Arquidiocese de Braga -

19 outubro 2022

Parolin afirma que a situação da prisão diz respeito a “todos” porque “o homem não é o seu pecado ou o seu crime”

Fotografia DR

DACS

Na introdução a um livro sobre as prisões, o secretário de Estado da Santa Sé convida os católicos a perguntarem-se o que fazem “para evitar” que os detidos se “afundem nas suas próprias misérias”.

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O que acontece nas prisões não deve interessar apenas aos detidos e aos seus familiares e amigos, mas é uma questão que envolve “todos nós” porque “o homem não é o seu pecado ou o seu crime”.

É o que afirma o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, na introdução do livro “Come è in cielo, cosa sia in terra” (Tanto no céu ,como na terra), recentemente publicado em italiano pela Editora Paulina.

“Todos somos guardiões dos nossos irmãos porque ninguém se salva sozinho”, diz o cardeal italiano, insistindo que a situação da prisão afeta “todos e não apenas aquela parte da sociedade, a pior, que alguns gostariam de trancar para sempre e deitar fora a chave”. Nas suas palavras de prólogo ao livro em que os jornalistas Agnese Pellegrini e Stefano Natoli dialogam com o padre Vittorio Trani, capelão veterano da prisão romana de Regina Coeli, Parolin considera que “era necessário” uma obra sobre as prisões “escrita e lida numa perspectiva cristã”.

 

A realidade “distorcida” dos presos

Os católicos devem ter em mente que quem comete um crime “fá-lo porque há uma realidade «distorcida» ao seu redor, que não deve ser esquecida. Frequentemente, os detidos vêm de situações de pobreza social, material, económica e espiritual. Isso não torna os seus crimes menos graves, mas tomar consciência disto deve fazer-nos perguntar a nós mesmos, especialmente nós, cristãos, sobre o que fizemos para evitar que aquele homem se afundasse nas suas próprias misérias”, escreve o “número dois” da hierarquia do Vaticano.

Em particular, pede aos fiéis que “sujem as mãos” para seguir o exemplo de Verónica e “lavem o rosto daquele homem ou mulher que subiu ao monte do seu próprio Calvário”.

Graças a “Come è in cielo, cosa sia in terra”, o leitor recebe uma série de “rostos e nomes, histórias e medos” que permite m“ver” os presos e contemplar os seus “erros e também a sua vontade de recomeçar, de voltar a ter esperança”.

Artigo de Darío Menor, publicado a 18 de outubro de 2022.