Arquidiocese de Braga -

3 abril 2023

Trabalhadores Cristãos alertam que subida de preços está a criar mais pobreza e fome

Fotografia DM

DM - Jorge Oliveira

LOC/MTC de Braga fala em famílias a passar por “dificuldades graves”

\n

A Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) da Arquidiocese de Braga manifestou-se durante encontro no sábado, dia 1, “muito preocupada” com o impacto da subida dos preços das casas e da alimentação nas famílias portuguesas, alertando  que esta realidade está a criar mais pobreza e mais fome.

“O que está a acontecer é insuportável para os orçamentos das famílias. Quem tiver crédito à habitação para pagar, sobra muito pouco ou quase nada para os bens alimentares que também não param de subir e para outros custos fixos como a energia, o gás, as telecomunicações”, referiu Albano Cruz, no encontro de formação no Centro Pastoral e Cultural da Arquidiocese.

O coordenador diocesano da LOC/MTC alertou que há famílias a passar por “necessidades muitos graves» e que grande parte dos casais novos, sem o apoio dos pais ou outros familiares, não arriscam a constituir família, receando pelo futuro.

«Esta crise está a afetar muito os jovens. Os salários não acompanham a inflação e a juventude está a deixar de poder fazer a sua vida, realizar os seus sonhos, ter  trabalho digno, habitação, filhos. Na classe operária, continua-se a pagar o salário base, se não houver uma atualização salarial todos os anos conforme a inflação vamos  continuar a ter estes desequilíbrios”, reforçou.

A preocupação é partilhada pelo assistente diocesano da LOC/MTC, José Maria Carneiro Costa, segundo o qual a subida dos preços generalizada dos produtos e bens está mesmo a privar pessoas de aceder a um direito vital, que é a alimentação.

“As pessoas estão a cortar drasticamente nos alimentos. Estão a comprar muito menos e a cortar nas refeições. Esta subida dos preços dos produtos alimentares está a levar a muitos casos de fome”, disse José Maria Costa.

Este encontro de formação inseriu-se no plano de ação da LOC/MTC aprovado na última Assembleia Diocesana, realizado em outubro de 2022, e que tem como lema “Dignificar o trabalho, cuidar da Casa Comum”.

Os grupos participantes procuraram aprofundar o tema com base na encíclica do Papa Francisco “Laudato Si”, publicada em maio de 2015, que  trata do cuidado com o meio ambiente e com todas as pessoas, bem como de questões mais amplas da relação entre Deus, os seres humanos e a Terra, e utilizando o método de revisão de vida da LOC/  /MTC – Ver, Julgar e Agir –  para chegar aos vários ambientes sociais.

“Este cuidar começa na família, nas empresas, nas fábricas, nos escritórios, começa também pelo apoio para que os três T que o Papa defende e que nós comungamos – Teto, Trabalho e Terra – se cumpram, A questão da habitação, do trabalho, da alimentação que vem da terra nunca estiveram tão atuais”, referiu José Maria Carneiro Costa.

LOC/MTC pede atualização salarial para trabalhadores

O representante do Arcebispo Metropolita na LOC/MTC notou que, embora algumas empresas tenham atualizado os salários dos trabalhadores, é necessário que o patronato continue a assegurar “salário digno e justo” aos trabalhadores para que estes possam “viver com dignidade” e isso passa por “ter o necessário” para alimentação, estudo/educação e habitação (aquisição ou pagamento de renda).

Neste encontro foi também realçado o papel das escolas na sensibilização ambiental junto dos seus alunos, bem como a necessidade de outras entidades reforçarem também as suas ações de sensibilização para a questão da separação dos resíduos domésticos.

O assistente diocesano da LOC/MTC notou que as casa do lixo nos prédios são obrigatórias, mas verifica-se que há ainda quem não faça a separação dos resíduos.

O encontro contou com o contributo de Fátima Almeida, membro da LOC/MTC de Braga, que fez uma reflexão a partir do trabalho de grupos sobre o que é a Casa Comum (encíclica Laudato Si).

A oradora referiu que a ecologia integral não se prende  apenas a questão dos 3 R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), mas é também defender uma justa redistribuição da riqueza, por exemplo a riqueza do trabalho e dos bens naturais, numa Casa que “é de todos e para todos, sem excluir ninguém”.