Arquidiocese de Braga -
7 outubro 2022
Francisco: “Não se chega a santo com cara triste”
DACS com Vida Nueva Digital
O Papa recebeu hoje os participantes na conferência “Santidade Hoje”.
Não é um mistério: o Papa Francisco reza, todos os dias, pela graça do sentido de humor. Disse-o (e recomendou-o) em várias ocasiões, e hoje fê-lo novamente durante o seu encontro com os participantes da conferência “Santidade hoje”, promovida pelo Dicastério para as Causas dos Santos, a quem lembrou que “não se chega a santo com uma cara triste, mas com o coração cheio de alegria”.
“Um santo triste é um triste santo”, recordou o Papa, defendendo que “saber aproveitar a vida com sentido de humor, aproveitar a parte da vida que faz rir, ilumina a alma”. Para Francisco, a santidade “não é um programa de esforços e renúncias, não é fazer uma «ginástica espiritual»”. Pelo contrário, é “a experiência de ser amado por Deus, de receber gratuitamente o seu amor, a sua misericórdia”.
“Este dom divino abre-nos à gratidão e permite-nos experimentar uma grande alegria, que não é a emoção de um momento ou um simples optimismo humano, mas a certeza de poder enfrentar tudo com a graça e a audácia que vêm de Deus”, observou.
“Sem esta alegria”, continuou o Pontífice, “a fé reduz-se a um exercício opressivo e triste”. E, de viver a vida com aquele “coração alegre e aberto à esperança” são exemplos “o novo Beato João Paulo I, que nos dá um exemplo desta santidade rica de bom humor, e o Beato Carlos Acutis, que é também modelo de alegria cristã para crianças e jovens”.
Os santos da porta ao lado
O Papa não se referiu apenas aos que chegaram aos altares, mas também, mais uma vez, aos “santos da porta ao lado”. Porque, como assinalou Francisco, “hoje é importante descobrir a santidade no povo santo de Deus: nos pais que criam os filhos com amor, nos homens e mulheres que realizam com dedicação o seu trabalho quotidiano, nas pessoas que sofrem de uma condição de doença, nos idosos que continuam a sorrir e oferecer sabedoria”.
“O testemunho de uma conduta cristã virtuosa, vivida hoje por tantos discípulos do Senhor, é para todos nós um convite a responder pessoalmente ao chamamento à santidade”, acrescentou.
Desta forma, Francisco recordou que “a santidade brota da vida concreta das comunidades cristãs”, de modo que os santos não vêm de um “mundo paralelo”, mas “são crentes que pertencem ao povo fiel de Deus e estão inseridos vida quotidiana composta pela família, estudo, trabalho, vida social, económica e política”. Em todos esses contextos, “o santo anda e trabalha sem medo ou impedimento, cumprindo a vontade de Deus em todas as circunstâncias”.
Por outro lado, o Papa alertou sobre os processos de verificação de santidade. “Nos nossos dias, o acesso correcto aos meios de comunicação pode favorecer o conhecimento da experiência evangélica de um candidato à beatificação ou canonização”.
No entanto, “no uso dos meios digitais, em particular das redes sociais, pode haver o risco de forçar e mistificar ditados por interesses menos nobres”.
Por isso, Francisco destacou que “é necessário um discernimento sábio e perspicaz de todos aqueles que se preocupam com a qualidade da reputação de santidade. Por outro lado, um elemento que comprova a fama sanctitatis ou a fama mártir é sempre a fama signorum. Quando os fiéis estão convencidos da santidade de um cristão, recorrem, ainda que massiva e apaixonadamente, à sua intercessão celestial; o cumprimento da oração de Deus representa uma confirmação desta convicção”.
Artigo de Elena Magariños, publicado em Vida Nueva Digital a 6 de Outubro de 2022.
Partilhar