Arquidiocese de Braga -
13 julho 2022
Fundo francês começa a indemnizar vítimas de abusos sexuais na Igreja
DACS com The Tablet
Os nomes das seis vítimas e os valores envolvidos não foram tornados públicos, o que fez com que alguns criticassem o processo como secreto. Mas a acção rápida reflectiu a visão dos bispos de que o assunto não podia mais ser minimizado.
As primeiras seis vítimas de abuso sexual na Igreja francesa já foram indemnizadas por um fundo especial que os bispos criaram depois do pioneiro relatório Sauvé, que em Outubro passado estimou o número total de casos de abusos desde 1950 em 330 mil.
Uma comissão independente sobre os abusos na Igreja, montada depois do relatório para verificar acusações em nome do fundo, disse no mês de Junho que 736 pessoas lhe tinham relatado os seus casos, e que mais pagamentos se seguiriam.
Os primeiros pagamentos “mostram o compromisso rápido do nosso fundo aos ficheiros que lhe são transmitidos, mesmo se estamos conscientes que as vítimas têm estado à espera há 20 ou 30 anos”, disse um funcionário do chamado Fundo Selam ao La Croix.
Os nomes das seis vítimas e os valores envolvidos não foram tornados públicos, o que fez com que alguns criticassem o processo como secreto. Mas a acção rápida reflectiu a visão dos bispos de que o assunto não podia mais ser minimizado.
As dioceses já começaram a assinalar propriedade para venda, com o propósito de angariar dinheiro para o fundo chamado Selam, um acrónimo que significa “Solidariedade e a Luta contra Abusos Sexuais a Menores”.
As indemnizações serão entre os 5 mil e os 60 mil euros, dependendo da gravidade do caso. A comissão que verifica as queixas de abuso afirmou no mês passado que os pedidos de indemnização eram muito variados, com apenas pouco mais de metade a pedir dinheiro.
O Fundo Selam já acumulou 20 milhões de euros em contribuições da conferência episcopal, das dioceses e de doadores individuais. Aparte das indemnizações, também decidiu ajudar a financiar duas iniciativas contra abusos sexuais.
Uma é um curso universitário, “Abuso e Cuidado”, que começa no Institut Catholique de Paris este Outono, para reforçar a luta contra o abuso na Igreja. O outro tem o objectivo de sensibilizar líderes de capelanias e movimentos jovens.
O relatório Sauvé, lançado pela Igreja depois de anos de subestimar o problema, chocou a França com a sua estimativa de 330 mil casos de abuso desde 1950, dois terços deles cometidos por padres.
Alguns críticos têm denunciado a metodologia do relatório, mas a conferência episcopal aceitou as conclusões e a necessidade de agir decisivamente.
Como disse recentemente o presidente da conferência episcopal, o arcebispo Éric de Moulins-Beaufort, “a Igreja espera restaurar a confiança e humildemente recuperar credibilidade real… Através deste trabalho de verdade, doloroso e necessário, e das fortes medidas que tomou”.
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