Arquidiocese de Braga -
1 setembro 2022
Encontro entre Papa e Patriarca Kirill desmarcado
DACS com CNS
O patriarca ortodoxo russo de Moscovo, Kirill, cancelou a deslocação ao Cazaquistão em Setembro para o 7º Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais.
O patriarca ortodoxo russo Kirill, que se esperava encontrar-se com o Papa Francisco no Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais em Setembro no Cazaquistão, não vai estar presente no encontro inter-religioso, segundo a Igreja Ortodoxa Russa.
O bispo metropolitano Anton Sevryuk, de Volokolamsk, chefe das relações externas na Igreja Ortodoxa Russa, confirmou à agência de notícias russa Ria Novosti que o patriarca não vai estar presente no encontro entre 13 e 15 de Setembro na capital cazaque de Nur-Sultan.
No entanto, o metropolita Anton, que se encontrou com o Papa no Vaticano a 5 de Agosto, afirmou que ainda havia esperança de um encontro entre o Papa e o Patriarca e que um eventual encontro entre os dois “deve ser um evento independente por virtudo da sua importância.”
O Papa Francisco tem mantido a intenção de se encontrar com o Patriarca há meses, tendo afirmado numa entrevista em Julho que planeava encontrar-se com o Kirill durante a ida ao Cazaquistão.
O apoio público do Patriarca Kirill à guerra do presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia, particularmente com a justificação da guerra como defesa contra a imoralidade ocidental, causou rupturas no interior da Igreja Ortodoxa Russa e causou tensões nas relações com a Igreja Católica.
O Papa encontrou-se com o patriarca russo pela última vez através do Zoom, em Março. A 3 de Maio, Francisco dirigiu uma mensagem a Kirill, afirmando que “não somos clérigos do Estado, não podemos usar a linguagem da política, mas de Jesus”.
Os comentários do Papa Francisco de que “o Patriarca não se pode tornar no acólito de Putin“ provocaram críticas do Patriarcado de Moscovo.
É a segunda vez que um encontro pessoal entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill é cancelado. Os dois estiveram para se encontrar em Jerusalém em Junho. No entanto, nessa altura, a equipa diplomática do Vaticano entendia que um encontro podia causar confusão.
O cardeal Kurt Koch, presidente do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que tem sido franco na sua crítica ao apoio do Patriarca Kirill à guerra na Ucrânica, disse então que estava grato pelo proposto encontro em Jerusalém ter sido cancelado, acrescentando que um encontro enquanto “estão a acontecer actos de guerra” seria “exposto a sérios mal-entendidos.”
A primeira edição do Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais, que procura promover o diálogo entre as religiões, foi realizada na capital – conhecida como Astana até 2019 – em 2003, tomando como modelo o Dia de Oração pela Paz convocado em Assis por São João Paulo II.
A Santa Sé afirma que partilha com a República do Cazaquistão a confiança na cultura do diálogo “inclusivo e global”, visto como um dos valores fundamentais do mundo actual e uma condição para a “continuação da coexistência pacífica diante dos desafios contemporâneos”.
Apenas cerca de 1% da população do país da Europa de Leste e Ásia Central é católica.
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