interior, o pavimento, que era de madeira de pinho, com ventilação forçada.

Por sua vez, a presidente da Irmandade de S. Vicente declarou-se “feliz” e até “comovida” pela conclusão desta primeira fase das obras na igreja. 

Segundo Angelina Pinto o projeto “Abrigar e Promover S. Vicente” tem como principal objetivo “restaurar e reabilitar a igreja de S. Vicente e valorizar os bens patrimoniais e culturais que dela fazem parte”. Recordou que o nome surgiu precisamente durante as celebrações da festa do Padroeiro, em que a imagem de S. Vicente estava a ser  banhada pelos pingos de chuva.

  De acordo com esta responsável, as obras inauguradas ontem foram resultado de uma candidatura ao Programa Operacional Regional do Norte – Norte 2020. A operação custou 439.656 euros e beneficiou de um cofinanciamento de 340.158 euros. “O projeto ‘Abrigar e promover S. Vicente’ foi e é um verdadeiro desafio. Pois todos queremos continuar a devolver a dignidade e identidade à igreja de S. Vicente”.

“Pérola” que é um espaço de fé, de arte e de património

António Cunha confessou-se satisfeito por estar na inauguração das obras, sobretudo por ver o resultado, devolvendo beleza e dignidade a uma igreja que é uma “pérola do barroco” bracarense e não só.

Apesar de apreciar os agradecimentos, o presidente da CCDR-N afirmou que não fez mais nada do que a sua obrigação, ou seja, canalizar fundos públicos para um projeto meritório que foi a recuperação deste património. 

António Cunha elogiou ainda a AOF, empresa que executou a intervenção. “É um património para Braga e para o país”.

O antigo reitor da UMinho deixou também palavras elogiosas à Irmandade de São Vicente pelo trabalho cívico em prol do património.

Quanto ao presidente da Câmara de Braga, também enalteceu a «extraordinária» obra de recuperação deste património que é de Braga e não só.

Ricardo Rio corroborou a ideia de António Cunha segundo a qual a igreja ou parte dela corria mesmo risco de ruir. Daí a urgência na sua intervenção e o empenho de todas as entidades públicas, mas sobretudo da comunidade de S. Vicente.

Até porque, sustentou, trata-se de uma igreja que é um espaço de fé, mas é também de cultura, de história e de património. 

Por seu turno, o presidente da Junta de S. Vicente, também congratulou-se com a conclusão desta primeira fase da obra. Recordou o caminho percorrido desde 2013, o empenho da comunidade vicentina.

Daniel Pinto salientou que a sua satisfação ia além do facto de ser presidente de Junta, mas também como paroquiano de S. Vicente. "Este espírito de comunidade dos vicentinos foi fundamental para a convencer as entidades oficiais".

A última intervenção foi do Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, que estabeleceu a ligação do passado com o presente, com ponte para o futuro, como se pode constatar na página seguinte. 

D. José Cordeiro agradeceu aos benfeitores e saudou a igreja de S. Vicente, pela ligação à Igreja Mãe, a Igreja de S. João de Latrão, paróquia do Papa. O arcebispo presidiu a Eucaristia em ação de graças.

Na sua intervenção, agradeceu a todos, em nome próprio, mas também em nome da Arquidiocese de Braga e em nome de todos aqueles que estimam o património espiritual e cultural de Braga. Até porque, revelou que sente "o pulsar desta cidade e desta arquidiocese no panorama nacional e internacional. As igrejas, santuários e capelas desta cidade falam-nos gloriosamente do passado, desafiam-nos no presente e tocam-nos a nós rasgar os caminhos do futuro".

D. José falou nas igrejas como locais de paz. Revelou que muita gente têm procurado igrejas à procura de momentos de paz. “O facto de ir a uma igreja, ver uma torre de igreja, mostra a ligação do homem com Deus e de Deus com a criação. Tudo isto significa também coesão social, coesão territorial e dignidade da pessoa humana”, disse, elogiando a recuperação.