Arquidiocese de Braga -

17 julho 2023

Novos padres de Braga incentivados a serem felizes na missão evangelizadora

Fotografia Diana Carvalho

Francisco de Assis - DM

Cripta do Sameiro acolheu ordenações dos padres Tiago da Costa, Bruno Lopes, Vítor Couto e Rafael Gonçalves

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A  Arquidiocese de Braga tem, desde ontem, quatro novos presbíteros, que vão iniciar as suas missões nos arciprestados de Barcelos, Terras de Bouro, Fafe e Póvoa de Varzim/Vila do Conde. Na cerimónia de ordenação sacerdotal, o Arcebispo de Braga incentivou os novos padres a serem credíveis e felizes na sua missão evangelizadora de servir a Deus e à comunidade. 

A cerimónia ficou marcada também pela bênção e envio dos novos presbíteros, mas também do casal de Famalicão, Hugo e Ana, que vai reforçar a missão em Ocua, Moçambique.

D. José Cordeiro regozijou-se com as ordenações e agradeceu às famílias, com um ramo de flores, aos formadores e párocos.

Na homilia com o título “Padres felizes na alegria do Evangelho”, aproveitando a parábola do semeador, o Arcebispo de Braga referiu que parece que o semeador desperdiça tempo e cansaço. “Todavia, o semeador, se quer ser imitador do amor de Deus, tem de semear por todo o lado. Só quem tem esta disponibilidade e generosidade é um verdadeiro semeador da alegria do Evangelho”. 

D. José lembrou aos padres que o ministério que receberam pela imposição das mãos não serve para uma simples administração dos bens sacramentais ou eclesiásticos. “Pelo contrário, tem de ser uma atitude permanente de missão evangelizadora”.

O prelado sublinhou ainda que não são os presbíteros que fazem o presbitério. É o presbitério que faz os presbíteros. “Estejamos atentos, sendo persistentes na nossa formação permanente e alegres no testemunho feliz do Evangelho da vocação, para que a função não anule o perfume da unção”, disse, deixando um de vários apelos.

 

Cultivar a amizade sacerdotal, que é um tesouro

“Caros Bruno, Rafael, Tiago e Vítor: a amizade sacerdotal é um grande tesouro. Sede irmãos e amigos uns dos outros e experimentai todos os dias a fraternidade sacramental no presbitério que se concretiza na relação pessoal com o Bispo, com os presbíteros, consagrados e leigos, na vida pastoral da Paróquia e da Unidade Pastoral, no Arciprestado, na catequese, na liturgia, na caridade e em tantos outros lugares da nossa Igreja arquidiocesana”.

Ainda a propósito da felicidade na evangelização, D. José Cordeiro perguntou mesmo se pode haver padres tristes.

E citou o jovem Frei Bernardo de Vasconcelos, patrono dos jovens da Arquidiocese de Braga para a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza em Portugal no início de agosto; e Santa Hildegard de Bingen, que perguntou para que serve uma vida sem alegria.

“Sede alegres e coerentes na vida e no ministério. Fazei da Igreja a casa da alegria e da esperança”.

Sobre a credibilidade, D. José salientou que a palavra tem que condizer com a vida. “Não suceda  dizer com as palavras e desdizer com a vida quotidiana”, alertou o prelado bracarense.

 

D. José pediu aos novos padres que evitem a arrogância e a intriga eclesiástica 

 Sob o olhar amoroso de Nossa Senhora do Sameiro, o Arcebispo de Braga ordenou ontem quatro novos sacerdotes, que foram nomeados para os arciprestados de Fafe, Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Barcelos e Terras de Bouro. O Bispo Auxiliar, muitos sacerdotes da Arquidiocese de Braga, familiares e amigos foram à Cripta do Sameiro testemunhar e apoiar os padres Bruno Lopes, Tiago da Costa, Rafael Gonçalves e Vítor Couto, a quem foi pedido que se livrem dos interesses mesquinhos, da vaidade e da arrogância, bem como da intriga eclesiástica.

O Arcebispo de Braga deixou ainda outros conselhos aos novos padres, não só no que diz respeito àquilo que devem cultivar a bem do seu ministério do serviço, mas também àquilo que devem evitar ou livrar-se. 

“Amai o povo que vos é confiado. Não vos deixeis levar pelo poder, pelo dinheiro, pela ganância e pela imagem. Livrai-vos dos interesses mesquinhos, da vaidade e da arrogância. Rezai a vossa vida e o vosso ministério em Cristo e na Eucaristia alimentai-a diariamente, e tende muito em conta o sacramento da Reconciliação, a direção e acompanhamento espiritual, a oração pessoal e comunitária, a Liturgia das Horas, a Lectio Divina e a piedade popular”, pediu D. José Cordeiro, um conselho que serve para os novos e antigos sacerdotes, ou seja, para todo o presbitério da Arquidiocese de Braga.

 

Evitar desgaste e intriga eclesiástica

O Arcebispo de Braga deixou ainda outros conselhos aos novos padres, que devem olhar sobretudo para o Evangelho.

“Vivei a vida boa do Evangelho e evitai o cansaço desnecessário, o desânimo, a intriga eclesiástica. Testemunhai a sobriedade de vida, a pobreza evangélica voluntária, o celibato gratuito, a obediência pastoral na escuta e na realização da santidade da Palavra de Deus. Acreditai na confiança e na comunhão! Sede homens da comunhão!», exortou.

 

Momento de envio e agradecimento 

O final da celebração da ordenação sacerdotal foi também ainda de agradecimento e de envio não só dos quatro novos padres como do casal de voluntários.

O padre Tiago da Costa foi escolhido para as palavras de agradecimento mas também de compromisso para com Deus, para com a Arquidiocese de Braga e a comunidade cristã.

Recordou que ao longo do percurso houve dúvidas e incertezas, até pela quantidade de notícias sobre abusos na Igreja Católica, incluindo em Portugal.

Ainda assim, a decisão  de continuar foi firme. 

No final, o casal de voluntários, Hugo Borges e Ana Margarida Gomes, de Cabeçudos, Famalicão, recebeu de D. José Cordeiro um livro da  Liturgia das Horas e uma cruz, que vão levar para a missão em Ocua, juntando-se ao padre Faria e Fátima Castro, que já lá estão em missão.

Aliás, D. José Cordeiro confessou-se «arrepiado» ao entregar a cruz e o livro ao casal, sobretudo ao lembrar a experiência que teve em Ocua, em novembro do ano passado.